
Hoje
foi um dia inusitado. Eli e Osmar, Clayton, Bruna, Ana Lívia e eu, reservamos o
dia para um passeio pela Ceilândia. Fui convidado porque sou nativo daquela
cidade. Levei-os para conhecer além da feira do rolo, a feira onde eu tinha uma
banca em que vendia mocotó e pinga com raiz. Passeamos pelo Sol Nascente,
mostrei-lhes o serviço social da Fundação Bradesco, contei a história do padre
que não quis receber o meu primeiro salário, como pagamento de promessa.
Visitamos o setor O e o P. Expliquei as pistas que dividem a cidade em
norte-sul. O ponto alto foi o almoço na Feira Permanente ao lado da caixa
d‘água. No cardápio havia mocotó, costela cozida com cheiro verde, sarapatel,
farofa de carne assada, e, claro, uma cerveja gelada para rebater a secura.
Finalizamos
o tour com um delicioso café na mamãe.
Foi
um agradável passeio pelo meu passado. Aquelas histórias são minhas, só eu sei contá-las,
só eu sei o cheiro e o gosto de viver na maior favela horizontal das américas,
como era conhecida até há pouco tempo.
Foi
ali onde comprei meu primeiro carro, onde nasceu minha primeira filha, onde
conheci o amor. Onde ralei as juntas defendo o gol do Poeirão Futebol Clube.
Quer
conhecer uma pessoa? Conheça seus amigos, sua família, suas histórias. Usamos
máscaras para nos defender das armadilhas da sociedade, mas as histórias não
podem ser mascaradas, os amigos só se firmam se tivermos os braços abertos e
boas histórias para saborearmos.
Família,
ah, essa nos conhece mais que nós mesmos. Cuidado quando apresentar seus amigos
à sua família porque eles podem ficar sabendo daquilo que você mascara. Pelo
mesmo motivo, cuidado em não os apresentar.
Não
leve seus amigos apenas na agenda do telefone. Mostrar as fotos deles para seus
parentes não os aproxima. A piada do amigo engraçado enviada pelo celular,
ainda que exibida para a família não tem o mesmo peso que ouvida pessoalmente
na sua casa. Até a gargalhada é diferente. Sai com tanta sustança que contagia
todos na sala, muito melhor que aquela coisinha insossa do zap zap.
Não fui só para falar, também ouvi-os contarem
suas aventuranças desde Mato Grosso do Sul, passando por Bahia e chegando ao
Rio Grande do Norte. Se você quiser gargalhar com as histórias dos amigos saia
do zap zap e saia com eles.
Além
de boas risadas, o que foi dito ficará só com vocês, em suas memórias, sem o
risco de serem raqueados. Como canta Milton Nascimento
...”Há que se cuidar
da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade...”
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