A volta do ET está sendo aguardada com muita expectativa. Afinal, dizem, serão 20 minutos a mais em relação ao filme anterior, com uma trilha sonora aperfeiçoada e com efeitos especiais novos, fruto do avanço da computação gráfica nessas últimas décadas.
Há 20 anos, o ET precisou de uma parafernália estranha para “telefonar” para casa. Hoje, com a privatização das telecomunicações, é só apanhar o celular preso à cintura...
O ET voltou, sim, de verdade. Mas não no cinema. Isso é mutretagem americana para embolsar dinheiro fácil. E desinformação de FHC, propalada a todo o País. O ET já está no meio de nós há tempos. Como “Arc, o marciano”, o ET conhece muito bem nosso planeta. Gostou tanto do Brasil que até quer ser Presidente de nosso País. O ET é ninguém menos que José Serra.
Você já reparou nos grandes olhos arregalados de Serra? Não é o ET adulto, 20 anos mais velho? Você não tem um sentimento de comiseração quando o vê na televisão? Não? Então você é um sujeito vil, insensível, miserável. Com aquele olhar esbugalhado, fazendo bicos, bocas e bochechas quando fala, igualzinho àquela criaturinha de Spielberg, qualquer um se afoga em lágrimas ao vê-lo explicando que a dengue não é um problema federal, mas municipal, no máximo estadual...
O problema é que o ET que pede nosso voto pertence ao partido dos tucanos. E tucano, todos sabem, é carnívoro. Não? Então deixa eu contar uma estória.
No sítio de meu pai (falecido ano passado, que Deus o tenha), em Santa Catarina, durante minha infância, não havia joão-de-barro. Anos depois, começaram a aparecer esses pássaros, que costumam fabricar suas casas redondas de barro em postes de luz e em árvores. Todos já haviam se acostumado com a gritaria desses pássaros marrons, especialmente pela manhã, até que eles começaram a rarear e praticamente desapareceram nos últimos anos.
Perguntei a meu pai o que havia acontecido. Ele disse que antigamente havia tucanos na região. Por ser um animal exótico e bonito, era perseguido por caçadores e chegou a sumir, permitindo a aparição do joão-de-barro. Convém acrescentar que, com a diminuição de plantações na roça, por conta dos filhos dos colonos “fujões”, que arranjaram emprego na cidade para fugir da enxada (como eu e todos meus irmãos), tudo praticamente virou mato. Além do joão-de-barro, começaram a aparecer muitos outros pássaros na região, como o sabiá-da-praia e a urucaca. Há umas três ou quatro décadas, todos os guris da colônia tinham seu bodoque para abater qualquer tipo de pássaro, até canário e beija-flor – que Deus perdoe a todos nós! Hoje, há uma consciência ecológica entre a garotada e o IBAMA não dá moleza, não permite o comércio de pássaros, nem o trânsito de gaiolas e alçapões. A colônia, hoje, é um viveiro formidável de quero-quero, sabiá-da-mata, sabiá-laranjeira, sabiá-da-praia, beija-flor, inambu, saracura, jacu, tico-tico, gralha, anum, azulão, tesourinha, pomba-rola, andorinha, canário, coleirinha, corruíra, gavião, trinca-ferro, chupim, garrancho, pica-pau, pomba-do-mato, bem-te-vi, vira-bosta, caga-sebo – um imenso zoológico a céu aberto. E tem até tucano, como foi dito.
Assim, concluiu meu pai, sem a perseguição contra a passarada, até os tucanos voltaram à região nos últimos tempos. O joão-de-barro, porém, sumiu. É que o tucano é uma ave carnívora. Com seu longo bico, apanha ovos e filhotes de pássaros até nos ninhos mais protegidos. O joão-de-barro, que era raro, desapareceu de vez.
Se tucano já é um bicho danado, carnívoro, que não tem dó nem piedade dos mais fracos, que dirá se ele se alia a uma outra ave exótica, o araponga, para fazer ainda mais estrago na roça? A andorinha Roseana que o diga, flagrada com mais de 1 milhão de “pila” em seu ninho...
A campanha presidencial deste ano promete. O sapo-barbudo do PT poderá ser devorado por um ninho de saúvas do messetê. O ET, depois de a tucanada bicar e quase estraçalhar a andorinha, já começa a sentir bicadas por todo lado, tendo que explicar como 4,5 milhões de reais foram parar na conta de Ricardo Sérgio, seu “PC Farias” para a campanha ao Senado, em 1998.
Até outubro, a “revolução dos bichos” na Terra de Macunaíma promete muitas atrações ainda. Muito mais do que aquele bichinho de Spielberg nos cinemas...