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Artigos-->Coronel Lício Maciel desmascara coronel mentiroso -- 26/01/2011 - 14:47 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A TESTEMUNHA



“A esquerda tem memória de elefante e fúria de mulher rejeitada" (Paulo Francis).



O Coronel da reserva da Força Aérea Brasileira, Pedro Corrêa Cabral foi ( 20/ 10/ 1.993 ) e voltou a ser ( 23/ 05/ 2.001 ) a testemunha cooptada pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados ( por trás está a ONG "Tortura Nunca Mais" e seus ativistas Nilmário Miranda, Luiz Eduardo Rodrigues Greenhalgh, Carlos Tiburcio e outros) para reabrir o IP sobre a fracassada "Guerrilha do Araguaia". Escolhida a dedo e bem de acordo com o caráter dos selecionadores revanchistas.



O episódio tem antecedentes e semelhanças: pela ressonância via - mídia, com o da reportagem do Sr Caco Barcellos, difundida, em 1º de abril, no "Fantástico", (que também será desmascarada) com seqüência nos dias 02 e 03 de abril no "Jornal Nacional", como tantas outras matérias orquestradas contra as Forças Armadas; pelo conteúdo, com a similitude da matéria televisiva já citada e as orquestradas, isto é, plenas de ficção, distorções e uso indevido das finalidades da Comissão de Direitos Humanos, pelos petistas que a compõem; e pelo aproveitamento malicioso do assunto, pois é repeteco de depoimento patético, com a mesma testemunha, sobre o mesmo tema, no mesmo local, ocorrido em setembro de 1.993; como veremos no correr desta matéria ...



Começamos nos idos de 1969...



Em 02 de janeiro de 1.969, o 2º Tenente Aviador, Pedro Corrêa Cabral, decolou na aeronave T6-1470 da Base Aérea de Natal, RN, para realizar um vôo de manutenção. Ao invés de seguir as normas convencionais previstas, desviou a aeronave que pilotava para a cidade de Maxaranguape, RN, passando a realizar vôos a baixa altitude sobre o rio Maxaranguape, onde muitas pessoas, adultos e crianças, tomavam banho ou estavam nas margens. Sua imprudência e imperícia foram tamanhas que baixou demais o aparelho, atingindo 3(três) menores, matando dois (2) : Rosendo Marcelino da Silva, com 14 anos, esquartejado; Elizabete Nascimento Oliveira, com11 anos, degolada ; e ferindo, gravemente, uma terceira, Veridiano Alcântara, com 15 anos, ,com a coluna quebrada e que viveu aleijado, até os 32 anos, quando veio a falecer.



Pelos crimes cometidos foi condenado, pelo Conselho Especial de Justiça da 7ª Região Militar, em 10/06/1969, a pena de um ano e dois meses de prisão. Pena leve, para o crime cometido, como é comum neste país, até hoje. Recorreu da sentença, tendo os Ministros do Superior Tribunal Militar negado provimento às apelações do Ministério Público e do réu, em 26/09/1969.



A testemunha, em outubro de 1993, foi entrevistada pela revista "Veja", sobre a "Guerrilha do Araguaia", merecendo destaque na capa, devido ao seu depoimento em 20/09/1993, na Comissão Externa dos Desaparecidos Políticos da Câmara Federal. Em conseqüência, foi para a região de Xambioá, financiado por nós contribuintes, a fim de identificar os locais das "atrocidades" que relatara. Na área, teve um "branco" ou "apagão", não lembrando mais nada do seu relato. Naquela época, mentiu para a revista sobre o acidente em Maxaranguape/ RN, dizendo ter matado, acidentalmente, um jangadeiro e que a causa da perda de altitude fora falha técnica.



Para maiores detalhes, e que detalhes, vejam quem é a peça, selecionada a dedo pelos "ínclitos" revanchistas, membros da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, no "Jornal de Natal", edição de 18/10/1993, página A13. Talvez a "Veja" publique (duvidamos).



