Os 177,2 quilos de cloridrato de cocaína apreendidos na segunda-feira (15), nas últimas ações da operação "Cadeado", podem indicar uma nova rota do tráfico. A droga encontrada em uma caminhonete conduzida por equatorianos será analisada pela Polícia Federal e são grandes as chances do material ser oriundo da Colômbia ou Peru, por estar em forma de sal. Os equatorianos José Luis Zambrano e Lipsi Felícia de Zambrano, ambos com 29, alegaram que integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) os obrigaram a transportar a droga. O secretário de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Diógenes Curado, diz que essa explicação pode ser apenas o meio escolhido para tentar se esquivar da situação.
O secretário explica que o tráfico desse tipo de entorpecente por terra não é comum. Ele lembra que as últimas grandes apreensões de cloridrato de cocaína aconteceram há cerca de 10 anos e que naquela época a ação dos traficantes acontecia por meio de aeronaves.
A droga foi encontrada no Posto Fixo do Limão, na BR-070 (principal via de entrada e saída para a Bolívia), e é a maior apreensão feita pelo Grupo Especial de Segurança de Fronteira (Gefron), criado há 8 anos. O entorpecente estava no assoalho da caçamba de uma caminhonete do Equador. O material em forma de sal pode ser utilizado de 2 formas: aspirado ou injetado.
O secretário defende que esse tipo de apreensão mostra que é necessário uma atuação mais intensa na fronteira. Ainda que hajam apreensões, ele pondera que o foco maior das ações é o quanto de criminalidade é possível evitar.
Operação - A 6ª operação "Cadeado", realizada pelo Exército Brasileiro, Sejusp e mais 30 instituições terminou na segunda-feira. Foram apreendidos de 177 quilos de cocaína, 2 quilos de pasta-base, 20 m3 de madeira, 3 veículos, RG e Carneira Nacional de Habilitação falsos, pescado e 2 flagrantes de pesca ilegal no Rio Guaporé, entre outros. Curado considera a integração das instituições um dos principais benefícios alcançados pelas operações. Ele destaca a diminuição da criminalidade devido ao forte policiamento e utiliza como exemplo Porto Esperidião (326 Km a oeste de Cuiabá), onde registram-se diariamente cerca de 6 ocorrências. Durante os 9 dias de operação nada foi registrado.
Sobre a permanência do exército e das Polícias na fronteira, o secretário afirma que isso é algo que já vem sendo intensificado com os projetos dos governos Federal e Estadual. Segundo ele, a integração das ações, compra de 2 helicópteros e o projeto de criar o Gefron nacional indicam que as ações serão mais frequentes.
O general da 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, Marcos Antônio Amaro, destacou a importância do Exército principalmente nas ações de prevenção, atuando de forma complementar. Foram mais de 1500 atendimentos médicos, 716 atendimentos e 958 procedimentos odontológicos, além de palestras em escolas sobre o papel do Exército e desfiles militares.