AS LUZES DA RIBALTA
Vania LCintra
'... queria propor um pacto a esses artistas que desconhecem como funciona a área de produção e transmissão de energia elétrica em nosso país: parar de dar palpites. Eu, como engenheiro mecânico, não me pronuncio mais sobre qualquer assunto de TV, teatro ou cinema. Em compensação, eles param de falar besteiras sobre energia elétrica. Chega de amadorismo. Creio que é uma proposição justa.'
Bem sei que está na moda fazer isso, mas não se assustem: eu cá não vou sacar uma opinião do bolso da algibeira a respeito do projeto da usina hidrelétrica de Belo Monte. Sobre este assunto, apenas transcrevo o texto do qual foi retirada a proposição acima citada - texto esse que, tal como me foi esclarecido, foi escrito por "uma das maiores autoridades internacionais em hidromecânica (...) um engenheiro brasileiro, autor de um livro sobre o assunto com edições em português e inglês, que viaja continuamente projetando e resolvendo os problemas mais complicados em hidroelétricas por todo mundo. Recentemente uma revista especializada européia o elegeu como uma das 10 mais importantes personalidades mundiais neste assunto". E, para quem gosta de números, recomendaria ainda algo muito interessante, que também pode ser recomendado para quem não gosta muito de ler, mas não se incomoda com ver e ouvir e que pode ser encontrado em CTRL + Clique para seguir o link">www.youtube.com/watch?v=JhYd48tQav4&feature=youtu.be
Seriam essas duas referências suficientes para que alguém formasse uma opinião a respeito do assunto? Não, é claro que não. Para alguém formar uma opinião razoável a respeito dos problemas que serão ou deverão ser enfrentados na área destinada à construção daquela usina, seria, antes, necessário despender algum bom tempo para mais conhecer, em detalhes, as características dessa área, as do projeto e as razões que o promoveram. Além disso, outro bom tempo deveria ser voltado a conhecer as características, as vantagens e as desvantagens, os benefícios e os danos que pudessem ser produzidos por qualquer que fosse a alternativa oferecida à construção dessa usina - alternativa essa que, por sermos já tão "iluminados", bem poderá ser a de deixarmos tudo como está e nos despreocuparmos de uma vez por todas com o fator "energia" nas projeções das possibilidades de desenvolvimento do nosso País...
Quem se ocupa com outros assuntos que julga ser tão sérios quanto este não terá tanto tempo livre para dedicar-se a ponderar essa montanha de informações. Sendo um leigo nesse assunto, não o analisará em profundidade e não alcançará a dominá-lo em sua totalidade; terá duas ou três dúvidas, será sensível a um ou dois argumentos, nada mais, que lhe bastarão para considerar-se suficientemente informado. E verá esses argumentos com simpatia exatamente porque eles tocaram em alguns pontos que lhe servem de base ao conjunto de suas convicções, reforçando-os ainda mais.
Se minhas convicções - que são as minhas, e, acho eu, de mais ninguém - coincidissem com as convicções da maioria dos indivíduos do universo - embora eu muito duvide que, algum dia, isso ainda venha a acontecer -, elas seriam consideradas corretas pela maioria dos indivíduos do universo. E estariam, por certo, calcadas no que se costuma chamar de 'A Verdade' - o que, cá entre nós, nada mais é que aquilo que, seja de que jeito for, consegue gozar da aceitação da maioria, já que se pressupõe que a voz do povo seja a voz de Deus... Ora, se a grande maioria dos indivíduos desconhece absolutamente as características da área reservada pelos técnicos à usina de Belo Monte, assim como as características do projeto e, principalmente, as razões que o demandaram, se alguns muitos apenas ouviram, ligeiramente, falar disso (assim como apenas ouviram falar de muitas e muitas outras diferentes questões que envolvem uma infinidade de interesses díspares e, muitas vezes, antagônicos), nem que uma opinião sobre o assunto fosse unânime e, portanto, incluísse a minha, nem mesmo assim, essa minha opinião a respeito da usina significaria mais que um palpite quase alegre, a opinião de quem não tem competência alguma para dar opiniões sobre esse assunto.