Senhores e senhoras, o Coronel Aviador da Reserva, Pedro Corrêa Cabral, mentiu muito, muito mais... Passemos para o ano de 1.973, em pleno "anos de chumbo", quando quem dizia saber a hora faria acontecer ( parafraseando Geraldo Vandré ), não souberam a hora e não fizeram acontecer. Deu no que deu, no campo e na cidade...



Em 17/01/1973, o então 1º Ten. Corrêa Cabral foi transferido da Base Aérea de Fortaleza para o 1º EMRA, em Belém, tendo se apresentado pronto para o serviço, em 18/01/74, entrando em gozo de 8 dias de dispensa. Em 31/01/74, foi qualificado piloto de L-19 ("paquera" ), aeronave de reconhecimento aéreo, que conduz o piloto e um (1) observador aéreo e nada mais, nada mais mesmo, tão exíguo é o espaço.



De 03 a 23/02/74, viajou para Marabá como piloto de L- 19, ficando estacionado no Aeroporto, executando missões de reconhecimento aéreo.



As missões de reconhecimento aéreo, para sobrevoar a área de Xambioá e outras áreas próximas, tinham o Aeroporto de Marabá como origem e destino final, não havendo possibilidade de descida em Xambioá e imediações . A distância média de Marabá para Xambioá e áreas circunvizinhas é de 130 km. As ligações ar - terra e terra - ar, normais, eram efetuadas via rádio, como é norma neste tipo de ações.



Os helicópteros pousavam em áreas compatíveis com a sua capacidade operacional



A chamada 3ª Campanha da "Guerrilha do Araguaia", segundo o PC do B, teve início em 7 de outubro de1973, durando até mais ou menos meados de 1974. Após esta data ( segundo o "Estudo Crítico Acerca do Princípio da Violência Revolucionária" aprovado no VIº Congresso do PC do B , em 1983, e que trata, também, da "Guerrilha do Araguaia"), apenas alguns "guerrilheiros" esparsos (sic) continuaram operando (página 319, do livro "Em Defesa dos Trabalhadores e do Povo Brasileiro", Editora Anita Garibaldi, do PC do B, 2000) . Guerrilheiros esparsos, deixados à mingua, sem apoio de seus "valorosos comandantes"? Abandonados pelo PC do B, dissidentes desgostosos , ou, talvez, pessoal suspeito de ter sido recrutado" pelo pessoal da inteligência militar ? Será...



De 05/08/74 a19/09/74, o 1ºTen Aviador, Pedro Corrêa Cabral, realizou o Curso de Piloto de Helicóptero, tendo recebido o certificado de conclusão, em 03/10/74. Somente em 10/11/74, foi considerado qualificado como 2º Piloto de Helicóptero UH - 1H.



Aqui aumentam as dúvidas e crescem os indícios e evidencias sobre ficções, mentiras e engodos do denunciante e de seus defensores...



Segundo o relato do PC do B, na publicação "Guerrilha do Araguaia", 3ª edição, 1.996, da Editora Anita Garibaldi, o período desta aventura guerrilheira ( aventura segundo o atual PCB, o antigo "Partidão" e nós), durou de 1.972 a 1.974. Pelo Relatório de Ângelo Arroyo (do Comitê Central do PC do B, da Comissão Militar do Partido e um dos responsáveis pela aventura) a guerrilha, misto de maoismo e foquismo, chega até março de 1.974. Analisando os dados disponíveis, do PC do B e de outros autores da esquerda, não há relato de baixas após meados de 1974. Como data limite de baixas ocorridas, pela deficiência de dados do PC do B, podemos, talvez, chegar até agosto ou setembro de 1.974... O leitor se lembra que Pedro Corrêa Cabral só podia Ter chegado à região, como piloto de helicóptero depois de 10/11/1974?



