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CIBERGUERRA: INTERNET É PALCO DE NOVAS AMEAÇAS E BATALHAS
25 de julho de 2012 • 07h29
'O ciberespaço é visto como um quinto domínio onde batalhas podem ocorrer', diz Suffert
CELSO CALHEIROS
As ameaças de ataques cibernéticos, que podem ser desferidos de diferentes e
distantes fronteiras, são um perigo real que já preocupa grandes empresas, instituições
militares, usuários e governos. No Brasil, por exemplo, foi criado o Centro de Guerra
Cibernética (CDCIBER), sob o comando do Exército. Sua primeira grande missão
ocorreu no mês passado, durante o evento Rio+20, destacou o o especialista Sandro
Suffert, fundador da Apura CyberSecurity Intelligence, em entrevista ao Terra. 'O
ciberespaço é hoje visto como um quinto domínio onde batalhas podem ocorrer, além
da terra, mar, ar e do espaço', afirmou.
A partir do próximo ano, o Brasil será novamente cenário para grandes acontecimentos,
como a Copa das Confederações, a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas do Rio
(2016). 'Nestas ocasiões, agentes interessados em chamar atenção podem se
aproveitar para a divulgação da sua mensagem ou ideologia', antevê Suffert. Um grupo
extremista, mesmo do outro lado do planeta, pode mirar no Brasil durante as
Olimpíadas, em hipótese, e atrair a cobertura da mídia para sua causa. Isso ocorreu
antes, em tempos analógicos, e pode ocorrer novamente, em sua versão cibernética.
A cyberwar (na versão inglesa do termo) começou discreta, desde 2006, em uma
iniciativa do governo norte-americano de George Bush. Ganhou ares de conflito ao ser
aplicada em alguns embates entre a Rússia e a Estônia (2007) e, depois, Rússia e
Georgia (2008). Tomou nova dimensão com a identificação do Stuxnet, um sistema
malicioso, inteligente, criado com a sofisticada missão de fazer água no programa
iraniano de enriquecimento de urânio, rememorou o especialista. Suffert dedica-se à TI
há 20 anos, sendo que há 15 fechou o foco em segurança da informação, resposta a
incidentes e computação forense.
A ciberespionagem é tão ativa que faz parte da preocupação de todas as grandes
empresas, governamentais, privadas, financeiras ou de outro setor. Essa disseminação
de furtos eletrônicos, ataques a ideias alheias e mesmo chantagem teve uma resposta
das forças de segurança. A Polícia Federal, contou Suffert, tem agentes preparados,
investigadores atentos a esse tipo de delito. 'A limitação ocorre, às vezes, na
dificuldade que as forças da lei encontram em enquadrar alguns crimes não previstos
no código penal', contou. Suffert ofereceu mais detalhes. 'Em outros casos, como
pornografia infantil, estelionato e chantagem, a atuação é contínua e tem mostrado
melhorias nos últimos anos'.
Privacidade
Os agentes da lei e da segurança na rede, de uma forma geral, têm uma posição
contrária à possibilidade de a navegação na internet não ser rastreável. A proibição do
rastreamento do usuário é bandeira desfraldada por setores defensores da
privacidade,e os policiais argumentam que esse instrumento dificultará a identificação
de redes de pedofilia, traficantes de drogas e outros grupos de ameaça. 'A privacidade
é fundamental mas é importante que haja a guarda de informações que sejam capazes
de identificar usuários', argumentou Suffert. 'Os rastros são dados preponderantes para
que se seja possível identificar a autoria de crimes sérios', afirmou.
Ao se tomar conhecimento dessas informações, as trocas de arquivos, emails e
conexões se tornaram arriscadas. É possível se cercar de segurança, mas algumas
regras devem ser observadas. Suffert recomendou como leitura obrigatória a cartilha
disponível no site do Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de
Segurança no Brasil. Estão ali informações básica, para aqueles que até então tinham
uma relação, digamos, promíscua na internet, e dados mais sofisticados, para quem
trabalha em uma grande empresa e não quer sair na foto como 'aquele que abriu a
porta para o ladrão'.
Ameaças virtuais, cyberwar, cyberwarface, ciberespionagem e outros assuntos de uma
área rica e em evolução fazem parte dos temas que Sandro Suffert mantém em seu
blog sobre cibersegurança. E que também estarão na palestra que o especialista vai dar
na Campus Party Recife, que será realizada de 26 a 30 de julho. A apresentação de
Suffert ocorrerá no sábado, 28, às 16h45, no Cenário Pitágoras.
A Campus Party é um evento que reúne interessados em tecnologia, inovação,
entretenimento, curiosos e adeptos da cultura digital. A primeira edição ocorreu em
1997, na Espanha. Desde 2008, começou a ser replicada em outros pontos do globo,
como São Paulo, Berlim e Cidade do México. A apresentação de Sandro Suffert é parte
das 200 horas de conteúdo programados para cinco dias de evento.
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