Início de ano letivo. Quem tem filhos na escola, começa a maratona de pesquisa de preços para a compra de material escolar, livros e apostilas.
Os livros, como sabemos, são caros, mesmo os didáticos – principalmente, talvez, porque precisamos comprá-los. Então, em alguma época de um passado não muito distante, alguém descobriu a apostila: ela reuniria toda a matéria a ser estudada, de várias disciplinas em um único volume, para baratear o preço final para o aluno.
A finalidade da idéia era fazer com que o estudante, ao invés de comprar vários livros, tivesse as suas necessidades supridas com a apostila. Infelizmente, o propósito inicial desvirtuou-se, porque a apostila tornou-se popular e prática e - ironia do destino - acabou transformando-se no pesadelo de pais e alunos. Sim, porque apesar de ser feita com material “condensado” de outros livros, está saindo muito cara e nem sempre tem bom conteúdo.
Uma apostila de um conhecido curso, para segundo grau, adotada por várias escolas, reunindo todas as disciplinas correspondentes à série estudada, mas dividida em volumes por bimestre, está custando de quarenta e cinco a cinqüenta e cinqüenta e cinco reais cada uma. Se fizermos as contas, os livros que seriam comprados no lugar das apostilas poderiam, até, sair por menos.
E isso sem contar que não há um crédito, sequer, nas ditas apostilas, uma bibliografia que indique de onde foram “condensados” os textos publicados ali. Quer dizer: o conteúdo pode ter sido copiado aqui e acolá e é publicado sem pagar direitos autorais a ninguém.
Não é uma “indústria” de lucro fácil? É, realmente, muito fácil catar conteúdo – eu diria “chupar” – em várias fontes e publicar, simplesmente, sem dar nenhum crédito a quem quer que seja. Mas é ilegal. Isso é plágio, é roubo. É pirataria.
Onde estariam as autoridades competentes que ainda não viram isso? O propósito da famigerada apostila, que era facilitar ao aluno a aquisição do material didático para estudar, diluiu-se na ganância de cursos e editoras que o transformaram numa maneira fácil de ganhar dinheiro.
O Ministério da Educação está gastando 67 milhões e meio de reais na compra de livros das grandes editoras brasileiras para que os estudantes de quarta e quinta séries montem bibliotecas em suas escolas. Ótimo, excelente, pois isso vai disponibilizar boa literatura brasileira e portuguesa nas escolas para formar o hábito da leitura. Talvez pudesse, também, fiscalizar ou normatizar as “apostilas” que proliferam por aí para que pais e alunos não sejam roubados.
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