Os fatos expostos da página 170 até a página 196, do livro "Dos Filhos Deste Solo" (de autoria de Nilmário Miranda e Carlos Tiburcio, Editado pela Editorial Bomtempo e Fundação Perseu Abramo do PT, edição de 1.996), e que tratam da "Guerrilha do Araguaia" e do PC do B, indicam os mesmos dados, já citados anteriormente, porem adicionam, na última página (196 ), o testemunho, do Cel. Av. Ref. da Aeronáutica , Pedro Corrêa Cabral, prestado na Comissão Externa dos Desaparecidos Políticos da Câmara Federal, em 20 de setembro de 1.993, sem lhe dar o nome completo e trocando seu nome no último parágrafo, para "Pedro Lobo" (ver página 196 do livro citado). Confusão inconsciente com o terrorista Pedro Lobo de Oliveira, ex-ALN ? Estranho não citar o nome corretamente ...Codinome...Nunca se sabe...



Estes textos citados são coerentes com o do "Estudo Crítico Acerca do Princípio da Violência Revolucionária", aprovado no VIº Congresso do PC do B (1.983), e que analisa a "Guerrilha do Araguaia, já citado anteriormente. É interessante a abordagem "democrática - popular" do princípio da violência revolucionária aplicado pela "guerrilha do Araguaia...O que seria de nós?



A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados apresentou, como fato novo, o testemunho do Cel. Aviador Reformado, Pedro Corrêa Cabral, em 23 de maio de 2001, com ampla orquestração pela mídia, esquecendo-se , de alardear, durante estes longos sete anos, o seu testemunho ocorrido em 20 de setembro de 1.993. a vergonhosa ida à área do Araguaia, na época, onde teve um "branco", de nada lembrando. Após sete longos anos, repetimos, o velho depoimento renasceu com assessoria de bons militantes do revanchismo e do radicalismo... Coisas típicas dos "interesses" do Nilmário e do Greenhalg...



Qual ou quais as razões do "apagão" de memória?



Primeira, o Coronel é mentiroso como comprova seu relato à revista "Veja", quando omitiu as causas do acidente e as mortes das crianças, substituindo as mesmas por um jangadeiro sem a menor cerimonia. A "Veja" e a Comissão da Câmara aceitaram a "idoneidade da fonte", por "motivos nobres"... Aconteceu o que se viu... .. Diante de uma região que desconhecia com os pés no chão, como Pedro Cabral ia reconhecer lugares que nunca visto?



Segunda, o Coronel só concluiu seu curso de helicóptero em 19/09/1974 e só chegou na área de operações como piloto de helicóptero em 07/11/974. Como piloto de L - 19 de janeiro a agosto de 1974, como iria testemunhar o que não poderia ter visto?



Terceiro, o livro do Coronel é obra de ficção ou de ouvir dizer sem dizer quem falou, visando lucro ou projeção pessoal e atendendo certos interesses, inclusive de seus "espertos" selecionadores, militantes de "carteirinha" do revanchismo...



Quarto, só a afirmativa feita, pela boquirrota e destrambelhada testemunha, de que o Presidente Médici teria dado a ordem de eliminar todos os terroristas, bastaria para colocar em dúvida as declarações desta figura irresponsável e patética, condenada pela Justiça Militar, e mentirosa, como ficou comprovado em sua entrevista á revista "Veja", em 1993, quando omitiu sua culpa na morte das duas crianças e a grave lesão ocasionada em uma terceira.



Como e quando tomou conhecimento? Quem transmitiu tal conhecimento ? Foi na fase das operações depois dela?



Apostamos que os mui "dignos" membros revanchistas da Comissão de Direitos Humanos nem ligaram. Aos mesmos só interessava, e ainda interessa, esta lengalenga para reativar a mesmice de sete anos atrás e reabrir um processo, obtendo novas vantagens...



O problema dos que indicaram o Coronel para depor são as indenizações? Ou serão os lucros editoriais ? Não queremos crer... Podem ser certos objetivos táticos e estratégicos ainda embutidos na cachola dos perdedores "vitoriosos", hoje gramscianos, leninistas, trotskistas, estalinistas, maoistas e fidelistas enrustidos, com ares "reformistas", cercados por seus "intelectuais orgânicos". As visitas de certas pessoas a Cuba influi nestas ações de revanchismo ? Algum deputado petista tem escritório de advocacia em S. Paulo, dedicado as ações de indenização? Caso positivo podem informar à imprensa? O Aton Fon Filho trabalha neste ramo? Aonde? Olha aí o pessoal da "velha" ALN, mandando no pedaço e no pedaço do "partido de novo tipo", com "estrelas e borboletas".