Não sendo de todo incompetente, creio, até que eu poderia querer dar uma opinião a respeito das consequências sociais e políticas e de todo o mal decorrente da falta sistemática ou de um colapso de energia. Porque até conheço o assunto de uma perspectiva que nem engenheiros, nem economistas, nem filósofos, nem antropólogos, garanto, conhecem tanto assim. Mas a ninguém foi perguntado dessas consequências. Parece ser que, hoje em dia, isso, sim, não mais interessa saber, porque saber disso... caiu de moda. Sei também que a produção de energia sem interrupções nos é essencial. Disso estou convencida e será impossível convencer-me do contrário. Mas não vou, aqui ou ali, oferecer palpites idiotas a respeito da construção de Belo Monte ou de outros assuntos quaisquer especificamente técnicos que extrapolem os limites de minha área profissional exatamente porque não quero ser vista como uma idiota. Assim, resta-me respeitar a opinião de cada um dos estudiosos, em cada uma das áreas do conhecimento que é a sua, e, assim, devo respeitar o resultado das discussões que se fazem entre os mais entendidos em usinas hidrelétricas, exatamente como gostaria que todos respeitassem o meu conhecimento e o meu empenho em minha área profissional - área esta que, no entanto, não só a grande maioria amadora como também alguns eminentes acadêmicos e renomados estudiosos defendem, com extraordinária energia, que se resuma a uma coleção de palpites muito criativos de profissionais de outras áreas quaisquer, por vezes até ilustrados por algumas figurinhas interessantes...
Por outro lado, há ainda mais que bem posso agora dizer, uma vez que tantas vezes já disse e, assim, mais uma vez apenas repetiria, a respeito desse fenômeno que pode ser observado em quantidade bem maior que a das águas que a questão de Belo Monte enreda e que aqui também se observa. E disso eu digo e repito porque, a cada vez que tenho a triste oportunidade de ver e/ou ouvir quem não conhece do Estado, da Política ou do que poderia ser chamado de Cultura de um grupo qualquer em qualquer Sociedade dando palpites idiotas em público, não é que me sinta apenas incomodada ou furiosa ao projetar um eventual resultado dessas exposição e divulgação de idéias tolas ou tortas, mas invade-me um profundo sentimento de vergonha, aquele que alguns chamam de "vergonha alheia", a que sentimos ao encontrar um outro em uma situação ridícula sem que ele perceba ou se sinta constrangido. Há quem ache isso muito divertido, até pague para ver, mas, a mim, sempre me deixa muito angustiada.
Evidentemente, essa presunção de tudo saber e de poder em tudo se meter não é, definitivamente, uma exclusividade dos artistas, nem mesmo daqueles que se dedicam à Arte do entretenimento. Mas alguns deles bem que vêm se destacando extraordinariamente nessa outra "arte", a de dar palpites despropositados. E, verdade seja dita, essa "arte" não praticam apenas os artistas nacionais. Artistas e políticos profissionais vêm formando um bizarro par-constante nesses bailes alegres todos que se promovem em quase todas as Cortes conhecidas, enquanto o mundo cada vez mais se complica em virtude do amadorismo das opiniões e, portanto, das providências aventadas e das decisões tomadas.
Todo e qualquer bom artista terá muito a dizer, por certo. Terá muito a dizer sobre... sua própria Arte. Todo bom artista terá muito a criar, muito a produzir, muito a tentar superar, inclusive a se superar, e tanto e tanto terá um artista a fazer que, se bem cuidar do que sabe ou quer saber bem fazer, é muito provável que, ao fim do dia, sinta-se tão exausto e pleno que a respeito de nada mais queira dizer e com nada mais queira se preocupar. Se chegar a esse ponto, será admirável como artista, merecerá o respeito de todos, mas, com toda a certeza, seu cérebro ou seus instintos não funcionarão muito bem exceto para tratar daquilo que lhe diz respeito com exclusividade enquanto é só seu e de si mesmo depende, uma vez que é um único indivíduo na realidade de todos - ou seja, para tratar daquilo que não poderá delegar ou confiar. E olhem lá... Então, cada um no seu! Chega, sim, de amadorismo! Já é mais que hora disso ter um fim! Tudo bem.
