O Estado de S. Paulo
25/7/2012
DIRCEU REMEMORA GUERRILHA EM LIVRO
Ele é autor de prefácio de obra sobre a repressão na ditadura que sai no sábado
Roldão Arruda
A poucos dias do julgamento do mensalão, seu principal personagem, o dirigente
petista José Dirceu, volta à cena com um breve relato sobre o tempo em que militava
no Movimento de Libertação Popular (Molipo) - organização de esquerda criada no
início da década de 1970, com o objetivo de espalhar focos guerrilheiros na zona
rural, derrubar o regime militar e instalar o socialismo no Brasil.
Trata-se do prefácio do livro biográfico As Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz.
Escrito pelo jornalista Renato Dias, relata a história da militante política que, como
Dirceu, foi líder estudantil, aproximou-se das organizações que defendiam a
resistência armada e integrou o Molipo.
Os dois conviveram em Cuba, onde o movimento surgiu. Ela foi morta numa operação
do Exército, em Goiás, em 1971, e faz parte da lista dos desaparecidos políticos do
País.
Dirceu foi um dos poucos dirigentes do Molipo que sobreviveram. 'Quase todos os
meus companheiros caíram, assassinados pela repressão, entre 1971 e 1972',
escreve ele no prefácio de quatro páginas do livro que será lançado no sábado, em
São Paulo, no Memorial da Resistência. 'Assistíamos às quedas de nossos
companheiros, assassinados na tortura ou friamente, muito dos quais até hoje
desaparecidos políticos.'
O ex-ministro-chefe da Casa Civil reivindica o esclarecimento dos casos dos
desaparecidos. 'É imprescindível o resgate da memória daqueles que deram o único
bem que tinham, a vida, pela liberdade e pela democracia', diz. 'Espero que a justiça
e a verdade venham à luz do dia, com a instalação da Comissão que leva exatamente
o nome de Justiça e Verdade ' (o nome exato, segundo o decreto de Dilma Rousseff,
é Comissão Nacional da Verdade).
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