Embaixador em Madri insinua que confissão de presos pode ter sido arrancada ilegalmente
Priscila Guilayn Correspondente
MADRI. A confissão de dois membros do ETA de que o grupo separatista basco usa a Venezuela como base militar ainda não causou um problema diplomático. Mas não é por falta de incentivo: o Partido Popular, na oposição, e o Partido Nacionalista Basco se mostraram ontem indignados com o que consideram a credulidade do governo de José Luis Rodríguez Zapatero.
O Executivo pediu explicações, e o presidente Hugo Chávez as deu. Foram aceitas imediatamente.
Mas, para complicar, o embaixador venezuelano em Madri declarou que as confissões podem ter sido “arrancadas irregularmente”.
— O governo espanhol é o único que parece ter fé cega no que faz o senhor Chávez. É a única democracia que acredita plenamente em sua palavra — criticou a porta-voz do conservador Partido Popular na Câmara, Soraya de Santamaría.
Desde 2008, um juiz espanhol vem investigando a denúncia de que o ETA e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) treinavam na Venezuela. Mas, para Chávez, as acusações de vínculos entre o ETA e a Venezuela são “um disco arranhado, parte de uma orquestra que continua soando contra a revolução bolivariana nos quatro pontos cardeais do planeta”.
— O governo venezuelano estima que não se pode dar credibilidade às declarações prestadas diante de um juiz por dois sanguinários desprovidos de qualidade humana e moral. Não há a menor dúvida que, com suas referências absurdas, estes delinquentes procuram atenuar a severidade das penas que a Justiça far á cair sobre eles —disse Chávez.
A vice-presidente do govern o espanhol, María Teresa Fernández de la Vega, considerou a resposta dada por Cháv e z u m a d e monstração clara de que o mandatário venezuelano está disposto a cooperar.
A promotoria da Audiência Nacional dá “total credibilidade” às declarações de Xavier Atristain e Juan Carlos Besance, militantes do ETA presos na semana passada.
O Ministro de Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, também afirmou que há elementos suficientes para crer que a confissão dos presos seja verdadeira.
— O Ministério de Interior considera o episódio verossímil.
Isso não quer dizer que o governo venezuelano tenha tido algo a ver com estes treinamentos — lembrou Rubalcaba