Hoje no PV, Luiz Bassuma diz que mudança de posição de Dilma Rousseff sobre o tema é casuísmo eleitoral
Gerson Camarotti
BRASÍLIA. Punido pelo PT há um ano por condenar a legalização do aborto, o que o levou a mudar de partido, o deputado federal Luiz Bassuma (PV-BA) fez críticas à atual postura da candidata petista, Dilma Rousseff, ressaltando que a ex-ministra sempre foi favorável à descriminalização dessa prática.
Candidato derrotado ao governo da Bahia pelo PV, Bassuma diz que é um casuísmo eleitoral a mudança de discurso de Dilma sobre o tema e defendeu o voto no tucano José Serra.
— O PT fechou questão a favor da legalização do aborto, e Dilma sempre defendeu essa tese. Se o Congresso aprovar essa lei, Dilma vai dar o seu aval. Agora, o que acho estranho é mudar de posição por interesse eleitoral. O que Dilma fala agora contraria toda a sua vida. E ninguém muda de opinião do dia para a noite por uma questão filosófica. Então vale mentir? Ela tem que falar a verdade. Por isso, o meu voto é de Serra — disse Bassuma.
Mais tarde, no plenário, Bassuma provocou nova polêmica com petistas ao repetir esse discurso e criticar a defesa que o PT faz da descriminalização do aborto. Deputados petistas como Fátima Bezerra (RN), Vicentinho (PT-SP) e Domingos Dutra (MA) contestaram Bassuma. Dutra ainda criticou “o oportunismo” de Bassuma, que declarou voto a Serra no plenário.
— Fui solidário a ele no debate interno, mas é de um oportunismo infeliz ele trazer esse debate sobre o aborto neste momento — disse Domingos Dutra.
Dutra: suspensão foi por deputado ter atacado PT De religião espírita, Bassuma foi punido com um ano de suspensão do exercício do mandato parlamentar pela Comissão Nacional de Ética do partido, em setembro de 2009. Isso por ter descumprido a resolução partidária aprovada em 2007, que, sobre a questão do aborto, continha o seguinte texto: “A defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público.” Na ocasião, a Secretaria de Mulheres do PT chegou a propor a expulsão de Bassuma do partido, mas ele só foi suspenso.
Pelos mesmos motivos, o deputado Henrique Afonso (PT-AC) também recebeu uma suspensão de três meses. Na ocasião, ainda foi aprovada emenda da deputada Cida Diogo (PT-RJ) determinando que Bassuma retirasse de tramitação da Câmara todas as proposições que tratam da questão da defesa da vida.
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, rebateu as afirmações de Bassuma. Dutra disse que Bassuma foi suspenso por atacar publicamente a posição de petistas que defendiam a legalização do aborto.
— O Bassuma não foi suspenso por ser contra o aborto. Isso é mentira. Ele foi suspenso por fazer campanha atacando o PT e deputados do partido que defendiam a descriminalização dessa prática — disse Dutra.
Com a suspensão dos direitos políticos, Bassuma estava impedido de fazer discurso em nome do partido, de participar de comissões, proibido de votar em instâncias partidárias e na prática não conseguiria legenda para tentar a reeleição. Diante disso, mudou de partido e acompanhou a senadora Marina Silva (PV-AC). Ele estava no PT desde 1995, tendo sido vereador, deputado estadual e deputado federal por dois mandatos.
— Muitos deputados do PT defendem o direito à vida. Mas ficaram calados. Como eu fui contra publicamente ao aborto, eles tentaram me calar — lamenta Bassuma.
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Cristã de ocasião
Adriano Pires Ribas
Me desculpem, achei conveniente repassar.
Caros amigos
Até a grande mídia reconheceu que o voto cristão levou a eleição presidencial ao 2º Turno.
O que a candidata Marina falou sobre Dilma: "ela faz discurso de conveniência sobre temas cristãos" é a mais pura expressão da realidade.
A candidata petista sempre teve posições contrárias aos valores cristãos, como por exemplo sobre o aborto.
