MATOU A COBRA E MOSTROU O PAU
João Ferreira
11 de agosto de 2022
É muito rica a lista de expressões populares, ditados, provérbios e gírias que se tornaram sínteses para definir pontos importantes da moral de costumes, do pensamento pragmático, da filosofia prática e da sabedoria.
Por serem sínteses e símbolos da inteligência popular, vale a pena dar-lhes atenção e tentar compreendê-las na sua benéfica significação. Na sessão de hoje, resolvemos fazer rápido comentário sobre a gíria bem conhecida que leva o título de “matou a cobra e mostrou o pau”.
Quais os significados mais diretos que poderíamos deduzir desta gíria popular?
Em primeiro lugar, achamos que é um recado para pessoas físicas e administradores públicos de que o discurso, eleitoral ou não, só tem valor quando é acompanhado de realizações, da ação correspondente.
Em sua significação profunda, esta gíria serve para acordar a consciência de uma autoridade, de um Presidente de município, de um governador de Estado, de um Presidente da República, de um Reitor de Universidade ou de um treinador de futebol, ou de qualquer outra autoridade, na medida em que lhe anuncia simbolicamente que não adianta discursar muito, falar muito, dizer ou prometer muito sem ser prático, sem mostrar pela ação que sua palavra tem valor, que é “uma palavra de honra”.
Significa, por outras palavras, que programar é bom e que fazer é melhor ainda. Que prometer deve ser completado pela eficiência. Que o gestor público deve mostrar, a par de suas palavras de autoridade, uma real objetividade. Que ao afirmar que é um administrador, deve mostrar os fatos que mostram sua habilidade administrativa através de ações que provam que não está mentindo.
Quando ouvimos o relato sobre alguém que “matou a cobra e mostrou o pau” seremos levados a crer que esse alguém não apenas “disse” mas “realizou” o que disse, comprovando e mostrando com sua ação a verdade de sua promessa.
"Mostrar o pau" significa apresentar o instrumento da execução.
É um recado popular que nos diz que palavras podem ser perigosas se ficarem sozinhas, isoladas, sem ações anunciadas. Palavras, quando sozinhas, podem ser levadas pelo vento. Importa, por isso, associar às palavras a prova, o fato, a base da eficiência, a ação.
Falar é um direito. É um ato de comunicação. Bom é quando alguém associa seu direito de falar e sua comunicação ao anúncio de um programa, ou seja, a algo concreto que realizou, e que está bem à vista de todos.
João Ferreira
11 de agosto de 2022
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