Presidenta da República discursa para os novos Oficiais-Generais
Brasília - No dia 5 de abril, os novos Oficiais-Generais, promovidos no dia 31 de março, participaram da cerimônia de apresentação à Presidenta da República, DILMA ROUSSEFF, no Palácio da Alvorada.
Leia na íntegra o discurso da Presidenta da República.
Senhor Michel Temer, vice-presidente da República,
Senhor Nelson Jobim, ministro da Defesa,
Senhores ministros Antonio Palocci, da Casa Civil; José Elito, do Gabinete de Segurança Institucional,
Almirante Luiz Umberto de Mendonça, comandante interino da Marinha,
General Enzo Martins Peri, comandante do Exército,
Brigadeiro Juniti Saito, comandante da Aeronáutica,
General José De Nardi, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas,
Senhores oficiais-generais,
Senhoras esposas dos senhores oficiais-generais,
Senhores familiares,
Senhoras e senhores,
Recebo com alegria as insígnias de grã-mestra das Ordens do Mérito da Defesa, Naval, Militar e Aeronáutico, as mais altas condecorações concedidas pelo Ministério da Defesa e Comandos da Marinha, do Exército Brasileiro, e da Força Aérea, pela primeira vez, agora, concedidas a uma mulher.
Aproveito também para exprimir a particular satisfação que tenho, na qualidade de comandante das Forças Armadas, de poder contar com a eficiente atuação do ministro da Defesa, Nelson Jobim, bem como com o valioso apoio dos comandantes da Marinha, almirante Moura Neto; do Exército, General Enzo Martins; da Aeronáutica, Brigadeiro Juniti Saito; e do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, General José Carlos De Nardi.
É nesse espírito de valorização do trabalho das Forças militares que cumprimento os novos oficiais-generais da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, bem como suas esposas aqui presentes.
A carreira militar em que cada um dos novos oficiais-generais soube se destacar é pautada pelos valores do profissionalismo e da incansável dedicação ao país.
A promoção com que foram distinguidos constitui a justa e merecida recompensa por sua competência e pela excelência de suas trajetórias profissionais.
Ao transmitir as minhas mais sinceras congratulações aos novos oficiais-generais, compartilho com os senhores e as senhoras uma breve reflexão sobre a importância do papel que as Forças Armadas desempenham no Brasil.
Os militares são representantes do poder do Estado que, nos termos da Constituição, em pacto indissolúvel com a sociedade, detêm os meios legítimos necessários à garantia da defesa nacional, dos poderes constitucionais e das nossas extensas fronteiras terrestres, marítimas e aéreas.
É com orgulho que constato, nesse sentido, a evolução democrática da sociedade brasileira.
Um país que conta, como o Brasil, com Forças Armadas caracterizadas por um estrito apego às suas obrigações constitucionais, é um país que corrigiu seus próprios caminhos e alcançou um elevado nível de maturidade institucional.
Nossas Forças Armadas compartilham plenamente os valores da justiça, da democracia, da paz e da igualdade de oportunidades que lastreiam os objetivos internos e externos do Brasil. Contribuem, dessa forma, para consolidar nosso país como um Estado democrático de direito por excelência.
Estejam seguros de que não me escapam outras características singulares da profissão das Armas. O patriotismo, o estoicismo, a abnegação, a disciplina, a hierarquia. Não me escapam as privações às quais muitos de vocês são submetidos no cumprimento do dever.
Estamos construindo uma nação mais fraterna, mais igualitária e mais próxima, que jamais prescindirá da importante contribuição dos homens e das mulheres militares.
A prioridade fundamental do meu governo é, como sabem, acabar com a pobreza extrema no Brasil. Nessa luta conto com as Forças Armadas. Sua larga experiência de trabalhos sociais, desenvolvida em todo o território nacional e alcançando as regiões mais longínquas e remotas, tem valor inestimável para chegarmos a esse objetivo primordial.
Por seu espírito cívico e sua excelente formação profissional, os soldados brasileiros vêm atuando da forma mais dedicada e eficiente para que o Brasil se transforme definitivamente em um país desenvolvido. Um Brasil plenamente desenvolvido precisará de Forças Armadas equipadas, treinadas, modernas, para o cumprimento de suas missões constitucionais.
