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Artigos-->ESTAMOS EM GUERRA, SIM -- 22/06/2002 - 11:27 (Maurilio Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A despeito de todas as ocorrências policiais que inundam o cotidiano do povo carioca, custa às autoridades reconhecerem o estado de guerra urbana vigente no Rio de Janeiro. Reconhecer que estamos em "guerra", significa assumir a inépcia de toda uma política de segurança pública, que não consegue dar ao cidadão o mínimo de segurança e tranquilidade. A semelhança dos fatos ocorridos em diversos bairros do Rio de Janeiro, em muito se assemelha a aquelas cenas vividas em Beirute ou Kosovo com o agravante de que lá, a luta era por um ideal bem definido entre as partes beligerantes. Derramava-se o sangue com a convicção de que se estava defendendo a pátria amada.



Estamos em guerra, sim, e o pior : estamos perdendo essa guerra. Nosso povo está sitiado entre facções, comandos e bondes do mal que circulam por toda a cidade, impondo a lei do terror. A polícia se defende como pode, pois fica difícil combater marginais, armados com equipamentos de última geração, tais como fuzis AR-15, HKs, granadas, bazucas e até lança-mísseis. As investidas aos morros e redutos obedecem sempre ao mesmo ritual: as autoridades avisam que os morrros serão ocupados, os bandidos cientes da operação, fazem uma retirada estratégica, regressando logo após o término da ação policial, retomando o tráfico normal de drogas. Na época da ação conjunta com as forças armadas, os jornais chegaram a anunciar a programação de invasão aos morros do Rio, tipo, na segunda invadiremos o Morro da Juramento, na terça o da Mangueira...e assim foi feito. O resultado foi tão decepcionante que nem mais se cogita em outra ação dessas.



Os prejuízos à imagem de nosso país são irreparáveis. Estamos sendo equiparados ao lugares mais violentos do mundo, onde a vida humana tem valor desprezível . Pacotes turísticos vêm sendo cancelados ou desviados para outas regiões ou países com melhor qualidade e respeito à vida humana.Essa guerra suja, não declarada, está bem viva e gravada nas paredes das casas e dos prédios da outrora Cidade Maravilhosa, crivadas de balas de todos os calibres, na população enjaulada dentro de seus lares ou deitadas nos corredores para não serem fuziladas enquanto assistem TV ou dormem, após um dia de trabalho.



O cantor e maestro americano, "Barry White", não sei a mando de quem , certa vez compôs e gravou uma música em homenagem ao Rio de Janeiro, tipo da música sobre encomenda, por nome "Rio de Janeiro". Num de seus trechos, a música dizia: " É tão excitante não ver problema algum por onde se anda no Rio de janeiro". Onde será que levaram o "Barry" quando o mesmo esteve aqui?... ou será que não esteve?



Como carioca, apaixonado pela minha cidade, sou obrigado a me rebelar contra essa hipocrisia vigente, que é não reconhecer que o Rio está agonizante, refém, dominado por um "poder paralelo", que está asfixiando a nossa sociedade , feito um garrote que vem se apertando a cada dia na garganta de nosso povo, que clama por socorro, urgentíssimo. Certo dia ,ao cair da tarde, fui abordado em pleno centro do Rio, por um casal ,de alemães,bem jovem,máquina fotográfica a tira-colo, que queria saber como tomar o bondinho para Santa Tereza. Devido ao adiantado da hora, desaconselhei tal visita, temendo pelo pior. O casal ainda insistiu mas consegui convencê-los a desistir do passeio, que poderia ser feito no outro dia , bem mais cedo, com mais segurança. Como eles retornariam à Alemanha no outro dia, pela manhã, ficaram muito tristes em não conhecer aquele pedaço do Rio, que tanto lhes interessava, entretanto, só Deus sabe o que lhes estaria reservado, naquele dia, se tivessem subido a tão lindo local, ao cair da noite. Fiquei triste também, mas com uma sensação de ter prestado uma boa ação.



O problema da segurança no Rio de Janeiro, não pode ser tratado como aquela sujeira que pode ser colocada em baixo do tapete , para que a visita não veja. A situação atual é o reflexo do descaso praticado nas últimas décadas pelos órgãos e governantes que só se preocuparam com os temas que lhes interessaram e suas próprias causas , que na maioria das vezes, não são as ansiadas pelo povo. Chegamos a um estágio insuportável , onde somente um tratamento de choque, estilo "tolerância zero" poderá minorar a situação. O problema é bastante complexo pois envolve mesmo a segurança nacional e institucional, sériamente ameaçadas pelas alianças entre os narcotraficantes internacionais com os líderes do tráfico interno. A postura do avestruz, que muitos insistem em adotar, só serve para agravar a situação e propiciar o aumento da escalada de violência a que está submetida a nossa indefesa população.

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