Autoritarismo não é regime político. Não é ideologia de massas. Não é bandeirade partidos. Ainda assim, enxameiam na História registros de homens públicosque fizeram dele sua ferramenta para, em ambiente democrático, açambarcar o
poder e chegar ao absolutismo ditatorial. O passado do último século guardaexemplos axiomáticos, de que Hitler, Mussolini e Stalin são os representantesmais notoriamente perversos. Valeram-se dele para se firmarem na tirania.
Em nosso continente, o boliviano Evo Morales, o casal argentino Kirchner, oequatoriano Rafael Correa e o venezuelano Chávez têm dado demonstrações de suacompetência para minar a democracia com o abuso de sua autoridade presidencial.
Perde-se a conta de suas investidas contra a liberdade de expressão, coagindo efechando periódicos, emissoras de rádio e televisão que não rezam pelocatecismo de endeusá-los.No Brasil, o governo do PT e seu chefe vêm procurando colocar em prática os
exemplos dos vizinhos, embora a repulsa veemente da sociedade tenha, até opresente, bloqueado os intentos de submeter a mídia a códigos de conduta que,se aprovados e aplicados, instituirão a censura. Porém o insucesso das
tentativas nesse campo não exclui a autoridade abusiva aplicada em outros.O caso mais flagrante, porque exibido diariamente na campanha, é a participação,sem qualquer pudor, de autoridades, meios de locomoção e recursos públicos na
propaganda eleitoral, infringindo a legislação, conspurcando e desequilibrandoa disputa. O exemplo vem de cima, do mais alto dignitário. Vale-se do eufemismode estabelecer seu horário de expediente como presidente e programar visitas
oficiais onde ocorrerão comícios, aos quais comparece “depois do expediente”. Esaem do bolso do contribuinte as despesas com avião, frota de automóveis ediárias dos acompanhantes. Censurado e multado por tribunal eleitoral, seu
sentimento de onipotência recorre à galhofa para constranger juízes e colheraplausos do público que lhe é fiel.A quebra de sigilo da Receita Federal sobre figura da oposição, sem que atéagora apareça culpado é outro sintoma de abuso de autoridade. A espionagem de
adversários, conduzida por organismos oficiais que não têm esta destinação e acompilação, dentro do Palácio do Planalto, de dossiê sobre os gastos de umex-presidente, sem apuração do responsável, são alguns dos muitos registros que
compõem um quadro de autoritarismo crescente, preocupante para os destinos denossa democracia. Se formos consultar na História os instrumentos utilizadospelos tiranos do passado para chegar ao absolutismo, de lá saem os mesmos
exemplos, acoplados à demagogia e ao populismo.Lula está chegando ao final de seu governo, aprovado por mais de 70% dosbrasileiros, que conquistou com iniciativas populistas. Empenha-se a fundo parafazer sua sucessora e alongar, por muitos anos, o comando da vida nacional pelo
PT. Se o conseguir, a expectativa é de que o autoritarismo ganhe impulsoacelerado. Quem o substituirá não tem sua sensibilidade política, seu carisma,sua eloqüência rasteira, porém convincente.Dilma carrega a fama de autoritária desde que chefiava a Casa Civil. Seu passado
de guerrilheira está atrelado ao extremismo de esquerda, a um ânimo de nãohesitar no uso da força, mesmo com meios ilegais, para alcançar seus objetivos.O episódio da audiência com a Secretária da Receita Federal, que negou ter
havido, valendo-se para tal do inexplicável desaparecimento dos vídeos desegurança do Planalto, mostra que não mudaram os métodos, tanto quanto aideologia. Na campanha, seus coadjuvantes de maior confiança, que seguramente
ocuparão cargos de grande influência na vida nacional, são quadros decurrículos similares, de ações armadas, assaltos a bancos e seqüestros dediplomatas. É grande sua afinidade com a ala do PT mais exacerbada pela
implantação do socialismo comunista, como ficou comprovado no seu programa degoverno, entregue “por engano”, à justiça eleitoral.As pesquisas, até agora, têm mostrado o crescimento de sua vantagem. Mas só asurnas proclamarão o eleito. Cabe aos cidadãos conscientes da ameaça que paira
sobre nosso futuro a reversão das estimativas, esclarecendo os menos informadossobre os riscos de sua eleição. Ou o pior acontecerá.Quem viver, verá.