Mas, da mesma forma como não somos (ainda) obrigados a concordar com todo e qualquer palpite errado, nem somos (ainda) obrigados a aceitar manifestações de retrocesso como sendo de avanço social, não somos obrigados (ainda) a gostar de toda e qualquer produção que alguém possa chamar de artística. Nem somos obrigados (ainda) a considerar como Arte aquilo que não é, apenas porque alguém, que seja apontado no mercado de Arte como sendo um entendido em Arte, nos disse que Arte é.
Muitas vezes, o que chamam de Arte não passa de artesanato. Outras vezes, não passa de uma boa técnica. Outras vezes, ainda, nem mesmo isso alcança ser, e o que nos chama a atenção e promove o indivíduo a "celebridade" será não exatamente um talento, mas apenas algum atributo físico que se destaque dos padrões da média ou alguma coisa meio diferente muito mal produzida. Por exemplo: alguém que exiba uma extensão e uma potência de voz "fora de série" não terá necessariamente Arte a nos oferecer, assim como cores dispostas de qualquer jeito sobre uma tela de ninguém faz um pintor, nem dez dedos com extraordinária agilidade fazem um pianista etc. etc. - e, nas artes plásticas e musicais, os exemplos de invenções medíocres, petulantes e abalofadas são inúmeros. Chama-os de Arte quem os quer chamar. Mas uma Arte qualquer ou nos diz enquanto Arte de fato, ou Arte não será - será apenas uma curiosidade ou mais um nada que se acrescenta ao quase nada de quase tudo do cotidiano, e nada nos dirá.
Dos chamados artistas e daquilo que é chamado de sua Arte, portanto, a gente gosta ou não gosta. O que não interfere em qualquer questão social, cultural ou política, resolvendo ou agravando-a. Em todas as culturas, em todas as Sociedades, em todos os estratos sociais, em qualquer grau de desenvolvimento ou presumido bem-estar, encontramos o que nos parece representativo, aceitável, criativo, bonito, perfeito etc. e o que nos parece absolutamente estúpido ou mesmo abominável. Inclusive no ambiente mesmo em que vivemos.
O problema realmente social e político nisso tudo, se cremos que, de fato, a Arte imita a Vida, é que nos encontremos, emocionalmente, tendentes a substituir nossas vidas e as circunstâncias reais que as cercam pela imitação ou pela caricatura da vida oferecidas pela Arte ou pela pseudoarte e, assim, passemos a crer que, à Arte, é possível antecipar, determinar ou alterar a vida. Não, não é, à Arte não é possível - mas à propaganda, sim, é. Outro problema ainda - considerando-se que o importante para um artista, seja consagrado ou não, é exibir seu trabalho ao público para que dele possa ter o aplauso - será que há artistas e... artistas. Esses problemas são gordos.
Há os artistas profissionais, há os canastrões profissionais, que podem ser bons artistas, e há ainda os que, mesmo sendo, em geral, muito bons em suas criações e/ou suas interpretações, por vezes, em certas manifestações, comportam-se como típicos amadores. E muitos agirão como eternos amadores não somente em sua Arte, mas em tudo e mais um pouco. Serão também artistas além de artistas. A estes, sempre parece que lhes sobra tempo.
