As Forças Armadas em dois tempos
José Geraldo Pimentel
Dois artigos de autoria de um articulista gaúcho fizeram-me refletir sobre o que eu penso,- como grande parte da população, e a maioria dos militares,- a respeito das nossas lideranças. As Forças Armadas encontram-se maltratadas, vilipendiadas, e desaparelhadas. A tropa desmotivada, sobrevive com salário aviltante. A instrução peca pela ineficiência causada por restrições de verbas, que afetam os treinamentos e provocam contenção com gastos com a alimentação. Nada bom para o desempenho de organismo militar, cuja missão constitucional é estar preparado e em condições de defender as instituições, o território nacional e, eventualmente, intervir em defesa da democracia. A região da Amazônia é alvo constante da cobiça de grandes potências. Nossas reservas de petróleo em camadas de pré sal, localizadas em faixa marítima além de nossos limites territoriais marítimos, mas que estão em nossa costa, causam preocupações, porquanto não se tem uma estrutura de defesa para garantir que essa riqueza realmente continue pertencendo ao país.
As nossas FFAA não estão preparadas realmente para dissuadir eventuais arroubos de países alienígenas. A preocupação com o fortalecimento das FFAA passa ao largo dos interesses das nossas autoridades.
Mexem-se nas diretrizes operacionais, mudam-se as estruturas de comando, deslocam-se unidades e pessoal de um local para outro, não visando cobrir determinada região que careça da presença militar; mas para tirar do foco das decisões do poder os chefes militares. O desmonte das FFAA é comandado por um pseudo conhecedor das lides militares, que ao menos fez o serviço militar obrigatório.
Este cidadão investido no cargo de ministro da Defesa, no seu desvairo de um megalomaníaco, comete bravatas como a contratação de um ex terrorista para assessorá-lo, achando que o mesmo por ter feito curso de guerrilha em país comunista, é um perito militar. O resultado é que as nossas autoridades militares passaram a agir como moscas mortas; isto é: nada fazem, senão dizerem amém e obedecerem cegamente. Admite-se que estejam possuídas da Síndrome de Estocolmo, pois vivem rastejando atrás de seus algozes.
Assisti na televisão, esta semana, uma cena deprimente. Um programa apresentava a vida de travestis na noite de uma grande cidade. Passa um carro e segura a bolsa de um travesti, que corre atrás, segurando como pode a sua tralha, até não resistir mais e cair destrambelhado no asfalto. A cena me transportou para uma situação de puro realismo fantástico vivida pelos nossos chefes militares. Eles agem como quengas, humilhadas, recebendo pauladas de todos os lados. A ‘Geni’ da canção de Chico Buarque! Na cena vista na TV o travesti pelo menos tentou segurar o que era seu, e amaldiçoou os impostores. Comportou-se como homem!
Ser homem não é só vestir uma calça comprida, colocar um quepe na cabeça, e sair por aí prestando continência e distribuindo medalhas para ex terroristas! A atitude faz a diferença!
Vejamos os artigos do ilustre articulista Lenilton Morato. No primeiro texto, "Gado Fardado", ele faz uma analise comportamental dos nossos chefes militares, expondo-os aos nossos olhos exatamente como os enxergamos. Uns touros castrados, domesticados e prontos para o abate. Veja esta parte do artigo:
"Mesmo antes da chamada redemocratização, a esquerda foi progressivamente marcando sargentos, oficiais e comandantes para que abraçassem o seu ideal de ‘um mundo novo é possível’. Progressivamente, a geração de militares nascidos e formados após a retomada do poder pelos partidos políticos foi sendo trabalhada para acreditar que o passado seria esquecido e que a anistia seria realmente para todos.
..., os cidadãos fardados foram caindo na armadilha. Foram marcados em sua mente, em sua alma para serem apolíticos, sem opinião ideológica formada. E pouco a pouco foram esquecendo os porquês da necessidade do movimento de 31 de março de 1964 e seu posterior enrijecimento. Passaram a acreditar na história contada por aqueles que perderam a batalha militar, mas venceram a guerra cultural."
O segundo texto é uma complementação do artigo anterior. Chama-se "O Sacrifício de Andrômeda". É uma desconstrução do que é visto e deveria ser entendido. Como sou adepto da teoria de São Tomé, que só acredita no que vê,- e eu vejo o que os olhos se negam ver, mas o coração abraça,- logo não acredito em estratégia, disciplina, hierarquia, para dissimular o silêncio obsequioso de nossas autoridades ante as ofensas morais lançadas contra a instituição militar, partidas de indivíduos marginais do quilate de Paulo Vannuchi, Tarso Genro, e outras criaturas menores como a atual ministra chefe da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, presidentes de entidades como a OAB, ONGs subvencionadas com verbas do governo, e alguns, poucos, mas ativos promotores públicos estaduais.
O escárnio contra as FFAA não tem limite. E o fazem de maneira aberta, ostensiva, inclusive com veiculação de novela que reporta os militares como sendo as criaturas mais ignóbeis do planeta. As autoridades militares vêem e se calam! COVARDIA!
Estes senhores são incapazes de terem uma atitude de homens!
Mas afinal, que homens seriam, se por baixo da farda escondem uma saia de escoteiro, e o dístico vermelho do PT, seu primeiro e único compromisso com a sua honra!
Vejam uma parte do segundo artigo.
"O artigo ‘Gado Fardado’ tem sido interpretado por alguns como sendo a prova de que nossas Forças Armadas estão acovardadas e que os comandantes militares perderam sua coragem. O post é passível desta interpretação, mas não é exatamente a mais correta. O texto não é uma afirmação, mas uma análise de como o silêncio pode ser visto como falta de pulso, de coragem. Afinal, fica por demais complicado de se entender porque nossos chefes se calam diante de tamanha falsificação da história brasileira que é diuturnamente incutida na cabeça de nossa juventude universitária, de onde sairão formadores de opinião e líderes de todos os setores. É claro que existem oficiais, subtenentes e sargentos marcados com a ideologia do partido. Mas estes compõem a minoria dos integrantes de nossas Forças Armadas. O problema é que o silêncio destas acaba por deixar margem para interpretações equivocadas. E é justamente isto o que está colocado naquele post."
Vou fazer como aquele general, que imitando a personagem do conto Copacabana, a loira oxigenada "Pintinha", se olha no espelho, sempre com aquele uniforme de campanha batido, e pergunta para a esposa:
- Que acha!
- Uma bosta! Responde a pobre senhora, que não aguenta mais lavar e passar o velho uniforme, já cheio de remendos e colarinho ‘n’ vezes virado pelo avesso.
"- A tropa, em qualquer situação, é o reflexo de seus chefes." Disse numa ocasião esse general.
Também vou me trocar.
"Eu vou prá Maracangalha
Eu vou!
Eu vou de liforme branco
Eu vou!
Eu vou de chapeu de palha
Eu vou!
Eu vou convidar Anália
Eu vou!
Se Anália não quiser ir
Eu vou só!"
(Maracangalha, de Dorival Caymmi).
José Geraldo Pimentel
Cap Ref EB
Rio de Janeiro, 16 de abril de 2011.
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http://www.jgpimentel.com.br/textos_siteview.asp?showmaster=1&sub_id=52&id=452&id_texto=452&key_m=452&ft_m=452&id_cat=5
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