LULA COMO ABRAHAM LINCOLN?
Admite o eminente educador e professor da UNICAMP - Rubens Alves um paralelo entre Abraham Lincoln e Luís Inácio Lula da Silva, num texto publicado, não sei em que órgão, com o título “Um matuto, pobre e quase analfabeto, pode ser presidente? A que ponto chegamos?” O ilustre mestre refere-se àquele presidente americano, assassinado a 14 de abril de 1865, que, nascido e criado pobre, cortando lenha com o pai nas florestas do Kentucky, chegou à Presidência dos Estados Unidos. Está implícita, nessa exposição do professor Rubens Alves, a sua interrogação: Por quê Lula também não pode ser presidente do Brasil?
Lincoln, como Lula, experimentou as agruras da vida. A sua casa era uma simples cabana, sem porta nem janelas, sem piso definido e toscos móveis compunham o ambiente da morada. Lula, por mais modesto que fosse o lar em que viveu, não nasceu num leito de estacas, coberto de folhas para suavizar o contado do seu corpo. E o grande presidente viveu assim, como um selvagem, nos seus sete primeiros anos de vida. Mesmo mudando-se para Indiana, como o pai assim determinou, a nova casa não oferecia melhores condições. À noite, com os familiares, protegia-se acocorando-se sobre folhagens e cobrindo-se com peles de urso. Conheceu a miséria. Lula, inegavelmente, também.
Com conhecimentos rudimentares, Abraham Lincoln preparou-se para ser um autoditada. Além de ter aprendido a ler a Bíblia, passava horas lendo outros livros como as Fábulas do Esopo, Robinson Crusoé, que pertenciam à sua madrasta, e foram levados por ela para a cabana, quando casou com o seu pai. Conhecendo outras pessoas, logo se dedicou a leituras mais sérias como Leis Corrigidas de Indiana, Declaração da Independência, Constituição dos Estados Unidos, a Vida de Washington, Lições Scott. Este último lhe permitiu tomar conhecimento dos discursos de Cícero e Demóstenes como certos diálogos de Shakespeare, que era o seu autor predileto.
Leu os Comentários Sobre o Direito, de Blackstone, que muito influíram na sua formação de advogado. Estudou a Gramática de Kirkham. Tinha, além de tudo isso, o hábito de ler a Decadência e Queda do Império Romano, de Gibbons; a História Antiga, de Rollin; a Idade da Razão, de Paine; além das biografias de Thomas Jefferson, Henry Calay e Daniel Webster.
Lula e Lincoln podem até ser comparados, como quis mostrar o professor da UNICAMP, no que respeita à modesta infância e adolescência por que passaram. Mas ao candidato do Partido do Trabalhadores falta a riqueza de conhecimentos adquiridos nos cinqüenta e seis anos vividos pelo lenhador do Kentucky – ABRAHAM LINCOLN.
Paulo Góes – 10 / 06 / 2002
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