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COMISSÃO DA VERDADE. SABES COM QUEM ESTÁS LIDANDO?

Jorge Alberto Forrer Garcia (*)

Em 1978, o Brasil vivia a discussão pela anistia. O governo militar de então defendia um modelo que não beneficiasse os subversivos e terroristas que tivessem praticado crimes de morte. Mas as forças de esquerda pugnavam por uma anistia ampla, geral e irrestrita.

No curso desse embate sobre uma forma de anistia, um grupo de presos políticos do presídio Milton Dias Moreira desencadeou uma greve de fome que durou 32 (trinta e dois) dias, de modo a influenciar a "sociedade civil" pela anistia da forma como eles a queriam...e a obtiveram, em 1979. Num livro que escreveram coletivamente ainda na prisão, que cito mais adiante, fazem ampla abordagem sobre os locais dos "aparelhos repressores do Estado", listam os nomes dos "torturadores" brabos, dos que eram mais "bonzinhos" e dos que eram "aceitáveis" e, alguns dos presos, dão seus depoimentos sobre a vida no cárcere. Outros, nada declaram. Na segunda parte do livro, os presidiários fazem uma verdadeira declaração de vingança contra os militares.

Faziam parte do grupo, ressaltando que todos foram beneficiados pela Lei da Anistia: ALEX POLARI ALVERGA (VPR - duas penas de prisão perpétua); ANTÔNIO PEREIRA DE MATOS (COLINA - 15 anos e seis meses); CARLOS ALBERTO SALES (VAR - Palmares. Sem pena definida. Acusado de participar do assassinato de marinheiro inglês em fevereiro de 1972); HÉLIO DA SILVA (VAR-Palmares. Sem pena definida); JESUS PAREDE SOTO (MR/8 e VPR - 9 anos e seis meses); JORGE RAIMUNDO JÚNIOR (ALN - Sem pena definida); JORGE SANTOS ODRIA (nacionalidade colombiana; sem dados de militância nem pena); JOSÉ ROBERTO GONÇALVES DE RESENDE (VPR - duas penas de prisão perpétua); MANOEL HENRIQUE FERREIRA (MR/8 e VPR - 57 anos e seis meses); NELSON RODRIGUES FILHO (MR/8. Sem pena definida); PAULO HENRIQUE OLIVEIRA DA ROCHA LINS (ALN. Sem pena definida); Além dos nomes acima listados, acrescentem-se mais dois, que destaquei por serem bastante atuantes desde o início do governo Lula. São eles: PERLY CIPRIANO (ALN - 84 anos de prisão) e GILNEY AMORIM VIANA (PCB/ALN - 20 anos e três meses).

[Fonte: Esquerda Armada - A Luta Continua (Testemunho dos Presos Políticos do Presídio Milton Dias Moreira, no Rio de Janeiro), Obra Coletiva. Selecionada por Luzimar Nogueira Dias. Edições do Leitor. Vitória/ES. Agosto de 1979].

PERLY CIPRIANO viria a ser, durante o governo Lula, o subsecretário de Direitos Humanos, portanto, um dos coautores do Plano Nacional de Direitos Humanos, que mereceu o repúdio de grande parte da Sociedade. Observe-se que, mesmo com o plano depois "retocado", o que nele constava sobre a Comissão da Verdade ali continuou.

Num recente livro de memórias de um ex-delegado do DOPS do Estado do Espírito Santo (Cláudio Guerra - Memórias de Uma Guerra Suja. Marcelo Netto e Rogério Medeiros. Topbooks Editora, 2012) no qual, por "questões de consciência", o ex-delegado Cláudio Guerra - que se apresenta como o principal matador e eliminador de corpos do período de combate à subversão e ao terrorismo, revela o que saberia sobre os meandros dessa luta durante o Regime Militar, assacando acusações contra militares já falecidos e a uns poucos que ainda estão vivos. Da leitura desse segundo livro citado, observa-se que o ex-delegado tem-se como um homem da mais alta confiança do Exército e do SNI. Porém, quando se compulsa a lista de torturadores listada pelos presos ainda lá em 1978, o nome de Cláudio Guerra não aparece. Fato que, no mínimo, é curioso.

Na Introdução, um dos autores, explicando sobre a decisão daquele delegado de só agora trazer a público suas memórias, o jornalista escreve, na página 15, 3° parágrafo:

"Também atribuiria sua decisão [...de fazer as revelações... ] aos encontros, ainda no presídio, com o então subsecretário dos Direitos Humanos da Presidência da República do período Lula, Perly Cipriano, com divagações sobre os direitos essenciais do homem, numa clara tentativa de persuadi-lo a mudar sua rota e sua visão de mundo."