Senhores oficiais-generais, senhoras e senhores,
Estou segura de que compartilham minha convicção de que não existe desenvolvimento econômico e social e política externa soberana sem uma política de defesa afirmativa.
Não tenhamos ilusões: se o Brasil se abre para o mundo, o mundo se volta para o Brasil. Essa dinâmica é portadora de esperança, mas também de novas e grandiosas responsabilidades, que as Forças Armadas saberão cumprir.
A história ensina que não se constrói um grande país sem que esse seja capaz de conciliar a defesa de seus interesses e a permanente construção da paz entre as nações, valor essencial que tem presidido nossa política externa com a altiva participação de nossas Forças Armadas, sobretudo em missões humanitárias de paz, e nós nos orgulhamos disso.
Tenho plena consciência de que, apesar dos significativos avanços registrados na área de defesa nos últimos anos – em especial a partir da publicação da Estratégia Nacional de Defesa, em 2008, e da Lei Complementar de 10/2010 – muito ainda precisa... muito ainda deve e precisa ser feito.
Considero imprescindível diminuir nossas vulnerabilidades na área de defesa, consolidar uma indústria nacional de defesa dinâmica, modernizar os meios operativos, integrar as três Forças Armadas e adensar a capacidade institucional do Ministério da Defesa.
Senhores oficiais-generais,
As riquezas do pré-sal, descobertas nas profundezas do Atlântico, impõem um novo estágio para as forças de defesa. A garantia efetiva da soberania nacional, pela proteção das nossas fronteiras, tanto no oceano como também na Amazônia, se transformaram na prioridade da nossa estratégia de defesa, a fim de assegurar às gerações futuras de brasileiras e de brasileiros a garantia de um verdadeiro passaporte para o futuro, que se constitui necessariamente quando se trata da exploração das riquezas do pré-sal.
Sabemos que o nosso país também é um país vocacionado para a paz; tem um compromisso histórico com a paz, com a democracia e com o diálogo.
Temos orgulho de viver em paz com os nossos dez vizinhos há mais de um século, fruto de uma relação harmoniosa que pretendemos aprofundar no nosso governo. Sabemos, no entanto, que apenas através de uma força de dissuasão convincente teremos a segurança da manutenção desta paz.
Sabemos também que o papel que o Brasil assumiu irá nos exigir um novo protagonismo. A missão de paz no Haiti, liderada com tanta honra e humanidade pelas nossas Forças Armadas são um exemplo destacado das responsabilidades brasileiras na ordem global. E, aqui, eu não posso deixar de homenagear todos os brasileiros que tombaram durante essa missão de paz.
Senhores oficiais-generais, senhoras esposas, senhores familiares, conheço plenamente as linhas essenciais do plano diretor elaborado pelo ministro Nelson Jobim. Em um país ainda socialmente desigual como o Brasil, poderia parecer tentadora a noção de que a modernização e o dimensionamento das Forças Armadas constituiriam esforço ocioso, prejudicial ao investimento em outros setores prioritários. Isso é um grande engano. O certo é que a defesa não pode ser considerada elemento menor da agenda nacional.
É importante também que o conjunto dos brasileiros compreenda a importância de seu engajamento nos assuntos relacionados à defesa. A sociedade civil precisa compreender que os temas de defesa não são exclusividade dos militares. Uma boa oportunidade para o envolvimento civil nessa seara são as discussões em torno do Livro Branco de Defesa Nacional. Atualmente em elaboração, o Livro permitirá que a sociedade civil aprofunde seus conhecimentos sobre os temas militares e também servirá para ampliar o conhecimento do próprio estamento militar sobre si mesmo.
Tenham a certeza, senhores oficiais-generais, de que encontrarão em mim uma liderança aberta ao diálogo, disposta a agregar em torno de si todas as forças vivas da nação desejosas de contribuir para a afirmação do grande destino que estamos construindo. Conto com a dedicação do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para somar forças no objetivo comum de construir um país desenvolvido, do qual consigamos erradicar totalmente a miséria.
Reitero meus cumprimentos a cada um dos novos oficiais-generais, suas esposas e familiares, e desejo-lhes todo o sucesso nas importantes missões e responsabilidades que assumem a partir de agora.
Parabéns e muito obrigada.
