Os antigos revolucionários sonhavam com o “assalto ao Palácio de Inverno”, como caminho para implantar o poder proletário.
O lulo-petismo, mais pragmático, focou no assalto aos fundos de pensão, cujos recursos se contam na casa de centenas de bilhões de reais.
Com seus tentáculos por quase toda a economia, os fundos são a jóia da coroa.
Não apenas por seu poderio econômico, mas por ter permitido aos petistas montar uma máquina clandestina por dentro do Estado, subordinada inteiramente aos seus interesses.
Conhecia-se pouco deste submundo, mas a revista Veja, através da entrevista de um ex-diretor da PREVI, levantou o véu.
O que veio a público é de estarrecer. Segundo Gerardo Santiago, (ex-diretor e ex-assessor de Sérgio Rosa, presidente por sete anos do fundo de pensão do Banco do Brasil):
“Quando o PT chegou à Presidência da República, os dirigentes botaram a Previ para defender o governo, o partido, o sindicato, a CUT. Hoje, a Previ é um braço partidário é um bunker de um grupo do PT, uma fábrica de dossiês. A PREVI está a serviço de um determinado grupo muito poderoso, comandado por Ricardo Berzoini, Sérgio Rosa, Luiz Gushiken e João Vaccari Neto”.
De fato, são pessoas poderosíssimas, petistas históricos e de origem sindical.
Estamos falando do maior fundo de pensão do Brasil. A PREVI administra um capital de 140 bilhões de reais participa do controle de noventa das maiores empresas do país e tem um volume de ações em seu poder que representa mais de 5% de tudo o que é negociado na Bolsa de Valores de São Paulo.
Dá para entender porque sindicalistas e bancários petistas querem, a todo custo, manter o controle da PREVI.
E fica óbvio porque até mesmo o ministro Mantega virou alvo da “fábrica de dossiês”.
O controle dos fundos de pensão por sindicalistas petistas faz parte de uma estratégia global, como deixou claro Gerardo Santiago:
“O grupo do Sérgio Rosa e do Berzoini é muito forte em todos os bancos públicos e fundos de pensão. Na Previ, dos seis dirigentes, quatro são petistas e ex-dirigentes de sindicatos de bancários. No Banco do Brasil, a maioria dos diretores e vice-presidentes é da mesma linha política. A presidente da Caixa, Maria Fernanda, é da Articulação Sindical Bancária. Os presidentes do Funcef (fundo de pensão dos funcionários da Caixa) e da Petros (fundo de pensão dos funcionários da Petrobras) também foram indicados por Berzoini e Sérgio Rosa.”
E contra quem se dedicou a “fábrica de dossiês”, instalada na Previ desde 2003? Segundo o denunciante, contra parlamentares e políticos da oposição: José Serra, deputado ACM Neto, senador Heráclito Fortes, ex-senador Jorge Bornhausen, entre outros.
Sintomaticamente, a “fábrica” funcionou a pleno vapor na CPMI dos Correios quando o governo estava sendo acuado em função das denúncias sobre o “mensalão”. Chegaram ao ponto de formar uma “força-tarefa” com membros da PREVI, da Petros e da Funcef para a elaboração de um relatório alternativo ao da CPMI e para colher dados contra parlamentares da oposição.
Dá para imaginar do que será capaz a “máquina clandestina” na busca de recursos financeiros para as campanhas do lulo-petismo.
Se dirigentes de fundos de pensão são capazes de produzir dossiês ilegais contra a oposição e até mesmo contra membros do seu próprio governo, o que não farão com o empresário que se recusar a contribuir para campanhas eleitorais do PT?
Como resistir a este enorme poder de chantagem?
E qual a garantia dada ao país de que os fundos estão agindo de forma republicana ao se associarem aos grupos privados que fazem parte do restrito círculo de “amigos do Rei”.
Se na política fazem o que fazem, imaginem na economia. Não se pode deixar de reconhecer um “mérito” no lulo-petismo: ele inovou na produção de dossiês contra adversários políticos.
Nos regimes totalitários, esta é uma tarefa tocada por polícias políticas ou “serviços de inteligência”.
Assim agiam a KGB do regime stalinista, a Stassi da Alemanha Oriental, a Gestapo de Hitler ou a polícia de Filinto Muller, durante o Estado Novo, a polícia política portuguesa da ditadura de Salazar e o SNI do regime militar.
No Brasil de hoje, o lulo-petismo é forçado a criar outros mecanismos, pois as instituições do setor de inteligência não estão totalmente sob seu controle e ainda preservam seu caráter republicano.
