AS CONSEQUÊNCIAS DE UM MONOPÓLIO
ALTAMENTE LESIVO AO PAÍS
Preço do combustível pode aumentar até 15% em 2013
21/11/2012-06h00
NATUZA NERY - DE BRASÍLIA e DENISE LUNA - DO RIO para A FOLHA DE SÃO PAULO
Correndo o risco de interromper investimentos e obras, executivos da Petrobras já falam da necessidade de dois aumentos para a gasolina e o diesel no ano que vem, segundo assessores da presidente Dilma Rousseff.
Nos planos da estatal, a dúvida seria se o aumento viria em fevereiro e de uma vez só -- de cerca de 12% a 15%-- ou se seria dividido em dois, um em fevereiro e outro em agosto, de 5% a 6%. A possibilidade de haver um aumento no ano que vem e outro em 2014 é descartada por conta das eleições. Futuros reajustes serão necessariamente repassados aos consumidores com impacto sobre a inflação, uma vez que a CIDE, contribuição paga pelo setor, já foi zerada para evitar repasses de aumentos anteriores. O mais recente aumento da gasolina aconteceu em junho, de 7,83%. O preço do diesel sofreu ajuste de 3,94%. O reajuste da gasolina não foi repassado ao consumidor.
INVESTIMENTO
Os preços dos combustíveis estão defasados em cerca de 25% em relação ao mercado internacional (um absurdo quando se sabe que o galão -- 3,6 litros -- da gasolina regular na Califórnia -- onde o combustível é mais caro nos EUA -- custa, 5,22 dólares, ou seja, 1,45 dólares o litro, ou ainda 3,19 REAIS, o que significa que o combustível no Brasil praticamente não apresenta defasagem nenhuma com o mercado americano onde a gasolina é a mais barata entre os países desenvolvidos) segundo analistas, o que, aliado à queda de produção da companhia, compromete os elevados investimentos, dizem fontes ouvidas pela Folha (entre os quais está incluída a avalanche de dinheiro que se esvai pelos ralos da corrupção governamental).
Nos bastidores, fala-se até na hipótese de a empresa ser rebaixada pelas agências de classificação de risco caso o aumento não se concretize. Com previsão de investir US$ 236,5 bilhões até 2016, além de deter 30% de todos os blocos do pré-sal que serão licitados no ano que vem, a companhia terá que se endividar muito para dar conta de tantos compromissos.
Para evitar eventual queda pelas agências de 'rating', a estatal terá que cortar investimentos em projetos que não começaram ou que estão no início, como as refinarias do Nordeste, o que contraria os planos do governo. Um corte na nota pode elevar os custos de captar dinheiro. A presidente Graça Foster colocou, em junho, 147 projetos em avaliação, no valor de US$ 27,8 bilhões, sendo metade na área de refino.
PERIGO
Um dado concreto preocupa a cúpula da Petrobras: a relação entre endividamento líquido da estatal e o EBTIDA (indicador que mede a capacidade de geração de caixa), que está perto do quociente 2,5 - -patamar considerado confortável, mas limite. Se essa razão chegar a 3, a luz de perigo começará a piscar.
Neste ano, a companhia captou US$ 18 bilhões e continua abaixo da meta máxima de alavancagem (relação entre rentabilidade e endividamento), de 35%. Segundo o balanço do terceiro trimestre, a alavancagem em setembro era de 29%. Segundo executivos ouvidos pela Folha, na hipótese do reajuste zero, a companhia não chegaria a perder seu 'grau de investimento global', pois nenhum investidor duvidaria da capacidade de uma instituição desse porte deixar de honrar seus compromissos. Procurada, a assessoria de imprensa da estatal disse que não comentaria o assunto.
_x0000_t75" />
004000" size="2">Francisco Vianna