Nos últimos dias da sua campanha (e agora para o 2º turno), Dilma resolveu "mudar de idéia" se dizendo cristã e contra o aborto, mas o seu passado não nega,
veja http://www.youtube.com/watch?v=Y4OKkty1Ano
e em
http://www.youtube.com/watch?v=TdjN9Lk67Io
Pergunta-se: se a Dilma é tão falsa a ponto de tentar ludibriar o eleitorado com relação ao aborto, o que dirá sobre as suas outras promessas de campanha....???
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Padre fala sobre as eleições de 31.10.2010 - VÍDEO SENSACIONAL!
Vejam a mensagem deste padre, corajoso e verdadeiro: Esse padre é homem...
http://www.youtube.com/watch?v=R-ZeM5qvhFo
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O Estado de S. Paulo - 6/10/2010
Bispos divergem sobre como tratar a candidata
O de Guarulhos sugere Serra dizendo "de dois males, o menor". O de Jales fala em "calúnias" e a CNBB fica na doutrina
José Maria Mayrink
"De dois males, o menor", adverte o bispo de Guarulhos, d. Luiz Gonzaga Bergonzini, ao aconselhar os fiéis de sua diocese, de 1,3 milhão de habitantes, a não apoiar candidato ou candidata que aprove o aborto. Na véspera das eleições, o bispo recomendou aos católicos que não votassem em Dilma Rousseff para presidente nem em qualquer outro candidato do PT, porque o partido inclui a legalização do aborto em seu programa.
D. Luiz Gonzaga lembra que a Igreja condena qualquer tipo de aborto, com exceção apenas do aborto espontâneo - o que levaria os eleitores a reprovar também a posição do presidenciável José Serra (PSDB), que diz ser contra o aborto, mas admite a manutenção dos casos previstos no Código Penal, cujo texto admite o aborto terapêutico e o aborto no caso de estupro.
"Se temos de escolher um presidente, vamos optar por quem representa risco menor", disse d. Luiz Gonzaga, sem citar o nome de Serra, mas reiterando o veto a Dilma. "Como a candidata Dilma já mudou de posição duas ou três vezes, não posso confiar na palavra dela", acrescentou.
Na segunda-feira, Dilma declarou ser contra o aborto e a favor da defesa da vida em todas as suas dimensões. Esse discurso não convence o bispo de Guarulhos. Ele anunciou que provavelmente publicará nova advertência aos eleitores, antes da realização do segundo turno, para insistir no veto a Dilma.
"Injusta". Para o bispo de Jales, d. Luiz Demétrio Valentini, a acusação que se faz a Dilma é injusta e caluniosa. "Quem disse que Dilma é favorável ao aborto, se não os seus acusadores que atribuem a ela essa posição para condená-la?", avisa d. Demétrio. Em artigo publicado antes das eleições, sem citar nomes, o bispo aconselhou o eleitor a "sacudir o clima de acusações e calúnias perversas e fantasiosas". Na avaliação do bispo, "Serra seria também abortista", porque normatizou a lei que aprova os casos de aborto previstos no Código Penal.
A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) mantém sua orientação, anunciada dia 16 de setembro, na qual recomendou aos eleitores que procurassem escolher "pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana". A entidade avisou que não pretende voltar mais ao tema. "Tradicionalmente, a CNBB não cita nomes, nem contra nem a favor, mas se limita a lembrar os princípios éticos da doutrina católica", disse o padre Luiz Antônio Bento, da Comissão Pastoral Episcopal para a Vida e a Família, que luta contra a legalização do aborto.
Padre Bento concorda com a fórmula "entre dois males, o menor", do bispo de Guarulhos, mas acha difícil tomar uma decisão na hora de votar. "Temos de examinar qual das duas opções responde melhor à expectativa", observou. "Todo tipo de aborto é condenável, também o que visa proteger a mãe e o que impede o nascimento de uma criança fruto de estupro", acrescentou.
