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Artigos-->ACABOU O DIÁRIO POPULAR DE PELOTAS, 133 ANOS DE HISTÓRIA -- 16/06/2024 - 15:54 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

ACABOU O DIÁRIO POPULAR DE PELOTAS, 133 ANOS DE HISTÓRIA



 



L. C. Vinholes



16.06.2024



Nunca sabemos quando o dia vai começar com uma notícia desagradável. E foi isto que certamente aconteceu na manhã de 14 de junho deste ano, para quem, de uma forma ou de outra, teve relação com o jornal Diário Popular de Pelotas.



Na última sexta-feira, como sempre fiz, liguei o computador para ler as notícias e os artigos do principal jornal da minha terra e o que encontrei, para meu espanto e tristeza, foi o aviso datado de 14/06/2024 18:58 dizendo: “Edição de terça-feira, 11 de junho de 2024|Diário Popular Última edição|”.



Em um lapso de tempo, passou pela minha mente uma retrospectiva das minhas relações com o jornal não mais existente. Fui foquinha, esporádico auxiliar de jornalista, colaborador até ganhar espaço em colunas específicas nas quais publiquei minhas poesias e meus artigos, especialmente na coluna Música, registrando e comentando os eventos ocorridos na cidade. Como não tinha máquina de escrever própria, usava a que estivesse disponível. Embora de alguns não lembre o nome todo, recordei pessoas que nele foram importantes e que me deram indispensável apoio. Recordo Francisco Dias da Costa Vidal, contemporâneo do Colégio Gonzaga, como eu avicultor amador, engenheiro agrônomo, psicólogo, psicanalista e educador, Franco Vila ou Quinóte dos assuntos regionais; Carlos Alberto Motta, cronista, ator e figurinista que costumava usar o pseudônimo Ivy; Ubirajara Timm, exemplo de civilidade e companheirismo, conhecedor da pesca e da aquicultura, cooperativista; Clayr Lobo Rochefort jornalista, redator-chefe do Diário Popular que, em 28 de agosto de 2008, assinou o artigo com o qual muito me senti honrado: “Vinholes abre caminho para estabelecer entre Pelotas e Suzu elos de fraternal amizade”; o erudito professor Alvacyr Collares; o jornalista Michelarena, cujo único defeito era devorar cigarros e, depois de muitos outros, mas sem esquecer a ninguém, nem mesmo o responsável pela página social e pela crítica de música e arte, que usava o pseudônimo Sol, a quem tive o prazer de entregar o timão de meu barco nos primeiros anos de contato com as lides da imprensa, como registra meu artigo de agosto de 2008, publicado no site www.usiadeletras.com.br.



Não esquecendo que o objeto primeiro deste artigo é o fechamento do Diário Popular de Pelotas, permito imaginar – se isto for possível -, o que estariam pensando aqueles que lembrei acima quando tomaram conhecimento do que aconteceu com o jornal que foi, durante anos, o denominador comum do dia a dia de todos eles?



Lendo a Carta à Comunidade: Um Adeus e Um Obrigado do Diário Popular e Pelotas, que dona Virgínia Fetter, diretora-superintendente, endereçou aos funcionários da empresa, aos jornalistas, aos leitores e aos de sua família, sente-se e compartilha-se da tristeza e da dor de quem toma a decisão final, em momento de situações e obstáculos intransponíveis.



Por tratar-se do mais importante jornal da Zona Sul do Rio Grande do Sul, com uma história de 133 anos que começou em 27 de agosto de 1890, pretendendo colaborar na divulgação do seu histórico texto, com a devida vênia, tomo a liberdade de reproduzi-lo nos parágrafos seguintes.



 



Virgínia Fetter, Diretora-Superintendente do Diário Popular de Pelotas.



 



Carta à Comunidade:



Um Adeus e um Obrigado do



Diário Popular de Pelotas



 



É com um misto de tristeza e gratidão que anunciamos o encerramento das atividades do Diário Popular de Pelotas, um pilar do jornalismo da Região Sul por mais de um século. Após 133 anos de dedicação à nossa comunidade, enfrentamos uma decisão difícil que marca o fim de uma era e deixa um vazio profundo.



O Diário Popular não é apenas um jornal; sempre soubemos da responsabilidade de ser a voz da nossa região. Nos últimos anos, investimos todos os nossos esforços para mantê-lo vivo. Desafiando as adversidades de um mercado cada vez mais minado pelas redes sociais. Enfrentamos tempos difíceis o que têm afetado muitos jornais em todo o mundo.



Apesar dos nossos esforços incansáveis, a realidade financeira se tornou insustentável desde 2019, para compensar a queda dramática da receita, decidimos complementar as despesas com nossos recursos particulares, inclusive abrindo mão do nosso pró-labore, até os dias de hoje. A pandemia de 2020 agravou ainda mais a situação, mas continuamos lutando por nossos leitores.



Esta não é uma lamentação, mas uma prestação de contas para que todos entendam a situação atual. Fizemos o que fizemos porque nossa comunidade merecia. A lealdade e gratidão são vias de mão dupla. Queremos ser transparentes com todos que valorizaram a manutenção do terceiro jornal mais antigo do país, compartilhando este momento difícil com aqueles que sempre nos prestigiaram. Pelotas e a Região Sul sempre se orgulharam de preservar suas tradições e instituições, e o Diário Popular foi uma delas.



