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Artigos-->A guerra que vem -- 27/09/2010 - 12:11 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Globo - 27/9/2010



A guerra que vem



Joaquín Villalobos



É um paradoxo: enquanto a Colômbia começa a terminar com sua guerra, a Venezuela está iniciando a sua. Durante o governo de Hugo Chávez, foram realizados os maiores investimentos sociais da história do país para combater a pobreza. No entanto, neste mesmo período, mais de 120 mil venezuelanos — pobres, em sua maioria — morreram assassinados e o país vive sua pior crise na área de segurança.



Como explicar que apesar dos recursos sem precedentes provenientes do petróleo e dos esforços distributivos de Chávez o país esteja entre os mais perigosos da região? Que a concentração da riqueza provoque insegurança pode ser algo lógico. Mas que esta se multiplique quando se está distribuindo a riqueza acaba com um dos grandes mitos que relaciona pobreza à insegurança. A pobreza não gera mecanicamente insegurança.



Mas o empobrecimento moral, a fragilidade institucional, a cultura da corrupção e a polarização políticosocial a geram. Um longo período de instabilidade política pode ter efeito muito mais negativo na segurança do que uma grande desigualdade.



O cenário descrito acima é o que ocorre na Venezuela há mais de uma década.



A polarização ideológica entre pobres e ricos, promovida pelo governo, permitiu que a relação mecânica entre pobreza e delito terminasse convertida em tolerância aos delinquentes.



A consequência de não fazer nada a respeito foi o crescimento da violência.



O caos institucional converteu a Venezuela na principal plataforma de tráfico de drogas para os EUA e a Europa.



Centenas de milhares de armas passaram às mãos de civis.



Os espaços dados às Farc colombianas; o surgimento de múltiplos grupos armados de esquerda dominando bairros urbanos; a formação de milícias partidárias e a criação de grupos de crime organizado fizeram o Estado venezuelano perder soberania e poder.



As instituições policiais e as Forças Armadas foram seriamente debilitadas no controle da segurança interna. As milícias foram criadas para enfrentar o Exército em caso de golpe de Estado. As Forças Armadas perderam disciplina e se reconhecem como apenas mais um dos poderes armados que existem no país. Mas o resultado de tudo isso não será a guerra civil. Os venezuelanos já mostraram um rechaço consistente à violência política, considerando a profunda divisão do país nos últimos 12 anos. Tampouco haverá um conflito armado entre Colômbia e Venezuela, porque em ambas as sociedades se opõem. O que pode ocorrer é um conflito interno em que grupos armados enfrentem um Estado debilitado.



A Guatemala caiu em mãos do narcotráfico quando o enfraquecimento do seu Exército deixou espaços vazios que os criminosos ocuparam. O governo Chávez abriu as portas para o crime organizado. Deixar as Farc se assentarem em seu território é perigoso, porque esses combatentes desmoralizados terminarão por se converter em bandidos.



Chávez, em curto ou médio prazo, sairá do governo. O Estado terá então que reconstruir suas instituições de segurança, recuperar o monopólio da força e restabelecer a segurança interna. Quando Chávez sair, os militares terão que enfrentar poderes armados que hoje estão crescendo. É previsível que muitos militares, policiais e civis morrerão nessa guerra que vem.



JOAQUÍN VILLALOBOS é colunista do “El País”







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