O Globo - 06/04/2011
Comandante Dilma
Na primeira cerimônia com militares, a presidente Dilma comandou a promoção de oficiais e afirmou: "Um país que conta com Forças Armadas caracterizadas pelo estrito apego às obrigações constitucionais é um país que corrigiu caminhos." Dilma evitou temas polêmicos, como os arquivos da ditadura, e recebeu a Ordem do Mérito da Defesa, jamais dada a uma mulher.
Dilma fala a militares: Brasil corrigiu caminhos
Presidente é condecorada e diz que, com Forças Armadas no papel constitucional, país consolidou democracia
Luiza Damé
BRASÍLIA. Na sua primeira cerimônia oficial com militares, ontem no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff disse, sutil e diplomaticamente, que as Forças Armadas têm de cumprir o seu papel constitucional e que, desta forma, o Brasil "corrigiu seus próprios caminhos" e consolidou a democracia. A presidente comandou a solenidade de promoção de oficiais da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, mas não tocou em assuntos polêmicos como os direitos humanos e a criação da Comissão da Verdade para apurar violações durante a ditadura militar.
- É com orgulho que constato a evolução democrática da sociedade brasileira. Um país que conta, como o Brasil, com Forças Armadas caracterizadas pelo estrito apego às suas obrigações constitucionais é um país que corrigiu seus próprios caminhos e alcançou um elevado nível de maturidade institucional. Nossas Forças Armadas compartilham plenamente dos valores da justiça, da democracia, da paz e da igualdade de oportunidades que lastreiam os objetivos internos e externos do Brasil. Contribuem para consolidar nosso país como um estado de direito por excelência - discursou Dilma para uma plateia de cerca de cem pessoas.
Dilma é a primeira mulher a receber insígnia da Defesa
A presidente participou da solenidade juntamente com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o vice Michel Temer, e os comandantes das Forças Armadas. Também estava presente o ex-deputado José Genoino, atualmente assessor da Defesa. Um pouco antes, em uma cerimônia reservada, a presidente recebeu a insígnia de Grã-Mestra da Ordem do Mérito da Defesa. Pela primeira vez, uma mulher foi condecorada com essa medalha. Dilma também recebeu a Ordem do Mérito Militar, do Exército; a Ordem do Mérito Naval, da Marinha; e a Ordem do Mérito Aeronáutico, da Força Aérea Brasileira. Ao assumir a Presidência, Dilma automaticamente recebeu a Grã-Cruz, o mais elevado grau das condecorações.
Durante a promoção dos oficiais, ela agradeceu a homenagem das Forças Armadas e elogiou o trabalho de Jobim, dos comandantes do Exército, Enzo Peri, da Marinha, Moura Neto, e da Aeronáutica, Juniti Saito, além do chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, José Carlos de Nardi. Disse que Jobim tem "eficiente atuação" e que o governo conta com o "valioso apoio" dos comandantes.
Dilma disse que as Forças Armadas "detêm os legítimos meios de defesa nacional, dos poderes constitucionais e das fronteiras". A presidente reconheceu que a carreira militar tem privações, mas destacou aquelas que considera as principais características dos integrantes das Forças Armadas - patriotismo, estoicismo, abnegação, disciplina e hierarquia. Também destacou o trabalho social dos militares Brasil afora.
- Estamos construindo uma nação mais fraterna e mais igualitária, que jamais prescindirá da importante contribuição das Forças Armadas.
Dilma: defesa nacional não é elemento menor
Em um gesto de agrado aos militares, a presidente disse ainda que os investimentos nas Forças Armadas não podem ser considerados menores nem desviados para atender aos programas sociais. No início do ano, Dilma adiou a decisão sobre a compra dos novos caças para a Força Aérea Brasileira, um dos principais investimentos na área de defesa:
- Em um país ainda socialmente desigual como o Brasil, poderia parecer tentadora a noção de que a modernização e o dimensionamento das Forças Armadas constituiriam esforço ocioso, prejudicial ao investimento em outros setores prioritários. Isso é um grande engano. O certo é que a defesa não pode ser considerada elemento menor da agenda nacional.
No fim da cerimônia, Dilma evitou entrevista aos jornalistas. Perguntada, de longe, pelos repórteres sobre os arquivos da ditadura, ela respondeu:
- Parabéns para você.
O Estado de S. Paulo - 06/04/2011
Presidente diz que País `corrigiu caminhos` após o regime militar
Militares atenderam a pedido do cerimonial e a presidente Dilma Rousseff não recebeu continências em solenidade de promoção de oficiais das Forças Armadas. Em frase endereçada aos generais, Dilma fez referência ao regime militar e disse que o País “corrigiu seus próprios caminhos".