Talvez por isso mesmo, por lhes sobrar tempo, esses todos podem imaginar que, a reproduzir diferentes ambientes e tipos por diferentes meios, a assumir características de personagens diversos em diferentes lugares e épocas, a representar vários papéis, a cantar em várias línguas e mover-se em diferentes ritmos, a criar do seu jeito, com seu trabalho e sua sensibilidade, o que na realidade mesma não existe, serão multiscientes e polivalentes por sua própria natureza. Talvez dêem importância exagerada à sua própria bagagem de informações e experiências, e sintam-se não só capazes como no direito ou até mesmo no dever de interferir na opinião alheia a respeito de todos e quaisquer assuntos - e não encontrem qualquer consideração de ordem funcional ou moral que os impeça. Principalmente os que invadem nossas casas sem cerimônia alguma, através da tela da televisão. Supõem, por certo, que lhes devam ser reconhecidos todos os méritos de seus inúmeros personagens, que as virtudes e o saber desses personagens todos se incorporam, por osmose, à sua própria personalidade. Imaginam, também por certo, que, com sua opinião, estarão colaborando com 'esclarecer' o público. Aliás, muitos profissionais de diferentes áreas, principalmente os do Jornalismo, mas também jogadores de futebol, animadores de auditório, políticos, mestres-escolas considerados "sumidades" por acadêmicos semiletrados etc. fazem o mesmo: dão-nos sua interpretação a respeito de quaisquer fatos, não qualquer informação que nos seja de serventia, que alimente o nosso raciocínio. E, por serem "celebridades" em esferas de atuação menos ou mais amplas, são ouvidos e sua opinião é acatada como exemplar.
Mas não é só isso o que vemos. Podemos ver também que não poucos artistas buscam a fama emprestando voz e gestos não à Arte, mas, direta ou indiretamente, aos interesses dos que a têm como um bom negócio. Para alguns desses artistas, a fama não será decorrência de um talento excepcional ou do trabalho bem feito, mas será buscada por meio de qualquer expediente, como precondição do espaço que lhes possa ser aberto à presença, à participação, à exibição de seus suspeitados encantos que deverão ser vistos às luzes dos holofotes. Que não são as luzes do conhecimento. E os papéis que assumem pouco lhes importam, assim como pouco lhes importam os roteiros que lhes sejam oferecidos.
Em sendo a Arte, desde sempre, um ofício financiado e remunerado, quem o financia e remunera (que um artista não será, supõe-se) nela pôde encontrar um meio de influir na consciência do público e não vacila em usar a fama do artista para exaltar o valor que queira, por seu próprio interesse, atribuir a um produto qualquer - um sabão em pó, um supermercado, um empreendimento imobiliário, uma ONG, um projeto político, um indivíduo... Assim como é muito comum encontrarmos embutida habilmente em peças ditas artísticas a propaganda útil a quem as financia, é também bastante comum encontrarmos artistas em peças de pura propaganda de idéias, hábitos e comportamentos úteis a quem particularmente lucra com eles. Os artistas que dessas peças participam encenam uma "representação" da consciência dos que, em tese ou de fato, não têm um determinado conhecimento pontual, ou não têm oportunidades, voz, presença ou poder e insinuam ou dizem claramente dos benefícios que esse ou aquele produto lhes trará e, portanto, outros tantos lhes negarão. E tentam dissimular com engenho e arte o seu próprio interesse imediato, bem conduzindo e amparando a propaganda encomendada seja com uma defesa retórica de prerrogativas também pontuais dos pouco informados em questões mais abrangentes, seja com a projeção e fixação de sua própria imagem entre os, em tese ou de fato, pouco afortunados em ocasiões e situações das mais felizes às mais adversas, "participando" de suas alegrias e seus sofrimentos.
Sendo capazes de assumir expressões faciais e corporais convincentes, o conteúdo da peça apresentada por artistas impressiona muitos dos que, sendo mais que apenas entusiastas de seu ofício, confundem os atributos de sua personalidade real com os dos personagens por eles "vividos" (o que os próprios artistas, "incorporando" em excesso um personagem, por vezes experimentam por um tempo não maior que o que lhes for necessário). Essa "integração" encenada, com textos bem decorados, recitados de forma muito convicta, peremptória, que afirmam o que é bom, sadio e verdadeiro e o que não é, sendo eles quem são e nada além do que são, não se dissociará de seu trabalho, seja ele mais ou seja menos profissional - que, como todos os trabalhos profissionais, tem seus contornos específicos de racionalidade e também seus limites -, e mereceria tanta credibilidade quanto qualquer encenação teatral pois, mesmo que seja bem intencionada, nada mais que teatro é.
