Portar alguma deficiência não é demérito algum. Convivemos todo tempo com pessoas que portam deficiências e podemos notar que muitas vezes elas nos superam em muito. Não importa o órgão temos testemunhos dignos e assombrosos. Aqui, uma pessoa que não possui mãos consegue pintar com os pés ou com a boca. Também já presenciamos via televisão deficientes sem mãos e até sem braços que conseguem com o esforço próprio e da família superar obstáculos, para eles, bem difíceis e nem por isto desanimam. Vale dizer que existem cegos que conseguem produzir, serem pessoas ativas, sem lamentar o não poder ver.
Como também se dá ao contrário, pessoas sãs mas que por uma deficiência interna não conseguem conviver com a realidade, fantasiando, deturpando, ferindo a si próprio e ao outro.
Falo das deficiências do íntimo, da alma. Podem ser de personalidade ou de caráter, não importa. Importante é saber o dano provocado por estas pessoas no convívio diário, dano este que nem eles percebem que infligem.
O espectro é grande. Temos surdos de personalidade, que deturpam tudo o que ouvem. Sempre tendem a entender negativo, o que resulta em comportamento compatível com o conduto auditivo já , por si só, deficiente. Também temos os cegos de percepção que diferente do cego cuja a deficiência é imposta, não consegue discernir o que vê, alterando a realidade mais eficientemente do que qualquer alucinógeno. Temos os paraplégicos de coração (Ah, as vezes esta deficiência é acompanhada de surdez “cardíaca e unilateral”) e que por causa da ‘disfunção’ não conseguem sentir de forma correta. As vezes, nem conseguem amar. O órgão lesado bate em compasso próprio o qual não se coaduna com o compasso de ninguém.
As deficiências deste tipo são muito mais danosas do que quaisquer outras. Como são subjetivas, não podem ser vistas a olho nu. Geralmente são sentidas quando o indivíduo interage, convive. Infelizmente , para estas deficiências não existe remédio farmacológico nem fisioterapia que dê jeito. Algumas pessoas ainda tem a percepção que algo esta errado e tentam compensar intuitivamente. Estas ainda tem jeito. Pior são aquelas que não notam e acham que a deficiência está no outro. É desastroso. Geralmente o efeito disto se nota a partir de uma solidão constante. Muitas vezes, depressão. Não é um quadro bonito. Estes deficientes acabam, por defesa, construindo um muro entre eles e os outros. Se colocam atrás deste muro, ou defesa, e de lá procuram viver. Pena. O escudo que eles próprios levantam, para não se ferirem, também é o responsável pela solidão que provocam. Pelo afastamento paulatino e não perceptível (por se dar bem devagar, bem sutil) o qual , por sua vez, acarreta tristeza e muitas vezes doenças autoimunes.
Dizem que a alergia é a doença clínica do século. Antes esta especialidade não existia, e o clínico geral tratava também deste distúrbio. Agora já existe a especialidade tal é a freqüência das alergias. Somos alérgicos a muita coisa, principalmente aquilo que nem pensávamos que éramos. Já foi comprovado que a alergia que afeta a respiração (asma, bronquite alérgica e/ou asmática, rinite) está, não raro, ligada a perdas emocionais. Perdas que não conseguimos superar muitas vezes abrem oportunidade para o desenvolvimento deste tipo de distúrbio. Da mesma forma que pessoas tensas e sempre sob stress podem desenvolver úlceras, cefaléias e problemas dermatológicos. As causas propulsoras de aparecimento podem variar, mas o aparecimento das doenças deste tipo estará ligado a uma perda emocional, com certeza, que pode ser circunstancial ou de raiz, mas o processo e o efeito serão os mesmos.
Todos sabemos que viver não é fácil. É difícil, é tarefa árdua. Temos um corpo, uma vida, uma mente. Todos possuímos os mesmos bens, mas o que fazemos com eles....é outra estória, que fica para uma outra vez.