Reconhecemos que a concorrência das redes sociais é avassaladora e, muitas vezes, não-comprometida com a veracidade dos fatos. Mesmo assim, também investimos em tecnologia, criando um site, Instagram, Youtube, Facebook, Tweitter e uma versão digital a pedido dos nossos leitores, buscando levar para estas plataformas a qualidade do jornal impresso.



O jornal impresso é um documento valioso e caro. Além disso, enfrentamos desafios ambientais complexos, com as crises climáticas no RS. Nossa intenção sempre foi oferecer à nossa comunidade, acesso à informação confiável, cultura e entretenimento, tratando da realidade de maneira honesta. Mantivemos os custos das assinaturas acessíveis, entendendo as dificuldades financeira de todos. No entanto, na nossa região, a publicidade é escassa e não conseguimos competir com as necessidades básicas das famílias.



Quero expressar meu profundo agradecimento a cada um de vocês. Sei o quanto todos trabalharam e fizeram sacrifícios para manter nosso jornal vivo. A lealdade e o comprometimento que demonstraram diariamente foram inspiradores.



Agradeço aos jornalistas que, com paixão, elaboraram diariamente este produto de altíssimo valor intelectual. Sua dedicação e trabalho incansável foram fundamentais.



Agradeço aos meus filhos, que não mediram esforços para garantir, durante anos, o nosso lado, o emprego dos funcionários do Diário Popular.



 



Este jornal que foi testemunha de inúmeros fatos históricos e parte integrante da rotina de muitas famílias. A sua ausência será sentida profundamente por todos que acompanhavam suas páginas.



Esta foi uma história de amor, com muitos personagens principais ao longo das décadas. Nossa existência foi uma roda constante em movimento, mudando de geração em geração. Ceder nosso espaço às novas tecnologias é um exercício de aceitação que nosso tempo é finito.



Nossa grande esperança é que todos saibam apreciar os registros da história do Brasil e do mundo eternizados nas nossas páginas desde de 27 de agosto de 1890. Aos nossos jornalistas, desejamos um futuro brilhante, carregando consigo a visão ampla do papel que desempenhamos na vida das pessoas.



Nosso orgulho é imenso por termos feito parte da vida dos gaúchos da zona sul. Agradecemos a todos os leitores, colaboradores e parceiros que fizeram parte dessa jornada memorável.



Pelotas sem o Diário Popular



 



Como voz da comunidade pelotense, a dinâmica e atenta prefeita Paula Schild Mascarenhas, chefa do Poder Executivo de Pelotas, manifestou-se sobre o jornal que era “a nossa voz” e era também uma instituição”.



 



“Hoje é uma data triste para Pelotas. Um dos nossos patrimônios fechou as portas. O jornal mais antigo do Estado, um dos mais antigos do país, deixa de circular depois de 133 anos. O Diário Popular faz parte da vida da gente, é nossa referência, seja para os que criticam ou para os que o amam. Não consigo imaginar minhas manhãs sem ele, minha jornada política sem ele, com suas críticas ferrenhas e, ás vezes, seus elogios. Mas mais difícil é imaginar Pelotas sem o Diário Popular. Era um jornal, mas era também uma instituição. Era um patrimônio. Era a nossa voz. Que pena”.



 



O novo Espeto de José Ricardo Castro



Igualmente abalado como todos o foram, o jornalista responsável pela página Espeto – minha mais recente e, agora, última ligação com o Dário Popular -, mostra no seu desabafo que a tarde de terça-feira, dia 13, não foi apenas “difícil e dolorosa” como declara em seu longo desabafo, mas, talvez e com esperança, um momento de renovação, de vida nova, de novas conquistas, com compromissos novos. Dá a entender que sabe como começar e o que vai fazer para não desapontar ao seu público e continuar a atender aos seus leitores, utilizando ferramentas novas. Dá minha parte, espero firmeza e aguardo com certa ansiedade a promessa de um novo canal pelo qual eu possa merecer a ser chamado, carinhosamente, de “correspondente para assuntos nipônicos”. Prazerosamente, atendendo ao P. S. do pé do texto por José Ricardo Castro, jornalista irrequieto e corajoso, reproduzo a mensagem que divulgou:



 



“Leitores do Espeto – a tarde de terça-feira foi difícil e dolorosa aos sermos comunicados, pela direção do Diário Popular. Sobre a decisão de encerramento de duas atividades. A manhã de quarta, da mesma forma, com o trabalho feito na terça, com a edição impressa, o que não se concretizou. Agradeço, emocionado, os contatos feitos, quer pessoais, quer por ligações, quer por mensagens. Alivia, sem dúvida, o sentimento de perda e de mágoa. Reitero: agradeço mesmo. Espeto sai do ar por alguns poucos dias. O incentivo dos familiares, de colegas, amigos e dos leitores, nos faz informar que, feitas adequações necessárias, o Espeto voltará, inicialmente, com o “Site do Espeto”, depois com um ou dois Podcasts diários, com o Instagram. Por etapas e com os pés no chão. Aos leitores, fontes, perdigueiros de plantão, representantes oculto em reuniões, apoiadores, críticos e patrocinadores, o pedido para que este positivo vínculo, seja mantido. Tão logo seja possível, informaremos o novo e-mail, sem a vinculação com o DP, para envio de mensagens. Obrigado, vez, pela solidariedade neste momento e até breve, logo ali adiante. JRC



P.S.: esta mensagem pode ser replicada entre seus contatos”.



 



 



 



 



 



 



 


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