Quero saber a opinião de vcs usineiros sobre este texto,ptrincipalmente daqueles que vão votar no Pt,Clóvis Luz da Silva,Ressurgindo das cinzas????PT: O ESTADO DE RENÚNCIA por Tom Zé. “Chega de esquerdas autocomplacentes, que não discutem os verdadeiros problemas e se contentam com a confortável posição de arremessadores de pedras na direção de todos os pontos cardeais, como crianças-quebra-vidraça”. Como mulher da sociedade, estou autorizado a divulgar o verdadeiro projeto e intenção do PT. Luiz Inácio Lula da Silva está determinado, planeja, luta com toda a sua sabedoria política, sua manha de velha e sábia raposa, invoca seus aliados, empenha a história de tantos anos do PT. Tudo faz e fará para não se eleger presidente da República. Isso mesmo. Trabalha para não se eleger. É uma disposição clara, evidente e transparente em todos os atos, passos e contrapassos dessa campanha-fantasma. Toda a direção do PT está de acordo com Lula, embora, naturalmente, não troquem e nunca tenham trocado uma só palavra sobre este plano secreto: nem ele nem nenhum membro do PT deve se eleger presidente da República. O sonho dessa sinecura é continuar sendo a vespa no lombo do boi, o moscardo que bota Io pra correr. Ou seja, a clássica oposição preguiçosa. Essa postura de “oposição”, de livre-atirador, é gostosa, confortável. Enquanto força e engenho tiverem, não permitirão que nenhum Suplicy ou Genoino ou Mercadante, nenhum elegível se candidate, para não correr o risco de ser eleito. RENÚNCIA PRÉVIA O PT nunca se preparou para responder seriamente a qualquer questão importante que o Brasil e o mundo enfrentem ou venham a enfrentar nos tempos atuais. Quando acontece uma crise, um pequeno gargalo histórico, uma dessas refregas que a sanha da economia inventa para seu próprio deleite, passamos pelo vexame de ver o nosso principal partido de esquerda, nossa esperança política, nossa reserva de ética, não emitir nenhuma opinião congruente sobre o assunto. Ficamos atordoados, com impressão de que o PT nunca estudou o problema, que a direção do partido não vive neste país nem neste planeta, e prefere uma saborosa posição de gozar com a miséria das massas e repetir chavões anquilosados, falando em “incompetência dos governantes” e outros refrões que, haja saco. Ora, eu espero um pouco mais. Francamente, com o meu voto eu espero um pouco mais. Sonho que o PT, essa parte da sociedade na qual ainda há uma preocupação com a justiça social, se mostre mais preparada, munida de estudos, trabalhos, observações adequadas. Que nos forneça argumentos para discussão e teses pelas quais lutar. “Ah, não temos economistas nem financistas suficientes para isso no PT.” Ora, se Mercadante e outros confiáveis têm tarefas que lhes consomem cada segundo da vida, contratem, com o dinheiro do povo – não acredito que o PT encontre em outra fonte os proventos para seu sustento –, os melhores financistas, economistas e estrategistas possíveis. Não preciso lhes informar que, como nossas irmãs prostitutas, esses especialistas trabalham para quem lhes paga. Assim, a função dos técnicos e intelectuais do próprio partido seria manter essa “legião estrangeira” sob vigilância, pressão e desconfiança (como, aliás, eles trabalham em todo lugar). Nosso voto merece isso. Não quero saber que “o governo está errado”. Quero mais. Quero saber o que é certo. E o PT pode me suprir com essa munição, esse alimento. Como mulher da sociedade – o artista o é —, quero saber. Como mulher da sociedade, já que cultivo e permito em mim a presença dessa gravidez, eu quero saber. Como mulher da sociedade – já que em minha práxis a intuição feminina é meu falo ritual e é tão valorizada quanto a racionalidade, o cartesianismo e a animalidade —, eu quero saber. Lula, José Dirceu, vocês tiveram coragem e força nos anos da ditadura. Eu lhes sou grato, a nação também. Mas não podemos lhes oferecer, hoje, como prêmio, esta sinecura ditatorial que vocês, como velhas comadres aposentadas, estão exercendo, me oprimindo e oprimindo nossa esperança. Chega de esquerdas autocomplacentes, que não discutem os verdadeiros problemas e se contentam com a confortável posição de arremessadores de pedras na direção de todos os pontos cardeais, como crianças-quebra-vidraça. REGÊNCIA TRINA – OU DITADURA TRINA Encerrado o autoritarismo militar, estamos sob o jugo e comando de uma ditadura trina: 1. a ditadura dos bancos; 2. a ditadura financeira; 3. a globarbarização. 1. Sobre os bancos, ah, o PT precisa se pronunciar e agir para derrotar também a ditadura dos bancos. Já houve tempo em que banco pagava juros para ter o nosso dinheiro. Agora, cobra. Empurra pela nossa goela cartões de crédito, seguros, taxas de tudo quanto é natureza, chamados por seus porta-vozes de “produtos”!!! Os vendedores desses tais “produtos” nos ameaçam por telefone pelo menos uma vez por mês. Com a mesma verborrologia daqueles tais “coronéis do Exército” que, no regime militar, nos telefonavam para vender terrenos ou pedir colaborações para associações do tipo “Polícia e Cultura”. 2. A financeira: que acontecerá quando estourar a próxima crise, já planejada nos porões da contravenção econômica? Todo o mundo sabe que financistas lucram e enriquecem com essas crises. Aliás, eles as planejam ciclicamente. É só o tempo de esfriar uma para lançarem a seguinte. Um golpe na Bovespa, na Bovispa e na Bovospa rende-lhes milhões e milhões da noite para o dia. É o caso de dizer: “As crises econômicas são necessárias.” “Revigoram o mercado.” “Movimentam riquezas.” É claro que sempre à custa do pequeno e pobre investidor. Se eu estou sabendo que isso vai acontecer, por que é que o PT não sabe? 3.Globarbarização. Essa epidemia, também chamada de globalização, império da mentira e da farsa, merece atenção mais acurada. O PT pode manter um grupo de estudos competente, que produza um fluxo constante de informações, como numa guerra de guerrilha, para a população desfrutar também, ao menos, uma análise tecnicamente sofisticada. Do porte daquela que a sanha da bandidagem, assentada às mesas das decisões estatais, internacionais ou dos lobbies de empresas, possuem, desfrutam e praticam. Estamos cansados de saber que neste exato momento esse pessoal está planejando crises ficcionais, falsos vendavais e furacões-de-controle-remoto. E nós, PT? Vamos ficar nessa oposição senil? Candidate-se, candidato! Na historicidade política não se conhece um caso de “renúncia vazia” como esta do PT. Seria interessante ler, antes de cada reunião do partido, o verbete daquele velho militante, professor Paulo Freire, batizado pelo autor, “hospedar o opressor”, pois o Estado de renúncia a que estamos submetidos no PT é uma ditadura da inelegibilidade. Mais que tudo, e finalmente, eu quero um candidato que não tenha temor febril diante da faixa presidencial. E queira eleger-se. Tom Zé é músico.
