Ex-Blog do Cesar Maia
18 de novembro de 2011
ERRO POLÍTICO GROSSEIRO DE DILMA E EQUIPE!
1. Com a economia descendo a ladeira, a expectativa de um crescimento menor que 3%, vis a vis a bolha de crédito às pessoas físicas, o forte arrefecimento da demanda de bens de consumo, uma inflação fora do teto da meta, uma oscilação não esperada do câmbio, e o fantasma do desemprego surgindo, o voluntarismo tomou conta da presidente Dilma, sua assessoria política e equipe econômica. Muito longe da eleição de 2014, esse é um açodamento ingênuo e perigoso para ela e para o país.
2. Talvez tenham acreditado na fábula 'luliana' da marolinha ou no conto 'geiseliano' da ilha de prosperidade. E que essa crise internacional é um tsunami distante e que não chegará aqui se for aplicada uma política econômica keynesiana estudantil e militante. Esse açodamento vem acompanhado de medidas apressadas em relação aos juros, a taxação de importações, a reativação das obras do governo, a uma enorme abertura para o endividamento dos Estados (37 bilhões de reais) e coisas no estilo.
3. Na política, o tempo é fator de qualidade e não se deve agredir os fatos. Essa tentativa imprudente só agravará o quadro no meio da crise e multiplicará incertezas entre os investidores - daqui e d& 39;alhures. E em vez de acompanhar o movimento global, reestruturando as limitações internas, a questão fiscal, a infraestrutura econômica, um movimento ordenado da ascensão do câmbio, uma melhor coordenação da inflação e dos juros, etc., as medidas adotadas produzirão um quadro -aí sim- muito mais grave na crista da crise.
4. Não custa nada lembrar as medidas do final do primeiro governo FHC, em função da crise asiática, tomadas a partir de dezembro de 1997: o populismo fiscal expansionista e o populismo cambial contracionista. O resultado foi uma crise mais profunda, a perda política do segundo mandato e, paradoxalmente, os acertos na política econômica na entrada de Armínio Fraga, no segundo governo, não impediram a vitória de Lula em 2002 e serviram para os acertos de seu governo, e mais, uma memória desgastante do segundo governo FHC, que até hoje contamina a oposição. E o esforço televisivo de reestabelecer a origem, não resultará, politicamente, a menos que com outra crise tão ou mais intensa.
5. O tempo vai mostrar, à Dilma e suas equipes, os erros que estão sendo cometidos, mas -então- o poder vai se esvair pelas mãos. A oposição responsável não quer voltar ao poder por isso. Mas essa será uma realidade ao persistirem os erros, as imprudências e o açodamento juvenil.
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BRASIL: PIB CONTINUA DESACELERANDO E, EM NOVE MESES, CRESCEU APENAS 3,19%!
(G1, 17) 1. Nos nove primeiros meses deste ano, o crescimento da atividade econômica, segundo dados do IBC-Br, foi de 3,19%. Com isso, houve desaceleração frente ao resultado dos oito primeiros meses deste ano, que foi de 3,43%. No primeiro semestre, a taxa de crescimento estava em 3,74% - abaixo também dos 3,94% de expansão registrados até maio.
2. Em doze meses até setembro, ainda de acordo com números do Banco Central, a taxa de expansão do IBC-Br foi de 3,65%. Com isso, ficou abaixo do resultado obtido em 12 meses até agosto (4,07%). Também ficou menor do registrado em doze meses até julho (+4,52%) e até junho (4,89%). Nos doze meses encerrados em maio, a taxa de expansão estava em 5,34%. Os números, deste modo, também mostram desaceleração da taxa de crescimento no critério em 12 meses
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HOJE, NO BRASIL, A POLÍTICA FAZ-SE REPRESENTAR POR SEU SIMULACRO!
(Luiz Werneck Vianna, professor-pesquisador da PUC-Rio- Trechos- Estado de SP, 16) 1. Na sociedade brasileira de nossos dias, de tal forma a dimensão da política se encontra rebaixada que quem quiser procurar se acercar, em meio aos múltiplos e complexos processos que transcorrem no nosso cotidiano, deve deslocar-se desse terreno e mirar para outras regiões do social. Os partidos ou se deixam enredar nas malhas do governo por cálculo eleitoral e pelas conveniências das suas necessidades de reprodução política, ou aderem a ele sem apresentar a justificação de princípios que informem suas linhas de ação, caso até daqueles que se declaram vinculados a uma orientação doutrinária definida. Sob esse registro, o que vale é manter e expandir sua influência eleitoral, fora de propósito considerações em torno de uma ética de convicção.
2. Não à toa, a mais crua e melhor tradução desse estado de coisas veio a se manifestar com a criação de mais um partido, o Partido Social Democrático (PSD), que vem ao mundo como estuário de apetites mal resolvidos da classe política e sem declinar seu programa, mas já conta com uma das principais bancadas parlamentares. Nesse sentido, o PSD pode ser apresentado como o caso mais puro, expressiva figura típico-ideal, da estrutura partidária que aí está - isento de princípios, firmemente ancorado no cálculo estratégico dos seus membros e nas suas razões, orientadas, sans phrase, para fins instrumentais.
3. Sem lugar, a política faz-se representar por seu simulacro, nessa cômica mascarada em curso em nome da racionalização, em que um dia de alvoroço provocado por denúncias de malversação de recursos públicos pode ser sucedido pela defenestração, sob aplausos e agradecimentos presidenciais, dos administradores acusados de pesadas irregularidades. Se eram inocentes, por que saíram? Se não, por que os aplausos?
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