Dilma diz que País ""corrigiu"" caminho após regime militar
Em evento com as Forças Armadas, presidente enaltece democracia; por mudança no protocolo, militares não batem continência
Leonencio Nossa / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Em uma quebra de tradição militar, a presidente Dilma Rousseff não recebeu ontem continências durante solenidade de promoção de oficiais das Forças Armadas. Na cerimônia, no Salão Nobre do Planalto, os oficiais seguiram à risca pedido do próprio cerimonial do governo de não usar a continência como forma de deferência a Dilma, limitando-se ao aperto de mãos.
A norma do cerimonial que dispensa a continência a oficiais promovidos foi publicada em dezembro do ano passado, pouco após a eleição de Dilma.
Num discurso lido e calculado, a presidente ignorou o debate sobre violações dos direitos humanos nos anos do regime militar (1964-1985) e não permitiu imagens do momento em que recebeu as insígnias da Ordem da Defesa, maior comenda da área.
Dilma, porém, em frases endereçadas aos oficiais-generais, fez referências sobre o período militar, ressaltando que o País "corrigiu seus próprios caminhos". "Um país que conta, como o Brasil, com Forças Armadas caracterizadas por um estrito apego a suas obrigações constitucionais é um país que corrigiu seus próprios caminhos e alcançou elevado nível de maturidade institucional", disse.
Generais promovidos ontem disseram ao Estado que o fim da tradição da continência não significou nenhum tipo desrespeito à presidente, descartando qualquer atitude de provocação à ex-presa política e adversária da ditadura. Para ressaltar que a relação de Dilma com os militares está tranquila, a assessoria de imprensa do Planalto mostrou um folheto, de 20 de dezembro passado, destacando que a continência já não é recomendada aos oficiais promovidos. Na cerimônia daquele dia, o então presidente Lula recebeu continências de oficiais. Diz a nova norma: "Durante a apresentação, os oficiais generais não prestam continência individual".
O folheto é só uma orientação aos promovidos, não tendo poder de substituir a atual legislação sobre continência e honrarias. O decreto 2.243, de 3 de junho de 1997, estabelece que a continência é uma das formas de demonstração de respeito ao presidente da República por parte dos militares. A norma destaca que há "outras demonstrações" de deferência, como a simples observância à hierarquia, algo visto ontem na solenidade.
Mudanças. O fim da tradição da continência ao presidente faz parte de uma série de mudanças no cerimonial do Planalto feitas no final do governo Lula para ajustar a casa ao estilo de Dilma. Uma dessas mudanças foi o fim da obrigatoriedade de hasteamento da bandeira nacional nos palácios durante despacho ou permanência da presidente.
Na cerimônia, a presidente fez um afago aos militares rebatendo as críticas aos gastos com defesa. A presidente, porém, não comentou a decisão de cortar recursos da área militar e adiar a compra de caças para a FAB.
"Em um país socialmente desigual como o Brasil poderia parecer tentadora a noção de que a modernização e dimensionamento das Forças Armadas constituiriam esforço ocioso e prejudicial ao investimento em outros setores prioritários. Isso é um grande engano", disse. "O certo é que a defesa não pode ser considerada um elemento menor na agenda nacional." No evento em que promoveu 70 oficiais, Dilma ressaltou ainda o "profissionalismo" e "dedicação" dos militares.
SINAIS DE UMA RELAÇÃO DELICADA
Beijo na bandeira
Ao tomar posse, em 1º de janeiro, a presidente Dilma Rousseff quebrou o protocolo passar as tropas militares em revista, um dos momentos mais solenes da cerimônia. Ela caminhou diante da guarda de honra e, próxima às tropas perfiladas, beijou uma bandeira do Brasil. Em relação a seu passado de torturada política, Dilma frisou que não guarda rancor e deixou isso claro a militares.
Desaparecidos e vergonha
Também em sua posse, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, general José Elito Siqueira, afirmou que a existência de desaparecidos políticos na ditadura (1964-85) não deve ser motivo de vergonha, mas um "fato histórico". "Nós temos que ver o 31 de março de 1964 como dado histórico de nação, seja com prós e contras", afirmou. O caso provocou desconforto no Palácio do Planalto e levou a presidente a chamar o general para conversa reservada.
