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Artigos-->A FANTASIA DE GOËTHE E A CORRECÇÃO DOS COSTUMES -- 15/06/2002 - 09:08 (Daniel Cristal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O DIABO DO MEFISTÓFELES

Personagem do Fausto de Wolfgang Goëhe



Também podia ser uma diaba. Um belzebu, uma diabinha, o demóino, uma diabrete. Vender a alma ao diabo em troca da juventude e de bens terrenos, depois da aposta entre mafarrico e Deus, e no fim o Fausto regenerar-se pela acção, é assunto de fantasia e danação. Mais do diabo ou da diaba do que de Fausto.

Coitada da Margarida, que no meio desta refrega morre ingloriamente. Para sua salvação, e castigo e desespero do Fausto. Só com uma grande imaginação, se pode conceber a verosimilhança em grande parte desta peça teatral. Mas ao trabalhar a Arte tudo é possível.

Considerada uma paça fantástica, Goethe, não se fica só pela fantasia, também entra na crítica dos costumes do seu tempo (séc.VXIII), usos esses que ainda perduram. No romance epistolar Werther, é curioso como este narrador fala do príncipe que lhe recusou o pedido de ir para a guerra esgrimir inimigos, ele diz: « O príncipe é amador e seria um pouco artista, se estivesse menos engodado pelo palavreado científico. Às vezes ranjo os dentes com impaciência e cólera quando me entusiasmo a fazer-lhe sentir a natureza e elevá-lo à arte, e que ele crê fazer-se sábio espetando sem nenhum propósito na conversa um termo científico.» Realmente o que Werther quer dizer é que “presunção e água benta, cada um toma a que quer”. Falta dizer e a que pode, porque não pode extravasar as suas limitações! Essa atitude de empregar termos científicos, aforismos e citações, não é de agora nem é original; é secular, endémica, está estatuído.



A reforma dos costumes, tanto pode ser feita com artigos lineares, como irónicos, como satíricos. A comédia e a farsa são os géneros mais eficazes para a correcção e emenda dos costumes. Efectivamente, as pessoas gostam de rir dos defeitos dos outros e só no fim é que se dão conta que eles são comuns às pessoas do seu tempo. Molière foi dos dramaturgos que mais contribuiu para testar este género e não saiu dele, pela eficiência encontrada, aceite e glorificada. A sua divisa ficou para a posteridade: Castigat ridendo mores. Rindo, corrigem-se os costumes.



Avançando um pouco mais, podemos penetrar em conceitos a necessitar de serem revistos em seus aspectos morais. Assim, a indolência considerada, hoje, como tolerância democrática, é, na nossa opinião, muito igual à demissão. É por nos demitirmos que a orientação das forças sociais mais jovens perdeu o rumo certo, e a sociedade tem regredido para valores debilitados preocupantes. A tolerância devia ser debatida e definida com parâmetros teóricos e até exemplos práticos, ela não quer dizer tolerar tudo o que directamente não nos afecta, porém significa também recusar recusar, proibir, castigar, e estender num futuro próximo a outra mão, logo após estar corrigido o defeito.



Rodeando esta temática, podemos citar também Fernando Pessoa que diz que fingir é amar. E explica porquê. Porque é entrar no jogo dos outros, no fundo as nossas dores, são tão pessoais que são indescritíveis, temos que utilizar a linguagem de que dispomos e a expressão da nossa dor não é traduzível - os signos que conhecemos não traduzem a dor que sentimos. Por isso, por amarmos os outros é que utilizamos a sua linguagem. Expandido conceitos próximos, de certo modo associados num dos termos da premissa, diria mais, diria então que mentir pode ser amar em muitas circunstâncias, cuja expressão da verdade poderia ser fatal para a pessoa que amamos. Ou mais ainda, castigar pode ser uma acção necessária e imprescindível de exercer o verbo amar.



Daniel Cristal



Copyright do autor



(Editado em Maio de 2002, no Website: Lusofonia - Yahoo Grupos)



Se tiver tempo disponível e disposição para se entreter actualize-se pela leitura de ficção poética e romanesca, e visite o site:

www://planeta.clix.pt/armando.figueiredo

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