1. As exportações brasileiras para China totalizaram US$ 30,79 bilhões em 2010, trinta vezes mais do que dez anos antes; e nesse período, as importações da China cresceram vinte vezes (US$ 25,600 bilhões em 2010). Nos próximos 5/10 anos, o Brasil começa a exploração de jazidas petrolíferas do pré-sal. Durante este período, a China comprará mais de 40% da demanda mundial de petróleo e uma porcentagem semelhante da produção do pré-sal.
2. Ocorreu uma queda extraordinária das exportações industriais brasileiras. Eram 58% do total em 2000 e caíram para 38% em 2011. O déficit da balança industrial alcançou U$S 37 bilhões em 2010. Ao mesmo tempo, as exportações primárias (minério de ferro / soja), que eram 22% em 2000, aumentaram para 46% em 2010; e se somarmos celulose e pasta de papel, ultrapassam os 60% durante esse período. Elas dobraram em 10 anos.
3. Este processo coincide com uma extraordinária valorização de 119% do real, entre 2004 e 2011. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 45% das empresas industriais que concorrem com produtos chineses perderam participação no mercado nacional entre 2006 e 2010; e com 67% das empresas exportadoras aconteceu a mesma coisa. Os fatores por trás da perda de mercado são o alto custo de produção e a baixa produtividade / competitividade, agravada pela valorização do real.
4. Os custos de produção estão diretamente relacionados com o custo do capital, com uma taxa de juros de 12% ao ano, três vezes superior ao da China; e uma pressão impositiva que é de 37% do PIB, duas vezes e meia a da República Popular da China. E ainda há o "custo Brasil": modernização insuficiente da infraestrutura e do sistema público, baixa produtividade e altos custos de produção. O papel do Brasil no comércio internacional é essencialmente passivo; seu superávit depende do preço das commodities no mercado mundial (demanda chinesa) e não do próprio Brasil.
5. A "reprimarização" significa um retrocesso histórico; implicaria em retroceder no processo de acumulação lançado por Getúlio Vargas, consolidado por Juscelino Kubitschek e pelo regime militar O maior problema do Brasil não é a China, nem a valorização do real, mas a falta de uma visão estratégica de longo prazo, que defina prioridades e objetivos para um processo sistemático de reformas internas.