Assim, a opinião e a postura dos artistas "esclarecem' o público tanto quanto poderiam "esclarecer" as situações que os personagens de um filme ou de uma novela, pura ficção, enfrentam. E não sendo feito esse "esclarecimento" apenas por "celebridades" nacionais, podemos aqui parar para pensar um pouco em quantos valores nossos já foram e ainda são, sempre mais, substituídos por aqueles que os "mocinhos" e as "mocinhas" das fitas de cinema ou dos conjuntos musicais etc. nos sugerem nesse nosso mundo há tanto tempo já "globalizado" pelo comércio. Em quantas e quantas vezes já compramos o que, em absoluto, não precisávamos e apenas ocupa o espaço daquilo que nos seria de fato útil. Compramos para ostentar, porque a propaganda nos convenceu que a coisa é boa, é bonita, é confortável, é inteligente... e mesmo que nada disso ela seja, nós os adotamos com satisfação e íntimo orgulho, para demonstrar que somos bem informados. Quantos de nós não nos convencemos, embevecidos, de que o cigarro ou a bebida de determinada marca ou mesmo um Partido político nos garantiria a felicidade, ou de que tínhamos ou temos graves falhas genéticas de caráter, em comparação com o desprendimento, a valentia, o heroísmo, a inteligência e a retidão das personalidades "vividas" nas telas? Quantas e quantas vezes fomos instados a mudar de opinião, de um dia para o outro, porque os artistas modificaram a sua de acordo com a opinião dos seus produtores? A quantas e quantas décadas sofremos esse tipo de assédio impunemente e caímos como patos nessa farsa? Solidários com valores propagandeados como sendo "os mais corretos" ou "os mais adequados" aos nossos objetivos, que nem sabemos bem quais sejam e não nos preocupamos com saber, será bem fácil nos esquecermos de ser solidários com os nossos próprios valores, os que são de nossa responsabilidade manter e exaltar, e os desprezarmos solenemente. E continuando a confiar no que nos seja recomendado pelas "celebridades" nos transformamos em uma cada vez mais imensa massa de manobra de não sabemos exatamente quem ou quê.
A tela, a grande ou a pequena, que será um meio de manipulação de consciência é eficaz, seja qual for o produto que se pretenda vender, seja ele industrial, político ou até mesmo religioso (no que se inclui um quase religioso escárnio voltado à religião, tanto faz), mas não é capaz de emprestar seriedade ou consistência aos argumentos, sobre qualquer assunto, que porventura sejam levantados por aqueles que através dela atuam. Nenhuma verdade necessariamente existirá no discurso levado ao público em uma peça de propaganda, e, se existir alguma, será por mero acaso - será preciso conferir. Mas o público em geral, em sua fé nas palavras das "celebridades", comover-se-á e convencer-se-á de que nele há nada além de "A Verdade"; e, assim, alguém que nenhuma capacitação adicional ou correlata à da criação ou da execução de obras artísticas terá para que possa esclarecer e orientar quem quer que seja a respeito de coisa alguma, esse alguém será o arauto dessa "Verdade". Que "Verdade" se torna por ter a fé da maioria. E isso porque as virtudes atribuídas ao artista, que é capaz de representar em cena, são associadas às virtudes que se imprimem nos personagens representados; e o discurso transmitido por essa "celebridade", a quem a fama empresta a presunção de capacitação em outras quaisquer áreas, será por muitos, acatado sem questionamento. Os recados transmitidos somente não convencerão quem possua pelo menos dois neurônios em pleno, alerta e permanente funcionamento e esteja de fato preocupado com a sua realidade - condições das quais nem todos gozam.
Assim é que não a Arte, mas sim a propaganda antecipa, altera e determina a realidade. Não se sustenta por muito tempo, tudo bem, mas traz consequências por vezes muito desastrosas, que o diga Goebbels... Mas assim é que "A Verdade" se faz. Assim é que esses recados não só impedem, cada vez mais, que entraves muito sérios sejam superados pela Sociedade, como criam, esses recados mesmos, cada vez mais e mais fantasiando a realidade e estimulando no público a ilusão e a ignorância, muitos desses entraves. E a pergunta que fica no ar é: por que não atribuir todos os deméritos a essas "celebridades".