Comissão da Verdade
A criação da comissão para apurar fatos ocorridos na ditadura ainda provoca estranhamentos entre governo e militares. Dilma defende abertamente a criação da Comissão da Verdade. Os militares insistem que não é preciso reviver o passado.
Folha de S. Paulo - 06/04/2011
Brasil "corrigiu seus caminhos", diz Dilma a militares
Torturada na ditadura, presidente afirma que Forças hoje possuem "apego a suas obrigações constitucionais"
Presidente estreou em função de comandante em chefe e recebeu medalhas de Marinha, Exército e Aeronáutica
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
BRENO COSTA
DE BRASÍLIA
Presa e torturada pela ditadura militar (1964-1985), a presidente Dilma Rousseff estreou ontem sua condição de comandante em chefe das Forças Armadas.
Em cerimônia de apresentação dos novos oficiais-generais do Exército, no Planalto, ela disse que o país "corrigiu seus próprios caminhos".
"Um país que conta, como o Brasil, com Forças Armadas caracterizadas por um estrito apego a suas obrigações constitucionais é um país que corrigiu seus próprios caminhos e alcançou um elevado nível de maturidade institucional", disse Dilma a 70 oficiais-generais.
Antes da solenidade, ela recebeu as medalhas da Grã Cruz da Defesa, da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, na presença do ministro Nelson Jobim (Defesa) e dos respectivos comandantes.
Em discurso, Dilma não fez mais menções à ditadura e não citou a Comissão da Verdade para apurar abusos cometidos após 1964. O projeto de lei de criação da comissão tramita na Câmara.
"O Brasil precisará de Forças Armadas equipadas, treinadas e modernas", disse Dilma, defendendo a necessidade de uma "força de dissuasão convincente". E reforçou: "A Defesa não pode ser considerada elemento menor da agenda nacional".
Jobim disse que "os militares ficaram muito satisfeitos", e o comandante do Exército, Enzo Peri, considerou o discurso "excelente".
Ele explicou o porquê: "A presidente disse tudo o que nós queríamos ouvir. Apesar da prioridade ao combate à miséria, com o qual todos concordamos, ela falou em soberania e em capacidade de dissuasão, fundamental para todos nós [militares]".
O ministro, o comandante e o Planalto desmentiram que teria havido "insubordinação" dos militares que, ao se apresentarem a Dilma, não bateram continência. "Isso é coisa de imaginação muito fértil", reagiu Peri. "Pura fofoca", acrescentou o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito.
Oficiais batem continência para o presidente quando há o "toque do comandante em chefe", de corneta. Ontem, não houve isso. As instruções do Cerimonial distribuídas aos oficiais foram iguais às usadas no governo Lula. Diziam que o cumprimento deles à presidente, ao vice Michel Temer e a Jobim deveria ser aperto de mão.
Apesar de Dilma ter defendido Forças "equipadas e treinadas", os movimentos do governo não sinalizam nessa direção. A Defesa foi uma das áreas mais atingidas pelo corte no Orçamento. Perdeu R$ 4,38 bilhões.
Correio Braziliense - 06/04/2011
Discurso conciliador
Diante de uma plateia de 70 oficiais-generais das três Forças Armadas, a presidente Dilma Rousseff fez ontem um discurso de conciliação com os militares, em que exaltou o que considera uma evolução democrática.
“Um país que conta, como o Brasil, com Forças Armadas caracterizadas por um estrito apego a suas obrigações constitucionais é um país que corrigiu seus próprios caminhos e alcançou um elevado nível de maturidade institucional”, afirmou a presidente, torturada nos porões da ditadura. Ela recebeu a insígnia de Grã-Mestra da Ordem do Mérito da Defesa. Foi a primeira vez que uma mulher recebeu a ordem, concedida a militares, civis nacionais e a militares e civis estrangeiros que tenham prestado relevantes serviços às Forças Armadas.
Obs.: É verdade, Dona Dilma: "o Brasil corrigiu seus caminhos". Ela não explicou do que se trata, mas suponho que se referiu à obra dos militares, que livraram o Brasil de se transformar numa Cuba continental, caso os grupos terroristas, como a VAR-Palmares na qual ela mesma lutou, tivessem conseguido instalar no Brasil uma ditadura comunista (F. Maier).