CAOS COMPLETO
Marcos Coimbra
O Brasil atravessa um dos períodos mais difíceis de sua existência como Nação. A corrupção é um tsunami ilimitado. Os três poderes encontram-se desacreditados. E as consequências são as já esperadas. Vale tudo. Os corruptos são presos por decisão de primeira instância e soltos em grau superior, independentemente do grau de lesão à sociedade brasileira.
É inadmissível que magistrados decidam sobre processos em que deveriam declarar seu impedimento, em franco descumprimento da legislação vigente. O exemplo dado é um claro sinalizador para todos os cidadãos. A recente decisão de membros do Supremo Tribunal Federal (STF) ao mandar libertar o Sr. José Dirceu, bem como as anteriores, em relação aos Srs. Bumlai, Genu e Eike representam um tapa na cara do cidadão honesto.
Até o goleiro Bruno foi inicialmente solto em decisão monocrática, reformada em boa hora pela primeira turma do Supremo, devido ao clamor público. Agora, agentes penitenciários invadem o ministério da Justiça, reivindicando sua retirada do regime geral proposto pelo Executivo. Querem passar para o regime especial. Aliás, todo mundo quer que os demais paguem a conta da corrupção, da criminosa concessão de subsídios, isenções e da não cobrança da dívida existente por organizações de porte como JBS, Banco do Brasil, CEF etc. Não os próprios. Já é uma excrescência os privilégios concedidos ao andar de cima, imunes a qualquer reforma prejudicial aos seus interesses corporativos. E cada vez aumenta mais a composição da categoria dos príncipes. Até o limite máximo do teto constitucional é flexibilizado pelo Supremo.
De acordo com a decisão, o cálculo do teto vale para cada salário isoladamente, e não sobre a soma das remunerações. Na prática, estes servidores poderão ganhar mais que R$ 33,7 mil, valor dos salários dos próprios ministros do Supremo, valor máximo para pagamento de salário a servidores públicos. A decisão da Corte também terá impacto no Judiciário e no Ministério Público, porque muitos juízes e promotores também são professores em universidades públicas, inclusive, alguns ministros do STF. Enquanto isto mais de 60% dos aposentados no Brasil recebem menos de dois salários mínimos (SM). Quanto a pensionistas é melhor nem falar. E a tendência, caso a reforma da previdência proposta em sua forma ortodoxa seja aprovada, é todo mundo receber pouco mais de um SM, apesar de contribuir para obtenção de valores mais elevados. Isto caso consiga trabalhar formalmente durante o tempo exigido.
No Rio de Janeiro, estamos vivendo uma situação de guerrilha urbana. Os acontecimentos do dia 02 de maio demonstram claramente aquilo que qualquer pessoa com o mínimo de discernimento já sabia. As ações ocorridas no dia 28 de abril já sinalizavam o cenário existente, com a clara indicação de seu agravamento. Naquele dia eram grupos de vândalos em ação coordenada, depredando próprios públicos e particulares, impedindo o direito de ir e vir da população, intimidando o cidadão comum e ocasionando vultosos prejuízos, a serem pagos pelo contribuinte, ao final do processo.
O crescimento do poder dos agentes do narcotráfico, agora bem organizados, possuidores de armamento sofisticado, apoiados por uma mídia permissiva, com a cobertura de “comissões de direitos humanos” protetoras destas agressões, alicerçadas em uma crescente tentativa de imobilização das forças de segurança através de medidas diretas e indiretas, configuram o caos profundo existente na antiga cidade maravilhosa. Era o que faltava para a constatação do predomínio da barbárie. Não temos mais segurança sequer para caminhar nas ruas.
Não há mais governo, nem autoridade. O descumprimento por parte das “autoridades” estaduais e municipais da satisfação das necessidades coletivas do povo é um escândalo. A brava Polícia Militar do Rio de Janeiro, apesar das adversidades, da falta de apoio e de comando eficaz e da insuficiência de meios (combustível, armas modernas, munição etc.) revela-se uma tropa de alto rendimento. Sua atuação é digna de todos os elogios. Fazem o impossível, sem que obtenham um mínimo de reconhecimento por grande parte da população anestesiada pela vil campanha empreendida por mal intencionados. Imaginem se eles resolvessem entrar em greve como a do Espírito Santo.
Para o Brasil, a esperança é apenas em Deus. Para o Rio, uma intervenção federal urgente, mas só sob o comando de um oficial general.
Economista Marcos Coimbra, Professor,
Assessor Especial da Presidência da ADESG,
Membro do Conselho Diretor do CEBRES,
Acadêmico fundador da Academia Brasileira de Defesa e
Autor do livro Brasil Soberano.
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