A Arte é um mal? Não, em absoluto. Nenhum mal há em que exista a Arte e existam os artistas, muito pelo contrário. Tanto a Arte quanto os artistas são necessários e fazem muito bem à Sociedade. O mal está em que haja artistas que não vêem sua profissão em sua devida dimensão, o mal está em que haja artistas pretendendo ensinar a todos a maneira "correta" de pensar como se tivessem a consciência da realidade absoluta a respeito de tudo, o mal está em que lhes seja conferido o título de expoentes do discernimento e em que lhes seja garantido o exercício da função de mentores do público.
Não digo que, a esses artistas, ao assumir tal função, falte-lhes a racionalidade, porque racionalidade não obedece a qualquer valor intelectual, moral, emocional ou especificamente econômico, e, à racionalidade da ação no sentido de alcançar-se qualquer objetivo, correspondem apenas os resultados, seja esse objetivo inteligente ou não, correto ou não, benfazejo ou não, adequado ou não aos demais objetivos considerados necessários. Falta-lhes principalmente juízo - aquilo que desaparece por completo quando a fama pela fama e/ou o valor material da remuneração são as razões que movem a ação e justificam as opções do indivíduo - além de faltar-lhes um mínimo de respeito ao conhecimento alheio.
Se, em todas as áreas da criação, da observação, da técnica, da arte, do conhecimento, fossem feitos pactos semelhantes ao que acima foi proposto... se todos e cada um se dedicassem com muito afinco ao que escolheram fazer e definiram como forma de contribuir com a Sociedade e, portanto, à sua função profissional, sem que desandassem a, com ar doutoral, dizer asnices a respeito do que não conhecem... se todos fossem iguais em consciência ao engenheiro mecânico que se dispôs a nos dizer do que bem sabe, e de nada mais... ah, que maravilha viver!
Mas isso é apenas uma hipótese e, como hipótese, por mais atrativa que nos pareça, é apenas parte daquela fantasia, daquela brincadeirinha de faz-de-conta que alguns chamam de "conhecimento", a história das conjecturas, a do que teria acontecido ou poderia acontecer "se'... Apesar de que esses "ses" todos tenham produzido muitos resultados no imaginário popular, de nenhum deles até hoje fez-se luz alguma sobre assunto algum - exceto se considerarmos aquela luz produzida pela energia das usinas, a que permite cores e sombras aos movimentos, que faz brilhar os paetês dissimulando pontos largos dados às pressas nos disfarces e toneladas de maquiagem, a luz que ilumina qualquer assunto que podemos acompanhar no escuro e à distância: a que emana da ribalta.
VaniaLCintra
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BELO MONTE
Você ainda acredita em Papai Noel? Se a resposta é sim, é provável que você não saiba de onde vem a água que sai das torneiras nem como se acende a lâmpada do quarto quando você aperta o interruptor. Se a resposta é sim, é provável que você também acredite que a solução definitiva do problema de energia de um grande país em desenvolvimento passa por alternativas como a energia eólica, a energia solar, a energia..., bem, acabaram as soluções.
Pergunte a um dos artistas da Globo que falam contra Belo Monte se ele mora no Leblon ou embaixo de uma turbina eólica. Como ele mora na zona sul do Rio, certamente não saberá que essas turbinas são altamente prejudiciais à saúde dos habitantes e que as vacas deixam de produzir leite por causa do ruído de baixa frequência emitido pela turbina. Muito menos, que os pequenos granjeiros europeus não mais permitem que turbinas eólicas sejam instaladas em suas terras por causa desses problemas. Ainda por esse motivo, as turbinas eólicas são predominantemente instaladas no mar, próximo à costa, ou em terra, em lugares absolutamente desertos.
A maior turbina eólica já fabricada tem capacidade em torno de 5 MW. A usina de Itaipu tem uma capacidade instalada de 12.000MW, equivalente a 2.400 das maiores eólicas já fabricadas. Belo Monte terá uma capacidade de 11.300 MW, equivalente a 2.250 das maiores eólicas. Onde implantar isso? Na cabeça dos índios ou nas fazendas? Alguém sugere algo?
