Ex-Blog do Cesar Maia
28 de fevereiro de 2012
& 39;BOOM& 39; DE "SHALE GAS" NOS EUA MUDA A EQUAÇÃO ENERGÉTICA MUNDIAL E A GEOPOLÍTICA NO ORIENTE MÉDIO, GOLFO E RÚSSIA!
(Jorge Castro – Clarín, 26) 1. Há um & 39;boom& 39; de gás superficial ("shale gas") nos EUA, extraído de rochas sedimentárias, cujo desenvolvimento, em 10 a 15 anos, modificará a equação estratégica global. A estimativa da AIE -agência internacional de energia- é que a demanda primária de gás natural na matriz energética global cresça de 21% a 25%. O dado crítico é que mais de 80% desse aumento de demanda provém dos países em desenvolvimento, especialmente da China e da Índia. A demanda da China está hoje no nível da Alemanha, passará em 2035 a igualar a de toda a União Europeia.
2. O gás vai superar o carvão na provisão de energia nos próximos 25 anos, passando de 3% a 40% do consumo. O cálculo da AIE é que mais de 40% do incremento da produção de gás corresponderá em 2035 aos não-convencionais ("shale gas"), e que sua fonte principal é os EUA, que representa hoje mais de 50% da produção). As maiores reservas de "shale gas" do mundo estão no Texas, Luisiana e Pensilvânia, e em outros 22 Estados norte-americanos. Em seguida vem a China e em terceiro a Argentina.
3. Os custos de produção nos EUA são cada vez menores (US$ 4US$ 6 por unidade de medida), devido à aceleração tecnológica e a grande escala de produção. Isso é uma novidade. Era praticamente zero em 2000 e chegou a 10 bilhões de metros cúbicos por dia em 2010. E será quadruplicada até 2040, tendo alcançado 60% do total do gás natural já em 2030.
4. O ponto fundamental do "shale gas" dos EUA é que reduz a importância geopolítica dos países petroleiros do Golfo, Rússia e Venezuela e muda a equação estratégica global dos próximos 50 anos. Também cairá a participação da Rússia no mercado europeu de gás de 27% em 2009 a 13% em 2040, o que o elimina como instrumento de pressão política. Venezuela será descartada como principal exportadora de LNG aos EUA, reduzindo também sua relevância geopolítica.
5. Finalmente transforma o significado geopolítico do Oriente Médio, que deixa de ser a região mais estratégica do século 21. A indústria manufatureira dos EUA se beneficia dessa queda de preços que até 2011 já caiu 39%, tendo como consequência um menor custo de energia elétrica que passa a ser menor que a asiática, aumentando ainda mais a sua competitividade internacional.
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