 Chegada a Rio Grande depois de oito dias de travessia em caiaque
Crédito: HIRAN REIS E SILVA / ESPECIAL / CP
| Chegada a Rio Grande depois de oito dias de travessia em caiaque
Crédito: HIRAN REIS E SILVA / ESPECIAL / CP |
Oito dias de remo em caiaque para conquistar a Lagoa dos Patos. Foi assim que os professores Hiram Reis e Silva e Romeu Henrique Chala venceram em abril o desafio de cruzar a extensão de 265 quilômetros do maior manancial de água doce brasileiro, desde Porto Alegre até Rio Grande. Esta foi a segunda tentativa. A primeira, em 2009, precisou ser interrompida e o planejamento repensado diante das dificuldades da missão, com ventos de 70 km/h e ondas de um metro e meio de altura, acrescentando ingredientes de perigo ao que já é um desafio.
A dupla partiu da Capital no dia 10 abril, com plano de concluir a jornada no dia 16. Hiram, coronel reservista do Exército brasileiro, carregava na bagagem a experiência de duas travessias em rios da região Amazônica. Para ele, o segredo para encarar grandes aventuras está na capacidade de interação com o ambiente e, sobretudo, no condicionamento da mente. 'Tem que ter preparo físico, sim, mas precisa muito mais preparo mental', ensina o professor.
Aos 60 anos, Hiram pode falar com segurança sobre o assunto. A formação militar atribuiu-lhe condição física invejável para um homem de sua idade, denunciada apenas pelo grisalho dos cabelos e pelo óculos, necessário para tarefas como a leitura. O braço forte para remar é o mesmo que instruiu militares do Exército brasileiro em táticas de sobrevivência na selva e operações especiais na Amazônia. Hoje, quando não estão praticando aventuras, as mãos do coronel riscam a lousa nas aulas de Matemática do Colégio Militar, na Capital.
Hiram explica que a diferença entre as travessias amazônicas e a conquista da Lagoa dos Patos está na condição da água. Enquanto os rios favorecem o deslocamento pela corrente, na Lagoa a posição do vento pode provocar ondas contra a lateral da embarcação. Numa dessas que o professor Romeu passou o maior susto da jornada. 'Foi na sexta-feira, dia 15, perto da localidade de Ponta Rasa', lembra. A pequena embarcação de Romeu não resistiu à força dos ventos e virou três vezes. 'Fiquei preso na saia do caiaque, com o corpo imerso na água. Precisei fazer muita força para sair da dificuldade. Confesso que tive medo de me afogar', conta o homem de 50 anos.
Para ele, no entanto, a oportunidade de compartilhar da experiência do 'coronel' nas aventuras tem sabor de conquista e renovação. 'Cada dia tem um aprendizado novo, sobre o ambiente e as pessoas que encontramos pelo caminho e sobre o respeito com a natureza', resume. Hiram acredita que os maiores legados de uma viagem de aventura estão nas lições que a natureza oferece e na possibilidade de interagir com pessoas nas comunidades por onde passa.
Finalmente, depois de superarem os golpes do clima e do tempo, com a ajuda de um barco de apoio para pernoites e refeições, os professores terminaram a viagem em 18 de abril, dois dias após o planejado, quando chegaram a Rio Grande.
Agora, os dois aventureiros já estão preparando a próxima missão: 1,7 mil quilômetros de remadas entre Porto Velho, capital de Rondônia, e Santarém, a 'pérola dos Tapajós', encravada no solo do Médio Amazonas, no Pará. O desafio está marcado para começar no dia 22 de dezembro.
Mais detalhes sobre as aventuras na Amazônia e na Lagoa dos Patos podem ser encontradas no diário virtual de viagem no blog www.desafiandooriomar.blogspot.com, no website www.amazoniaenossaselva.com.br e no livro 'Desafiando o Rio-Mar - descendo o Solimões', da EdiPUCRS.
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