Tenente Antônio João Ribeiro, Patrono do Quadro Auxiliar de Oficiais.
Nascido na Vila de Poconé, Província de Mato Grosso, em 24 de novembro de 1823, ingressou voluntariamente nas fileiras da Força como soldado em 1841 no Batalhão de Caçadores Nr 12, Cuiabá – MT. Trilhou uma brilhante carreira, forjando o seu valor profissional no dia-a-dia das lides castrenses, ascendendo até o Posto de 1º Tenente. Pelos relevantes serviços prestados ao Exército Imperial, nos quais se destacou pelos seus atributos profissionais e pessoais, entre eles a responsabilidade, o espírito de corpo e a liderança, foi promovido a Alferes, em 29 de julho de 1852 e ao posto de Tenente em 2 de dezembro de 1860. Como oficial, destacam-se, entre suas missões, a expedição à fronteira do Baixo-Paraguai (1854) e a direção da Escola Regimental do Corpo de Cavalaria em Vila Maria (1855).
Em 1860, ascendeu ao oficialato e foi designado Comandante da Colônia Militar de Dourados. Essa Organização Militar tinha a missão de vigiar a imensa fronteira brasileira em território mato-grossense. As grandes distâncias entre as guarnições da região dificultavam as comunicações, limitavam os transportes e inviabilizavam o apoio mútuo, tornando-as dependentes, fundamentalmente, da liderança e capacidade profissional de seus comandantes. Dourados representava bem essa situação de isolamento e de insuficiência de meios: o efetivo de 14 homens tinha sob sua responsabilidade faixa de fronteira de centenas de quilômetros.
Em 28 de dezembro de 1864, durante a Guerra da Tríplice Aliança, chegou à Colônia de Dourados a informação de que uma força inimiga se aproximava para atacá-la. O Tenente Antônio João, ao tomar conhecimento da aproximação de uma força inimiga, de aproximadamente 300 homens, determinou, que os poucos habitantes se retirassem para lugar mais seguro, permanecendo na Colônia um pequeno efetivo para resistir à invasão. Mesmo sabendo que o inimigo levava vantagem em homens e material, que a resistência era impossível e que não havia tempo para solicitar reforço, Antônio João preparou-se para o combate sem hesitar. Informou aos superiores sobre a situação, por meio de bilhete escrito a lápis, o qual continha a frase que se tornaria imortal – “Sei que morro, mas o meu sangue e o de meus companheiros servirá de protesto solene contra a invasão do solo de minha Pátria”. Intimado a render-se, o bravo oficial optou por combater e entregou a própria vida em defesa do Brasil.
Antônio João honrou o Corpo de Oficiais do Exército Imperial, e, por sua demonstração de bravura e desprendimento para com a Pátria, foi escolhido pela Instituição, por meio do Decreto nº 85.091, de 24 de agosto de 1980, como o Patrono do Quadro Auxiliar de Oficiais. Na passagem do Dia do Quadro Auxiliar de Oficiais, o Exército Brasileiro presta homenagem ao seu notável patrono e aos seus virtuosos integrantes, seguro de poder sempre confiar a estes homens a inestimável missão de contribuir para a manutenção da soberania da nossa Pátria e defesa incondicional de nossa gente.
O QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
O Quadro Auxiliar de Oficiais (QAO) foi instituído no Exército Brasileiro pelo Decreto Presidencial nº 84.333, de 22 de dezembro de 1979, visando proporcionar às praças mais destacadas a possibilidade de ascensão ao oficialato. Seus integrantes submetem-se a uma rigorosa seleção, por meio da qual busca-se valorizar os méritos pessoais e a experiência profissional
O Quadro é heterogêneo, constituído por oficiais oriundos de diversas qualificações militares, o que lhe confere riqueza de experiência no desempenho funcional e a possibilidade de aplicação de conhecimentos adquiridos ao longo da carreira em múltiplas tarefas. O Oficial do QAO pode exercer as suas atividades em todas as Organizações Militares da Força Terrestre, desempenhando funções nas áreas de Administração Geral, Saúde, Material Bélico, Música ou Topografia.
A serenidade profissional e emocional conquistada pela experiência, ao longo do tempo de serviço, aliada à diversidade de atividades desempenhadas, garantem, ao Oficial QAO, o cumprimento pleno e eficiente de suas atribuições. Há, também, o aconselhamento tempestivo e versado aos militares mais modernos, constituindo-se, frequentemente, em paradigma de conduta militar.
A acepção dessa data excede o cunho apenas comemorativo e vem dar ensejo à uma reflexão profunda sobre a relevância da atuação deste profissional, configurando um reconhecimento à dedicação, à lealdade, ao espírito de sacrifício e ao trabalho profícuo, oferecidos, ainda, na condição de graduados.
