As CPIs e as Audiências Públicas e suas ridículas averiguações
Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira
Deveríamos estar acostumados com os pomposos e pífios instrumentos democráticos empregados pelo parlamento nacional em busca da verdade. Mas, não aprendemos.
Tanto as complicadas CPIs, cujos principais cargos são disputados a tapa pelos lados oponentes, como as não menos rutilantes Audiências Públicas, ambas servem, de fato, como palco para o desempenho de verdadeiros artistas e até de deploráveis canastrões, cuja única fala é um retumbante NÃO.
Vimos a fulminante atuação da ex – terrorista cognominada Isabel, quando perguntada se mentiu durante um interrogatório policial, subiu nas tamancas, ergueu a fronte e bradou sim, mediante tortura, para salvar cumpanheiros, menti . Foi aplaudida de pé, e o perguntador, após sua brilhante indagação, só se recompôs meses depois.
Ontem, 13 de julho de 2011, como em CPIs e Audiências anteriores, o acusado ou o sabatinado, como queiram, esgrimiu com rara maestria todas as indagações e dúvidas a seu respeito e acerca de seu trabalho à frente do DNIT.
Revelações surpreendentes brotaram da boca do questionado. Que as estradas estão muito bem, que os poucos buracos existentes já foram relacionados e todas as providências estão em curso para tapá - los.
Que os recursos, embora vultosos, foram empregados com parcimônia e mesmo com rígidos critérios, graças a ele, cioso gestor de polpudos orçamentos e que sua consciência determina sejam preservados, pois pertencem ao povo, e que não tem culpa que a inflação às vezes causa um sobre preço incontrolável.
O sabatinado nunca perdeu a compostura, e sob certos aspectos foi extremamente educado. Se lhe fosse perguntado se era um ladrão contumaz, responderia que não. Se furtara pirulito de criancinhas, negaria com veemência. Se alguma vez retirara esmola de um mendigo cego, rebateria com sonoro não. Quem o vira com a mão no chapéu deveria ser algum oponente político, pois estaria colocando o seu óbolo no recipiente.
Quanto às licitações fajutas negou qualquer participação e defendeu seus amigos, alegando ser capaz de por a mão no fogo por eles. Como lá não havia nenhuma fogueira, ficou por isso mesmo. No Brasil, felizmente ainda vale a palavra do individuo. Os outros são dados ao péssimo habito de mentir, de macular, ele não.
Foram sete horas de bombardeio. Foram sete horas de nãos, complementados com informações de como trabalhar bem e, silenciosamente, em prol do País.
Na platéia, a imprensa, os amigos, os inimigos, o desgoverno, curiosos, crentes e descrentes, otimistas e pessimistas, todos aguardando revelações e acusações bombásticas, que não vieram. Decepção (?).
Tivemos centenas de CPIs e Audiências Públicas e debates no Congresso ou adjacências, mas o que esperávamos? Que o sabatinado falasse cobras e lagartos, que estrebuchasse e batesse vigorosamente no peito e bradasse, perdoe – me sociedade brasileira, por que pequei?
Sim, ontem a verdade foi posta na mesa para o nosso banquete, e descobrimos que todas as acusações e insinuações contra a pobre vítima eram falsas e de pouca profundidade.
Pelo contrário, ao sabermos de viva voz os seus feitos à testa daquela agremiação beneficente, o DNIT, admiramos com redobrado fervor o Senhor Pagot. A pergunta que não quer calar é, por que diabos convocaram o Pagot?
Felizmente, as Audiências, assim como as CPIs servem para lançar uma luz nos verdadeiros heróis desta Nação. Pagot é um deles. Na próxima semana, outro herói, o Ministro Nascimento, certamente, abrirá seu coração ao julgamento público (dos Parlamentares, é bom que se diga).