Não achamos injusta a busca empreendida. Mas não usem artifícios indecorosos, como estão usando..



O que se segue não é só para o PC do B é para todos revanchistas..



Não concordamos com : a exploração dos mortos; a distorção dos fatos; a exaltação de covardes; as acusações infundadas; o falso testemunho ocular de olhos vendados; as escutas impossíveis de ouvir; acusações com a ausência do contraditório; o assassinato de civis não-combatentes; a delação de companheiros; o esquecimento de "justiciamentos" praticados e não confessados ;os feitos "heróicos" exaltados sem testemunho isento; o abandono de companheiros em combate; a citação de efetivos mirabolantes do inimigo para demonstrar valor decantado e pouco observado; o temor de afirmarem suas ideologias marxistas-leninistas ou de suas variantes, naquela época e até hoje, sempre travestidos de "democratas" e defensores dos direitos humanos que nunca praticaram.



Lembramos, ainda, suas "heróicas" jornadas "militaristas" como: assaltantes de bancos, de carros - fortes e de supermercados; seqüestradores; assassinos de não - combatentes; ladrões de automóveis; guerrilheiros de araque sem vitórias; e "justiceiros", eliminando companheiros após rito sumário, sem defesa ; "professores" de marginais "excluidos", na Ilha Grande, os quais, como bons alunos, criaram as organizações a imagem e semelhança das de seus mestres, que se projetam no presente, com suas siglas e nomes conhecidos : CV ( Comando Vermelho);CV Jovem (Comando Vermelho Jovem);Terceiro Comando ; PCC (Primeiro Comando da Capital); Amigos dos Amigos; e tantas outras.



Muitos destes antigos guerrilheiros de araque, com honrosas exceções, tiveram formação paramilitar em países estrangeiros: URSS; China Popular; Cuba e Líbia, pelo visto cursos de péssima qualidade - o curso ou os alunos.



Não colocamos as emboscadas, entre as "jornadas heróicas" praticadas, pois elas são ações normais neste tipo de guerra e todos sabem bem disto, pois leram Che, Marighella, Ho, Giap e tantos outros. Só que nossos terroristas e "guerrilheiros" tupiniquins leram e não aprenderam. Nós, bem...Também lemos. Alguns terroristas caíram neste tipo de ação, entre eles um suposto "mestre", Carlos Marighella, com curso na Academia Militar de Pequim, em 1952, e vocês falam de assassinato só por causa dele ? Chorem os mortos, mas não apelem, eles sabiam as conseqüências, pensavam que era a hora, mas não sabiam o que poderia acontecer. Subestimaram adversários, não souberam avaliar condições objetivas ( meios disponíveis ) e subjetivas (apoio popular, valor de seus quadros e outros...).



VOCÊS COMEÇARAM OS "ANOS DE CHUMBO", LEMBREM BEM, ELES COMEÇARAM EM 1961.



"A derrota do Araguaia não foi fruto de erros secundários, mas da inadequação da concepção à realidade brasileira"

Carlos Magalhães, Teoria e Política Nº 2, Brasil Debates, S. Paulo 1.980, página 123



."este tempo todo o Partido se afastou da classe operária. Ir para o campo, mobilizar os camponeses, criar bases de apoio, desenvolver a guerra, foi o centro de nossa atividade, cujo resultado para o PC do B foi o Araguaia. No meu ponto de vista , isto está bastante ligado com o maoismo e tem muita influência do blanquismo".

José Novais, ex - dirigente do PC do B e da CONTAG, hoje no PT, líder camponês . Jornal "Movimento", Nº 265, de 28/07/1990, página 8.