Assim, pode-se dizer, com todas as letras, que Perly Cipriano, durante o período em que exercia uma função pública, em vez de cuidar dos direitos dos humanos do Brasil, frequentava a cela de um bandido acusado de vários "crimes de mando" e conhecido no Espírito Santo como um "pistoleiro de aluguel", para - não há como ser outra coisa - persuadi-lo a dar declarações, sabe-se lá em troca de que, de modo a que, em momento muito bem oportuno, pudesse tal livro ser publicado.

Perly Cipriano, nas declarações que deu após o lançamento desse livro, apenas declarou que a "obra" irá ajudar muito a Comissão da Verdade, sem nunca declinar sobre sua ação - suponho que de convencimento - junto ao presidiário capixaba.

Hoje, 2012 - Perly Cipriano é Secretário de Direitos Humanos do Estado do Espírito Santo. Para conhecer mais sobre Perly Cipriano, consulte:

http://resistenciademocraticabr.blogspot.com.br/662244"> [acessos em 5 Ago 2008 - Perly Cipriano e as FARC e 5 Maio 2012 - Perly diz que livro de Cláudio Guerra vai ajudar esclarecer crimes da ditadura]

http://guerrilheirosvirtuais.blogspot.com.br/2009/03/perly-cipriano-e-seu-saboroso-livro-vai.html

http://www.dhnet.org.br/perly/motivos_perly.htm662244"> [Carta de Solidariedade a Perly Cipriano - DHNet, domingo, 8 de março de 2009]

http://sasg.bahai.org.br/2010/06/perly-cipriano-e-exonerado-da-sedh.html 662244">[Jun 2010 - Sobre a exoneração de Perly]

http://www.fdv.br/index.php?option=com_content&view=article&id=462:debate-sobre-a-comissao-da-verdade-na-fdv&catid=36:graduacao&Itemid=282

Com a posse de Dilma, enquanto Perly voltava para o Espírito Santo, GILNEY AMORIM VIANA, que era Deputado Federal pelo PT, assumia a subsecretaria de Direitos Humanos no lugar que era de Perly.

Pode-se dizer então que a instalação da Comissão da Verdade, em 2012, deu-se sob os auspícios de Gilney que, em visita aos Estados, para apoiar a criação de comissões da verdade estaduais, fez a seguinte declaração, amplamente divulgada:444444">

444444">Segundo o coordenador-geral do Projeto Direito à Memória e à Verdade da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), Gilney Viana, os comitês vão buscar documentos, analisar depoimentos e explicar à sociedade o papel da Comissão da Verdade. De acordo com Viana, o Projeto Direito à Memória e à Verdade está entrando em uma nova fase com a parceria de sindicatos e entidades de classe. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central Sindical e Popular (Conlutas), a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag) mostraram interesse em criar comissões para resgatar a verdade do que ocorreu com os trabalhadores durante a ditadura militar. A minha intenção é mobilizar essas entidades. Eles têm dinheiro, têm equipe e estão interessados em apurar os fatos, disse444444">.(http://agencia-brasil.jusbrasil.com.br/noticias/3124588/comissao-da-verdade-vai-buscar-apoio-em-comites-estaduais-de-direito-a-memoria-sobre-o-periodo-da-ditadura444444">)

Para conhecer melhor GILNEY AMORIM VIANA, visite:

http://www.sedh.gov.br/clientes/sedh/sedh/acessoainformacao/institucional/quem-e-quem/?searchterm=gilney

Site da SDH - Quem é Quem

GABINETE SDH

MINISTRA DE ESTADO CHEFE DA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS

MARIA DO ROSARIO NUNES

(61) 2025-3106

direitoshumanos@sdh.gov.br

Edifício Sede, 10. andar

......................................................

ASSESSOR

GILNEY AMORIM VIANA

(61) 2025-3820

gilney.viana@sdh.gov.br

Edifício Sede, 10. andar

http://pt.indymedia.org/conteudo/newswire/649 [Dados sobre a militância de GILNEY AMORIM VIANA ('AUGUSTO')]

http://www.fpa.org.br/o-que-fazemos/memoria-e-historia/gilney-amorin-viana [Dados sobre a militância de Gilney Amorim Viana por ele mesmo. Site da Fundação Perseu Abramo] Imperdível!!!

Prezados companheiros e amigos.

Finalizando, gostaria de dizer-lhes que elaborei o presente texto com o intuito de ajudar as pessoas que, de uma forma ou de outra, ver-se-ão envolvidas nos próximos embates da Comissão da Verdade. Saibam que há sim um espírito de vingança, e alguma parte da máquina estatal - a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República - está sendo usada contra o estamento militar. Como me disse um outro amigo: "nesse momento, cautela pouca é "morte" certa".

(*) Jorge Alberto Forrer Garcia

Coronel Reformado

Curitiba/PR