1. Abdelaziz Bouteflika, civil, foi um dos líderes da Guerra de Independência da Argélia, e tornou-se ministro da Juventude e dos Esportes (1962) e Ministro das Relações Exteriores (1963), sempre muito próximo do Presidente Houari Boumédiène (1965/1978). Durante sua gestão, a Argélia destacou-se no cenário internacional, sendo líder do Movimento dos países não alinhados. Renunciou ao cargo de chanceler em 1979 depois de não ser eleito o sucessor de Boumédiènne.
2. De 1981 a 1987 ficou exilado devido a alegações de corrupção e exerceu diversas missões diplomáticas nas Nações Unidas. Retornou ao país depois de o caso ter sido arquivado. Em 1988, após assinar um documento de protesto contra o uso da força pelo governo argelino, saiu do cenário político e voltou a trabalhar na ONU.
3. Em 1999, concorreu à presidência e foi eleito como independente, com 74% dos votos. Todos os outros candidatos haviam desistido da eleição, alegando fraude. Após sua vitória, Bouteflika organizou um referendo sobre suas propostas para restaurar a paz e a segurança nacionais e testar a sua popularidade após a sua contestada eleição, tendo vencido o referendo com 81% dos votos.
4. Em 8 de abril de 2004, foi reeleito com 85% dos votos em uma eleição elogiada pelos observadores internacionais como um exemplo de democracia no mundo árabe. Em 29 de setembro de 2005, mais de 18 milhões de eleitores foram chamados a se pronunciar sobre um projeto presidencial pela "paz e reconciliação nacional", que tenta por fim à crise e às violências políticas que fizeram desde 1992 mais de 150 mil mortos e milhares de desaparecidos. Os dois principais partidos de oposição pediram um boicote ao referendo. No total, 97,36% dos eleitores votaram a favor do "sim", apoiando o projeto do presidente.
5. Nas manifestações desses dias em Argel, não se pediu seu afastamento do poder, mas a restauração de certos preceitos democráticos, como o levantamento da censura à mídia e do estado de emergência. Também, ao contrário do observado no Cairo, as manifestações foram coordenadas por partidos políticos laicos, cujos líderes se pronunciavam de maneira correta, sem as estrapolações demagógicas e populistas dos egípcios.
6. Vivem na França 3 milhões de argelinos, de 35 milhões de habitantes.