Obs.: O coronel Lício Maciel, herói da Guerrilha do Araguaia, foi quem prendeu José "mensaleiro" Genoino e é autor do livro "Guerrilha do Araguaia - Relato de um Combatente", onde ele desmascara o coronel melancia da Aeronáutica Pedro Corrêa Cabral. O coronel mentiroso é autor de uma obra de ficção romanceada daquele episódio chamada "Xambioá - Guerrilha do Araguaia". A revista Época embarcou no embuste do coronel mentiroso - Cfr. abaixo (F. Maier).







Revista Época



06/12/2004 - 00:00 - Atualizado em 04/11/2009 - 20:09



Missão secreta ao Araguaia



Relatório reservado revela que a Aeronáutica esteve em agosto na região e localizou crematório de corpos



Pedro Corrêa dos Santos Cabral, coronel da reserva Leandro Fortes



"É uma escarpa aonde só alpinistas conseguiriam chegar. Lá em cima há dois cocurutos (morrotes), como se fosse um dromedário (na verdade, um camelo, pela semelhança com duas corcovas). No segundo tem uma espécie de valezinho e um ponto para pousar. O local foi descoberto por um piloto da FAB. Lá de Xambioá, olhava a Serra das Andorinhas e via a fumaça"



Guiado pela memória, o coronel da reserva da Aeronáutica Pedro Corrêa dos Santos Cabral, de 65 anos, empunhou o manche de um velho helicóptero UH-1H da Força Aérea Brasileira e apontou a proa da aeronave para um paredão de rocha pura encravado na Serra das Andorinhas, sul do Pará. No comando da máquina, veterana da Guerra do Vietnã, o piloto tentava repetir as manobras que, 30 anos antes, havia feito como capitão-aviador em direção a um pequeno vale encravado no topo da montanha. Exatamente como antes, Cabral estava metido numa operação secreta comandada pelas Forças Armadas. Entre os anos de 1974 e 1975, sua missão foi levar para o local os restos mortais de 40 militantes do PCdoB a ser incinerados por ordem dos generais da ditadura militar. Em agosto, Cabral voltou à região para localizar o ponto exato daquele crematório clandestino — um dos segredos mais bem guardados da Guerrilha do Araguaia.



O novo vôo do coronel fez parte da Expedição Marabá, realizada entre os dias 2 e 5 de agosto, sob sigilo absoluto. Foi a primeira missão governamental à região da Guerrilha do Araguaia que teve a participação de um oficial-general, o brigadeiro Antonio Guilherme Telles Ribeiro, chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (Cecomsaer). Ao todo, participaram 12 pessoas. Além do brigadeiro e do coronel Cabral, havia outros representantes da FAB, do Ministério da Defesa, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, do Ministério da Justiça e da Polícia Federal. Época teve acesso ao texto do relatório final da expedição.



Até agora ninguém havia localizado o lugar preciso em que militares do Exército montaram a chamada Operação Limpeza, com o objetivo de dar sumiço aos corpos dos guerrilheiros assassinados durante o cerco à guerrilha, entre 1972 e 1974. Os restos mortais eram incinerados numa fogueira feita com combustível e pneus velhos. Na missão de agosto, Cabral desvendou o mistério. Antes de encontrar o local, fez sete tentativas de busca, todas na posição de piloto no UH-1H.



Na quinta tentativa, diante dos acidentes geográficos que indicavam a aproximação do crematório, as mãos do velho piloto tremeram. Cabral quase botou tudo a perder. Sem perceber, deixou que a velocidade do helicóptero caísse demais, bem em frente à muralha de pedra da Serra das Andorinhas. As quatro pessoas a bordo foram salvas graças à perícia de um capitão-aviador colocado ao lado do coronel, que fez uma manobra rara e perigosa conhecida pelo sugestivo nome de "curva do homem morto": recuperou a potência do rotor da aeronave fazendo uma curva descendente, em alta velocidade, entre a mata e as rochas.



Para chegar ao crematório da Serra das Andorinhas, a FAB inovou na estratégia. Convocou Cabral para pilotar o mesmo aparelho com o qual participou das missões de transporte dos guerrilheiros mortos. Em 1993, o coronel lançou o livro Xambioá — Guerrilha no Araguaia. No mesmo ano, deu um longo depoimento à Câmara dos Deputados sobre o assunto. Atualmente, mora em Maceió, onde se tornou pastor evangélico. Desde que começou a falar sobre a guerrilha já sofreu várias ameaças de morte.



