0000ff">Exército pode assumir funções de policiais civis
Nos próximos dias, mais 400 homens do Exército, Aeronáutica e Força Nacional devem chegar. As tropas ficam sem data prevista para deixar o CE
Bruno de Castro
Depois de fazer o policiamento ostensivo das ruas de várias cidades do Ceará por conta da greve dos policiais militares, as tropas do Exército Brasileiro podem, agora, assumir as funções dos policiais civis nas delegacias. A ponderação foi feita no fim da tarde de ontem pelo oficial de Comunicação Social da 10ª Região Militar, tenente-coronel Charles Moura.
Tropas já foram deslocadas aos distritos policiais para suprir a carência de policiais civis. A categoria decidiu pela paralisação total das atividades na noite da última terça-feira, 3, horas antes de a PM interromper uma greve de seis dias.
Segundo Charles Moura, o Exército está nos DPs para assegurar, a princípio, a preservação do patrimônio público. Contudo, se ficar constatada a interrupção irrestrita dos serviços nas unidades policiais, medidas administrativas podem ser tomadas para a população não deixar de ter acesso ao registro de boletins de ocorrência, por exemplo.
Por ora, ele diz que o Comando acompanha a situação. "As delegacias estão funcionando e estamos efetuando as prisões necessárias. Elas estão funcionando e estão atendendo às nossas necessidades. Se isso vier a ocorrer (interrupção total dos serviços), nós estamos fazendo o planejamento necessário para tomar medidas administrativas de forma a viabilizar que a parte administrativa de uma prisão seja executada", afirmou.
O oficial assegurou que a alternativa ainda não foi colocada em definitivo nas reuniões diárias da 10ª Região Militar, responsável pelo gerenciamento do sistema de segurança no Ceará desde a deflagração da greve dos PMs. Os encontros avaliam balanços das últimas 24 horas e traçam diretrizes para os momentos posteriores. "Se for interrompido o serviço de registro de ocorrência ou estiver difícil para o cidadão registrar ocorrência ou mesmo a Polícia tiver problema, nós vamos fazer. Vamos planejar e botar em execução", reiterou.
Charles Moura também anunciou a chegada de mais dois blindados para transporte pessoal, 140 agentes do Exército (vindos de Recife-PE), 30 da Força Aérea Brasileira (FAB) e 230 da Força Nacional de Segurança Pública. Conforme ele, cerca de 1.100 homens das Forças Armadas estão no Ceará.
Os efetivos são locais e de outros quatro estados (Rio Grande do Norte, Pernambuco, Maranhão e Piauí). Além disso, já há 300 homens da Força Nacional em vários pontos do Ceará. "Estarão aqui no mais curto prazo. É só uma questão de logística e deslocamento", pontuou Moura.
O POVO tentou contato com o comando de greve da Polícia Civil, mas a presidente do sindicato da categoria, Inês Romero, estava em reunião e não atendeu aos telefonemas.
ENTENDA A NOTÍCIA
Em vários distritos policiais, nenhum profissional foi trabalhar ontem. Comando de greve diz que paralisação é de 100%. Com isso, fica impossibilitado um simples registro de boletim de ocorrência. Por isso, Exército diz que pode assumir as atividades.
Saiba mais
Segundo nota da 10ª Região Militar, "aproximadamente 160 veículos" fazem o policiamento no Ceará, dentro da Operação Ceará - deflagrada para garantir a "manutenção da ordem pública, a incolumidade das pessoas e do patrimônio".
A Operação só será desfeita após ordem expressa da presidente Dilma Rousseff, responsável pelo envio das tropas ao Estado.
Charles Moura disse não haver previsão para isso acontecer. A única certeza, conforme ele, é que os homens das Forças Armadas só saem do Ceará quando a "normalidade for obtida".
Moura também afirmou que o Exército nas delegacias também pode ser deslocado para eventuais ocorrências.
Ele admitiu aumento nas estatísticas de terça-feira, 3, quando arrastões (e boatos de ações criminosas) deixaram a população de todo o Estado temerosa. Contudo, disse em seguida que o número de ocorrências diminuiu no dia seguinte. Números oficiais não foram apresentados.
A nota da 10ª Região pede ainda que a população acione o 190 para registrar ocorrências com "a maior quantidade de informação possível, a fim de que indícios ou suspeitas de trotes possam ser averiguados".