| O Poeta e o Cachorro Renato Ferraz   O Poeta costumava ler em voz alta, o que escrevia. Tinha como fiel ouvinte seu cachorro. Às vezes quando se empolgava mais, dirigia-se diretamente ao companheiro. Fazia-lhe perguntas, divagava etc. Começou a desconfiar de que o cão lhe respondia. Certa vez, ao provocar-lhe, confirmou, o cão realmente dialogava com ele. --Ó indecifrável coração, já não lhe basta  a sua natureza de ser de difícil compreensão? Olhou para o cão e de novo perguntou? --Qual a razão para esse descompasso,  se é o mesmo sangue que nos faz estar vivos? O cachorrinho olhou-o nos olhos e balbuciou: --Pois é, que coisa estranha, faça como eu, coração, obedeça ao seu dono. O poeta e o companheiro  passaram a interagir com mais frequência. A tal ponto que se alguém os visse assim,  acharia estranho o seu comportamento. Segundo ele, claro que ninguém acreditava, chegou a ser ajudado, fez modificações,  mudou títulos etc. ouvindo a opinião do seu cão! Tão forte era a ligação que a presença do cão passou a ser indispensável em qualquer evento.           |