Obs.: Para ficar bem com o eleitorado neste 2º turno, Dilminha Bang Bang está se comportando como se fosse uma freira. É muito cara de pau para uma cara só! ABORTO: ABORTE ESSA IDEIA ASSASSINA! (F. Maier)
Correio Braziliense - 6/10/2010
Ofender-se para não debater
Quando a Igreja defendia os perseguidos políticos na ditadura, o pessoal que está hoje no poder achava muito natural os religiosos terem militância política
Por Alon Feuerwerker
alonfeuerwerker.df@dabr.com.br
Se o partido que abraça determinada bandeira tem o direito de faturar politicamente a partir dela, por que não estender o mesmo direito a quem não concorda com a proposta?
O PT capitalizou alto em círculos socialmente progressistas quando tentou bancar a ferro e fogo o Programa Nacional de Direitos Humanos, na sua terceira versão (PNDH 3). O texto nasceu de uma conferência nacional. Depois de muita negociação interna no governo, foi mexido e virou decreto presidencial.
Com isso, o partido e Luiz Inácio Lula da Silva aproximaram-se ainda mais de quem defende a legalização do aborto, o controle social sobre os veículos de comunicação e mecanismos jurídicos mais favoráveis à rapidez na reforma agrária. Certamente ganharam votos nos grupos que concordam com o conteúdo do PNDH e com o espírito deste.
Mas o PT ofende-se quando os contrários à visão de mundo embutida no PNDH e às iniciativas decorrentes do programa se mobilizam e procuram convencer o eleitorado a votar contra o PT.
As iniciativas do PT são sempre “positivas” e “propositivas”, ainda que circunstancialmente precisem ser engavetadas por causa das condições desfavoráveis. Já os movimentos em oposição às propostas do PT são sempre “negativos”.
Menos. Assim como é legítimo o PT buscar votos nos movimentos feministas comprometidos com a defesa do aborto legal, é perfeitamente democrático grupos religiosos proporem que o eleitor deixe de votar no PT por causa disso.
A maneira não agrada? Que os magoados — vale para ambos os lados — busquem reparação judicial. Não dá é o PT, ou qualquer outra legenda, achar que vai introduzir e retirar assuntos da pauta unicamente a partir das conveniências eleitorais.
O eleitor não dá muita importância para as opiniões e preferências pessoais dos candidatos sobre temas comportamentais. Ninguém ganha nem perde eleição por causa disso. Temas só adquirem densidade política quando o debate aponta para ações efetivas.
A questão não é o que os candidatos “pensam sobre”, é o que farão se eleitos. Por isso todo debate é bom, e não deve haver temas interditados.
O PT lá atrás foi vanguarda para desbloquear a discussão de pontos como a união civil homossexual, a legalização do uso das drogas e a ampliação irrestrita do direito ao aborto legal.
Agora, como a polêmica não parece adequada aos propósitos imediatos, trata de interditar a suposta “baixaria”, a pretexto de “elevar o nível” na eleição.
A vida é mais simples do que isso. O PT deseja fazer avançar, num eventual novo governo, as propostas do PNDH 3? Que defenda abertamente e peça votos com isso. O PT acha que não é o caso de implementá-las? Então assuma publicamente o compromisso de mandar o calhamaço ao arquivo pelos próximos quatro anos.
No grito é que não vai levar. Nem na base da cara feia ou de se fazer de ofendido. Vai precisar assumir compromissos e entender que o poder tem limites. Por forte que o PT possa ser hoje, a Igreja Católica carrega mais de 2 mil anos na estrada e já enfrentou gente bem mais poderosa do que Lula e os aliados dele.
Sem falar nas igrejas evangélicas. Aqui, um aspecto especialmente triste. Como a turma não tem coragem de bater de frente com o pessoal do Papa, preferem investir contra os evangélicos.
Afinal, esta nação foi inaugurada com uma missa católica.
Apesar disso, não lembro de outra ocasião em que padres e pastores tivessem alcançado este grau de unidade, pelo menos desde que ambas as categorias ajudavam a combater a ditadura.
E, a propósito, quando as igrejas cristãs defendiam os perseguidos políticos na ditadura, o pessoal que está hoje no poder achava muito natural os religiosos terem militância política.