OK, tentemos então substituir as turbinas hidráulicas de Belo Monte por painéis de energia solar. Alguém que saiba o custo do kwh da eletricidade produzida por painéis solares poderia me orientar? Uma grande dúvida me assalta a respeito disso: se a solução solar parece-me tão boa e não poluente, por que até hoje não decolou em nenhum país do mundo, a não ser como isoladas experiências científicas de pequeno porte?
Os índios, ah, os índios, sempre inocentes e pobre-coitados! Logo eles, que estão dando ao mundo exemplos de eficiência no gerenciamento de suas terras, como na reserva Raposa do Sol, impedindo a entrada dos homens brancos, exceto madeireiros, garimpeiros, religiosos e participantes de ONG’s dominadas por estrangeiros. Os "globais" dizem que índios não participaram do processo de analise do projeto de Belo Monte, o que se trata de uma deslavada mentira - consultem os sites do projeto e procurem pelos tristes detalhes da reunião em que os índios se retiraram pois um grupo de "brancos" presentes impedia com apitos e apupos o correto andamento da exposição dos detalhes do empreendimento.
Os índios e os ambientalistas de ocasião dizem que o rio Xingu vai secar na região da grande curva. O que eles não dizem e não sabem é que a barragem vai regularizar a vazão do rio, principalmente na região da grande curva, permitindo que passe eternamente por ali uma vazão correspondente à vazão média definida pela Mãe Natureza ao longo da existência da Terra. Com isso, deixarão de ocorrer naquela região as enchentes que destroem as plantações dos índios e invadem suas casas. Não parece uma coisa boa?
Um dos especialistas que aparecem no vídeo mostra como um absurdo o fato de que a usina só operará durante alguns meses por ano, e isso é a mais pura verdade. Ora, essa gente se espanta porque não fez o dever de casa corretamente - basta analisar o regime hidrológico do rio para saber que a Mãe Natureza estabeleceu a milhares de anos que o rio Xingu teria seis meses de cheias e seis meses de vazante. Como modificar isso? Por decreto ou por uma ação social através do Twitter ou do Facebook? Ora, os projetistas de Belo Monte levaram essa característica hidrológica em consideração ao dimensionar a usina e chegaram à conclusão de a obra seria viável. O empreendimento se comprovou rentável, caso contrário os empresários e o governo não colocariam um único centavo no negócio, não é verdade?
No mesmo vídeo, outros "iluminados" perguntam quem vai pagar pela construção de Belo Monte. A resposta é simples, cara pálida: todos nós, nem poderia ser diferente. Até onde sei, não há almoço grátis no "mundo aqui fora". Toda e qualquer obra e/ou grande programa de ação social levado a efeito em um país é sempre pago pelo povo - vejam os exemplos de Itaipu (pagamos até hoje, inclusive pelos paraguaios...), a construção de Brasília, a CPMF, a ponte Rio-Niterói, os metrôs brasileiros, os programas oficiais do governo (bolsas famílias e similares), etc, etc.
Essas ações de combate às usinas hidrelétricas costumam ser chamadas de "celebrities diplomacy", com bastante propriedade. Os artistas que tentam comandar essas ações ganham grande espaço na mídia - vide a presença constante no Brasil do famoso diretor John Cameron, responsável por filmes importantes como Titanic e Avatar. Isso também nos faz lembrar as várias visitas ao nosso país do cantor Sting, em suas performances ao lado dos índios. Não tenha dúvida, amigo, isso faz parte do jogo. Todos querem tirar proveito de uma situação, embora nada entendam do assunto.
Com respeito a isso, queria propor um pacto a esses artistas que desconhecem como funciona a área de produção e transmissão de energia elétrica em nosso país: parar de dar palpites. Eu, como engenheiro mecânico não me pronuncio mais sobre qualquer assunto de TV, teatro ou cinema. Em compensação, eles param de falar besteiras sobre energia elétrica. Chega de amadorismo. Creio que é uma proposição justa.
Paulo Erbisti
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