Valor Online
11/7/2012
ACORDO COM BOEING REFORÇA POSIÇÃO DA EMBRAER NOS EUA
Por Virgínia Silveira Para o Valor, de São José dos Campos
O acordo assinado ontem pela Embraer e a Boeing reforçará a posição da fabricante
brasileira na concorrência de fornecimento de 20 aviões de treinamento avançado e
ataque leve para a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), segundo especialistas
do setor de defesa ouvidos ontem pelo Valor. Procurada, a Embraer não comentou o
assunto.
Da mesma forma, segundo estes especialistas, a parceria anunciada pelas duas
empresas há cerca de duas semanas, no projeto do cargueiro KC-390, também
auxiliará a Embraer a superar alguns desafios tecnológicos que vem surgindo em
relação ao programa de desenvolvimento da nova aeronave.
Para a Boeing, de acordo com especialistas, o novo acordo com a Embraer melhora a
posição do avião americano F-18 no programa F-X2, de aquisição de caças para a
FAB, embora não tenha sido acertado nenhum tipo de transferência de tecnologia dos
sistemas de armas da empresa americana para o Brasil. 'Nos últimos seis meses a
Boeing tem feito um grande esforço para melhorar a sua imagem no F-X2 e os últimos
acordos feitos com a Embraer são uma demonstração clara disso', disse uma fonte.
No acordo anunciado ontem, durante a feira Aeroespacial de Farnborough, na
Inglaterra, a Boeing se comprometeu a fazer a integração de armamentos (bombas
guiadas a laser e por GPS) com alto nível de precisão. Essa integração, segundo
comunicado divulgado pela Embraer, amplia o conteúdo da proposta apresentada
pela empresa à Força Aérea dos Estados Unidos, superando de forma significativa os
requisitos do programa LAS (sigla em inglês para Aeronave de Suporte aéreo leve).
'Esta nova capacidade demonstra a versatilidade do Super Tucano e beneficiará
nossa campanha nos Estados Unidos', disse em comunicado, o presidente da
Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar.
Embora o sistema de armamentos da Boeing seja considerado sofisticado e preciso, o
Super Tucano já está equipado com um conjunto de bombas inteligentes guiadas por
laser e GPS. 'O avião brasileiro possui bombas inteligentes certificadas pela FAB e
testadas em combate há mais de sete anos', disse um especialista do setor de
defesa.
Segundo ele, uma dessas bombas é fabricada no Brasil pelas empresas Mectron e
Britanit e a outra, guiada por laser, é fornecida pela empresa israelense IAI.
Os sistemas produzidos pela Boeing, segundo a fonte, possuem vários níveis de
precisão e para serem vendidos precisam ser liberados pelos Estados Unidos. 'As
empresas americanas não podem vender ao Brasil o mesmo sistema fornecido pelo
governo dos EUA para os países considerados aliados preferenciais, como Israel,
Japão e Austrália', disse a fonte.
Ontem a Embraer também anunciou em Farnborough a venda de mais oito aviões
turboélices Super Tucano para a Indonésia. O pedido, segundo comunicado divulgado
pela empresa, inclui um simulador de voo que será utilizado para instrução e
treinamento dos pilotos indonésios. As entregas dos primeiros quatro aviões do
primeiro lote estão previstas para agosto. Já o segundo lote começa a ser entregue
em 2014.
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O Estado de S. Paulo
11/7/2012
SUPER TUCANO MIRA MERCADO DE 300 AVIÕES
Acordo com a Boeing vai consolidar a presença da Embraer num mercado
mundial estimado em US$ 3,5 bilhões até 2020
ROBERTO GODOY
O mercado internacional para o Super Tucano, uma classe de caças leves, dedicados
ao ataque ao solo, à patrulha armada e à vigilância - além do apoio aproximado à
tropa e o treinamento avançado, é estimado em US$ 3,5 bilhões cerca de 300
aeronaves. A pesquisa de demanda foi divulgada há dois anos mas se mantém.
Segundo Luiz Carlos Aguiar, o presidente da Embraer Defesa e Segurança (EDS), 'o
Super Tucano entra nessa disputa como favorito'. Ontem, no Salão de Farnborough,
nos arredores de Londres, a Embraer e a aviação militar da Indonésia anunciaram um
contrato para o fornecimento de oito turboélices. A força aérea já havia comprado um
lote do mesmo tamanho, em 2010, no valor estimado de US$ 100 milhões.
O novo negócio é maior. Cobre um simulador para instrução de pilotos e recursos
logísticos para toda a frota. Em Jacarta, o Ministério da Defesa emitiu nota informando
que o avião será empregado 'em missões de controle das fronteiras, contra
insurgência, e interceptação aérea'.
O A-29 é utilizado por sete nações - Brasil, Colômbia, Equador, Chile, Indonésia,
República Dominicana, Burkina Fasso e Estados Unidos, onde voa o único exemplar
operado por uma companhia privada. Há negócios em andamento na Guatemala, no
Peru e em Angola. A empresa admite manter discussões no Oriente Médio, na África
e na Ásia.
Diferencial. A semana tem sido boa para a EDS. Na segunda-feira foi revelado o
acordo de cooperação firmado entre a Embraer e a Boeing Defense, para integração
de sofisticados sistemas de armas no A-29. Ontem, além da formalização do contrato
indonésio, circulou a notícia da venda do controle da Hawker-Beechcraft para a
desconhecida Super Aviation Beijing, da China, O valor da aquisição é de US$ 1,8
bilhão. Um executivo da corporação, Qian Chunyan, anunciou a oferta que não inclui
a divisão de aeronaves militares. A exclusividade da oferta vale por 45 dias.
A Hawker, faz parte do complexo Goldman Sachs & Onex e está sob regime de
recuperação judicial, um meio de evitar a falência.
A unidade de produtos de Defesa é a concorrente da Embraer na escolha do LAS,
para fornecimento de 20 aviões de apoio leve e ataque ao solo que a administração
americana comprará, pagando US$ 599 milhões, e entregará ao Afeganistão, que
está estruturando uma nova aviação.
É apenas uma parte da transação. O plano do Pentágono é expandir o processo para
qualquer coisa como 100 a 120 unidades. A fatura seria de US$ 900 milhões,
podendo chegar a US$ 1,2 bilhão, conforme as especificações, dos turboélices e do
pacote de peças, componentes e recursos tecnológicos de combate de precisão.
Serão fatores diferenciais, itens como a possibilidade de incorporar ao seu extenso
conjunto, também bombas mais leves e de pequeno diâmetro, dirigidas até seus alvos
por guiagem inercial, GPS ou luz laser.
Esses tópicos fazem parte do esquema de cooperação com os americanos da Boeing
Defense e são válidos ainda para outras operações além da LAS. |