Durante os sete vôos que fez na Serra das Andorinhas, entre 2 e 5 de agosto, o coronel tentou repetir com o máximo de precisão as manobras que era obrigado a realizar. Diante de um mapa aéreo preparado pela Aeronáutica, ele descreveu o lugar a que queria achar. "É uma escarpa aonde só alpinistas conseguiriam chegar. Lá em cima há dois cocurutos (morrotes), como se fosse um dromedário (na verdade, um camelo, pela semelhança com duas corcovas). No segundo tem uma espécie de valezinho e um ponto para pousar. O local foi descoberto por um piloto da FAB. Lá de Xambioá, (eu) olhava a Serra das Andorinhas e via a fumaça." As imagens gravadas em foto e vídeo pela comissão registram um lugar exatamente igual ao descrito. A comissão crê na possibilidade de encontrar fragmentos de ossos no local.



Ao preparar o relatório final, a equipe que foi ao Araguaia tomou o cuidado de omitir o nome da região no documento, denominado "Dados sobre a Campanha de Combate à Guerrilha no Sul do Pará". A cautela teve como objetivo não melindrar o Exército, que participou da ação dando apenas apoio logístico na região. Desde o início do planejamento, percebeu-se que a participação da força terrestre seria complicada. Em 2003, foi constituída uma Comissão Interministerial com o objetivo de localizar os restos mortais dos militantes da Guerrilha do Araguaia. Em novembro do mesmo ano, por determinação do ex-ministro da Defesa José Viegas, os comandantes militares designaram grupos de oficiais para analisar todo tipo de documento referente à guerrilha. A papelada produzida por cada força foi enviada pelo Ministério da Justiça à Defesa. O Exército, principal responsável pela operação da máquina de extermínio montada para acabar com a Guerrilha do Araguaia, produziu um papelório pífio. A Marinha, por ter tido uma participação periférica nos acontecimentos, pouco avançou. A Aeronáutica foi minuciosa.



Ao contrário das outras forças, a FAB não envolveu militares da área de inteligência na ação e tomou uma iniciativa inusitada: colocou em seus sistemas de internet e intranet um comunicado intitulado "Guerrilha do Araguaia". Nele, convocava todos que quisessem colaborar. Foram fornecidos um telefone e um e-mail (araguaia@fab.mil.br) para atrair voluntários. Inicialmente, pensou-se em enviar correspondências a todos os militares da FAB que fizeram parte de missões no Araguaia, mas houve resistências. Ninguém queria registros formais. Decidiu-se, então, por entrevistas pessoais e sigilosas. Ao todo, 50 voluntários foram ouvidos. Ato contínuo, a Expedição Marabá passou a ser planejada, basicamente, como uma operação aérea.



Uma expedição futura vai confirmar a localização do crematório e avaliar o terreno. A comissão espera contar com a ajuda de alpinistas da Polícia Federal e do Exército, além de com a dos helicópteros da FAB. O relatório da expedição indica ainda a necessidade de se fazerem novas incursões no cemitério de Xambioá, no povoado de Bacaba, em São Geraldo do Araguaia, e na região conhecida como Grota dos Macacos, perto do Rio Gameleiras, onde houve um violento embate entre as tropas do Exército e os guerrilheiros, em 1972.



Além dos comandantes militares das três Forças Armadas, apenas o ex-ministro da Defesa José Viegas teve conhecimento do teor completo do relatório da Expedição Marabá, em agosto. Para dar ciência da missão ao atual titular da pasta, o vice-presidente José Alencar, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, preparou um memorial, na segunda-feira 29, com o histórico de todas expedições realizadas ao Araguaia, além do documento final apresentado ao Ministério da Defesa. A assessoria de Alen0ar não soube precisar se, até o fim da semana passada, o ministro havia recebido o documento.





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