Escrevo agora, sobre um acidente em especial, do sujeito que atropelou um ciclista à caminho do trabalho, arrancou seu braço e o jogou no canal.
Não tenho a menor intenção de minimizar o acontecimento, muito pelo contrário. Acho que o infrator deve pagar por cada atitude impensada,
por cada delito cometido.
Pensando a esse repeito, depois de tantas publicações nos meios de comunicação, e redes sociais, pensei além do físico, onde nossa fragilidade é total.
Além de nossas pernas e braços, caminhamos na vida, com nossas fragilidades emocionais.
Maior que qualquer faca, revolver, carros, ônibus, caminhões ou acidentes outros, temos em nós mesmos o maior assassino de todos,
nossa língua, e tudo aquilo que podemos proferir através das nossas intenções.
Somos capazes de declarar amor num dia e odiar ou desprezar no outro.
Somos capazes de uma palavra amiga num dia, e simplesmente ridicularizar o problema ou sentimento do outro.
Vivemos a vida a fazer laboratório das emoções alheias.
Brincamos com a verdade, achando que é mentirinha.
Seria muito bom, se tudo que falássemos durante o dia, e todas as nossas atitudes, fossem reprisadas durante a noite, durante o sono, pra que pudéssemos mensurar nossas palavras, e saber o quanto é dolorido aos outros aquilo que falamos, as palavras com que magoamos.
Certamente sentiríamos uma grande tristeza revendo cada cena, cada coração entristecido por nossas atitudes e palavras.
Certamente dói muito mais o que escutamos do que as palavras que falamos, por esse motivo, escuta-las, certamente nos faria pensar um pouco mais sobre as mutilações diárias que causamos nos outros, a quem chamamos de irmãos, a quem, com hipocrisia, dizemos amar.
Cuidemos para que não nos tornemos assassinos de sentimentos alheios.
Não deixe passar pela boca a faca afiada que pode ferir.