Quanto ao transporte do futuro, na Alemanha se debate sobre novas alternativas. No país das fábricas de veículos de alto padrão, a tendência é de não tê-los para o uso diário, mas apenas para viagens.
Segunda feira, 6 de dezembro de 2010
Por Laura Lucchini para o jornal argentino `LA NACION`
Tradução de FRANCISCO VIANNA
BERLIM - Berlim caminha en=m direção ao seu futuro, ou, como muitos já fazem, pedala em direção a ele. O que fica claro é que não chegará a ele de automóvel. A capital da Alemanha, país da Volkswagen, da Mercedes, da BMW e da Audi, sonha acordada com um futuro amplamente verde e sem carros entupindo as ruas, ou pelo menos quase. Seus habitantes partilham dessa mesma vontade.
Quem poderia ter imaginado, há 40 anos, um futuro na segunda década do século XXI sem pneus e motores a explosão, senão com carros voadores elétricos de transporte coletivo a circular pela cidade em metrôs? Mas isso não significa, de fato, que no próximo lustro a mobilidade das pessoas irá diminuir. Várias exposições e conferências em toda a capital alemã abordam, ao longo dos meses de novembro e dezembro deste ano, o tema do transporte individual e coletivo na cidade do futuro.
Os números são claros. Em Berlim, 40% dos habitantes não possuem carro próprio, segundo o instituto de investigação para a Energia e o Ambiente (IFEU). Os cudadãos têm se desencantado de seus outrora amados veículos e preferem renunciar a eles. A tendência está à vista de todos: na cidade, há cada vez menos carros, as pessoas andam muito de bicicleta, usam intensivamente o transporte público - que lé é eficientíssimo - ou anda a pé.
As autoridades de desenvolvimento urbano e transporte de Berlim estão convencidas de que esta diretriz se confirmará no futuro, talvez ao longo da próxima década. "Por isso devemos modificar a infra-estrutura e criar cada vez mais espaço para as bicicletas e as motonetas", explicou Barbara Lenz, diretora do DLR, um instituto de pesquisa sobre transporte pessoal e coletivo na região urbana. Segundo Lenz, o carro perde importância como símbolo de estatus entre os jovens, que agora se identificam mais com objetos tecnológicos e de comunicação, como o `iPod`. "Há uma mudança evidente na maneira de conceber a funcionalidade do automóvel", afirmou Lenz. Friedemann Kunst, especialista em transporte da prefeitura, concorda e acrescenta que o lema do futuro será o de "se utilizar ao invé de se possuir". Acha que a maioria continuará tendo um carro na garagem, mas só o utilizará quando tiver que viajar para fora de sua cidade.
De fato, por ora, os carros não vão desaparecer da cidade de Berlim, pois muitos empresários e profissionais não poderiam viver sem eles. Mas, a maioria dos berlinenses, de acordo com os números levantados pela prefeitura da cidade, não se sente mais vinculada a um único meio de transporte.
INTEGRAÇÃO
Seguindo esta realidada, o futuro se mostra sob uma integração de várias modalidades de transporte. Por exemplo, aumentando os sistemas de aluguel de bicicletas existente ou criando novos sistemas de aluguel de bicicletas elétricas. O governo acredita até que seria possível impulsionar sistemas de automóveis de compartilhamento - car sharing - de modo que se possa utilizar estes veículos particulares mediante o mesmo tíquete do metrô ou de outro transporte coletivo.
Tais propostas também são consideradas pelos líderes do setor, ou seja, os fabricantes de automóveis alemães. "Posso imaginar formas de `car sharing` que não só ofereçam carros para aluguel mas também serviços para se ir às compras ou se levar as crianças à escola", disse Ulrike Dust, do centro de desenho da Volkswagen em Potsdam, durante a conferência "Futuro da mobilidade em Berlím".
Na cidade do futuro, segundo a especialista, não haverá carros voadores mas veículos mmenores, elétricos ou que consumam menos e sem poluir o ambiente. O futuro do transporte urbano é uma questão econômica de primeira importância. Na cidade, que tem `apenas` 3,5 milhões de habitantes, 7.000 empresas funcionam graças a atividades ligadas ao transporte urbano e suburbano, com um total de mais de 100.000 postos de trabalho. A prefeitura da cidade destinou em 2010 cerca de 107 milhões de dólares para o desenvolvimento de projetos de transporte elétrico.
Não pensem que tudo isto é pura fantasía, uma vez que o processo já está em marcha na cidade de Berlim, como o confirma também uma recinte proposta da candidata do Partido dos Verdes à prefeitura, Renate Kunast, de abaixar o limite de velocidad em toda a cidade e periferia par 30 km/h. Assim sendo, a velocidade pode deixar de ser um sinônimo de futuro.