Não sei... não posso falar muito sobre minha experiência de fé, porque esta é muito tênue, frágil, sou atrapalhado até para acreditar em milagres. Mas pra não dizer que não falei de Deus, observei as flores. Flores que revelam seu esplendor, brilho e cores maravilhosas em meio a um jardim cuidado com carinho. Ali, elas sorriem. Porém, flores também abrem-se e esforçam-se para mostrar a sua beleza mesmo quando suas raízes estão sufocadas no meio do lixo. É o sorriso de dor, o mesmo que algumas pessoas conseguem sorrir num cenário de guerra depois de receber uma bala no peito, ou numa UTI de um hospital olhando para a mangueirinha de soro atrelada ao seu braço sabendo que ali pode estar a sua última refeição.
Às vezes, parece que as plantas "gostam" de exibir suas flores para os seres humanos. Mas é claro que elas também florescem bem longe de nossos olhares abobalhados, nas matas e campos selvagens, por exemplo, onde revelam seu brilho para os outros seres selvagens, atraindo especialmente seus colegas insetos e pássaros; afinal, podemos dizer que foi para eles, para conquistá-los como polinizadores, que elas evoluíram e tornaram-se tão belas, ao longo de milhões e milhões de anos.
No entanto, uma planta também floresce sozinha, no meio de um deserto, longe de qualquer outro ser vivo. Para quem ela está se exibindo? A ciência dirá que ela não tem opção, que este é o seu mecanismo de sobrevivência e que ela não sabe que está sozinha. Mas eu sei de algo que os cientistas não consideraram: todos os seres vivos têm esperança. Alguns têm fé! E alguns têm esperança, fé e amor.
As plantas que fazem questão de florescer no lixo ou no deserto são mestres nesta trilogia. Estou tentando aprender com elas, sorrindo nos jardins e nos lixões ... Quando me formar, poderei responder se Deus existe, com os devidos argumentos. Por enquanto, só posso imaginar que aquela planta solitária no deserto não está se exibindo para as pedras sem vida, mas está sorrindo para alguém que pode vê-la o tempo todo, que gosta de sentir a sua esperança, e que aprova sua força de vontade.
Como eu sei que ela floresceu no deserto? Eu a vi. Até gostaria de acreditar que ela estava me esperando, que florescera sabendo que eu a encontraria, mas um pouco de modéstia ainda me mantém lúcido. Além disso, a flor que eu procuro é um sorriso num rosto feminino que às vezes aparece... em meus sonhos. Enquanto isso, também sorrio, na esperança de ser visto pelo Criador. E de encontrar e tocar a referida flor.
