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Artigos-->Amnésia seletiva -- 11/11/2010 - 12:19 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AMNÉSIA SELETIVA



Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira



Alertam os médicos que enfartes, derrames, e todos os tipos de males amiúde acometem aos maiores de cinqüenta anos. O que dirá dos cem ou mais.



Algumas doenças, como Próstata, Alzheimer, Parkinson e os diversos tipos de câncer não escolhem idade, embora ocorram com mais freqüência, quando se entra na melhor idade (parece ridículo, mas é o termo politicamente correto).



As mais terríveis podem atuar, inclusive no cérebro, causando transtornos nos centros nervosos superiores e danificando impressões armazenadas e, conforme o lado afetado, o infeliz nem o seu nome lembra, sendo comum, quando acordado ficar balbuciando, “onde estou, é tudo tão estranho” e, assim por diante.



Casos já diagnosticados atestam que uma lacuna se abre no cérebro do adoentado que, estranhamente, não se lembra de atos e fatos sucedidos durante certo período de tempo.



O doente é capaz de narrar fatos acontecidos há mais de cem anos, mas não se recorda de passagens, mesmo marcantes ocorridas, por exemplo, há setenta e cinco anos, como a Primeira Tentativa de Tomada do Poder pelos comunistas, a Intentona Comunista; ou a Contra – Revolução de 31 de março há quarenta e seis anos, que com o brado de “fora vendilhões da Pátria”, que ecoou por todos os rincões do País, levou de roldão a Segunda Tentativa. E eles, rabo entre as pernas, foram.



Trata – se, segundo espertos médicos, da amnésia seletiva, quando o coitado busca esquecer atitudes da qual se envergonha, e num frenesi de dar dó, rasga dinheiro, bate na mãe, queima arquivos ou apaga sites.



Em tal situação, resta aos seus parentes, amigos e simpatizantes virar o rosto de tanta pena, pois têm diante de si, o definhamento de um ente querido, de uma excelência, de um magnífico exemplo, vítima de sua lamentável alteração biológica.



É duro. Contudo, devemos cuidar e apoiar o doente. Muitas vezes, devemos a ele, tantos ensinamentos, um padrão de procedimentos acima de qualquer suspeita, um patamar de dignidade, de cidadania, de exemplos, de atitudes e condutas que tornaram a nossa dívida impagável.



Diante do êxito da Terceira Tentativa e, acompanhando a reviravolta política e a Tomada do Poder pelos “vendilhões”, uma estranha doença se abateu sobre as Instituições, em particular, as militares, que podem ser encontradas balbuciando coisas sem nexo, demonstrando um atabalhoamento de difícil diagnóstico, pois ao que parece se esqueceram de algumas passagens heróicas de seu passado, das suas lutas e dos seus heróis.



Alguns falam em amnésia seletiva, outros, em sarampo ou dengue, desconforto muscular ou mental. Quem sabe?



Esperamos que a moléstia chegue ao fim, para a tranqüilidade dos que acreditaram na grandeza de suas instituições, e no discernimento de seus chefes, e que o paciente, com maciças doses de vergonha, de altivez, de tradições, saia do coma mental e da UTI.



Não esquecendo que de vergonha também se morre.



Brasília, DF, 11 de novembro de 2010







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