Se é assim, só resta delegar para os sindicalistas incrustados na máquina estatal atarefa de fazer o jogo sórdido contra os adversários do governo.
E eles a cumprem com muito gosto, até para preservar os privilégios alcançados, que incluem os polpudos salários que recebem.
No caso da utilização dos Fundos de Pensão, a transgressão assume contornos ainda mais graves.
Os Fundos são um patrimônio de seus associados e devem render dividendos para garantir as aposentadorias atuais e futuras.
O uso dos recursos dos Fundos para finalidades políticas tem um nome apenas: é ROUBO, puro e simples dos recursos que pertencem a seus afiliados.
A ascensão de uma nova casta de sindicalistas a postos estratégicos introduziu na máquina estatal o que há de mais nefasto no velho sindicalismo, caracterizado pelo “peleguismo”: seus métodos escusos - entre eles a pura e simples chantagem, com vistas à ampliação de seus espaços.
Até agora, a arte de produzir dossiês por petistas só vinha sendo utilizada contra adversários. Mas, segundo a Folha de São Paulo, um grupo de bancários aninhados no poder e historicamente vinculados a um ex-presidente do PT, inovou ao montar um dossiê apócrifo para atingir o ministro da Fazenda, com acusações de “tráfico de influência” praticado por sua filha.
Está descartada a hipótese de que a “República dos sindicalistas” tenha agido por amor à pátria ou por seus altos valores morais.
O apelo a métodos próprios da “Cosa Nostra” se deu por motivos bem mais comezinhos: o comando do Fundo de Pensão do Banco do Brasil (PREVI) um colosso de 150 bilhões de reais e um dos irrigadores financeiros do capitalismo burocrático que Lula vem implementando.
Até recentemente o comando do PREVI estava nas mãos de um grupo de bancários paulistas, berço político e reduto eleitoral do ex-presidente do PT, Ricardo Berzoini.
A PREVI não é uma exceção. Sindicalistas petistas também ocuparam, ou ocupam, cargos de comando em outros fundos de pensão estratégicos.
Segundo a denúncia da Folha, ao sentir que a presidência do Previ sairia de suas mãos, pois o ministro pretendia indicar um nome que não pertencia ao grupo, a turma dos bancários partiu para a ofensiva, divulgando uma carta anônima, na qual apontou atuações heterodoxas de uma das filhas do ministro da Fazenda.
Não é a primeira vez que sindicalistas e bancários participantes do governo Lula se vêem envolvidos na produção de dossiês.
Se mergulharmos no tempo, vamos verificar que, em 2006, a Polícia Federal apreendeu R$ 1.7 milhão nas mãos de petistas suspeitos de montar um falso dossiê contra José Serra, então candidato ao governador de São Paulo.
Entre os acusados – chamados de “aloprados” pelo Presidente - estavam um antigo companheiro de Lula na diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e um petista que ocupava posto de direção no Banco do Brasil.
Como se observa, o gangsterismo vem de longe. O inusitado do mais recente “dossiê” é que ele se destina a produzir o chamado “fogo amigo”. Mesmo assim, a cúpula do PT reage à moda antiga, minimizando o caso ou tratando-o como café requentado.
Para a candidata Dilma, se é uma carta anônima, não tem problema, pois não se pode chamá-la de dossiê. Segundo o presidente do PT, Eduardo Dutra, esse é um “assunto velho”. Tudo é jogado para debaixo do tapete e não há, sequer, uma defesa veemente do ministro da Fazenda.
Pasmem. Quem o defendeu como um homem honesto foi o candidato José Serra! A “República dos sindicalistas” tem prestado relevantes serviços ao presidente Lula, em retribuição à sua generosidade, que propiciou aos sindicalistas o acesso ao paraíso: o comando de fundos de pensões.
Isto explica em grande medida o jogo sujo das cinco centrais que fizeram um manifesto com calúnias contra José Serra. Sordidamente, as centrais alardearam que o tucano, se eleito, acabaria com o 13º salário, as férias e outros direitos trabalhistas.
O lulo-petismo vibrou quando as centrais trouxeram para a disputa presidencial métodos típicos do submundo do crime, assim como tem feito vistas grossas ao gangsterismo utilizados pelas centrais, ara definir quem terá um maior número de sindicatos filiados e, assim, ter maior participação no butim do imposto sindical.
Nesta disputa, muitas vezes a burocracia sindical chega às vias de fato e parte para a violência. Até aí, tudo bem para os petistas. O problema é que o dossiê contra o ministro Guido Mantega trouxe um novo ingrediente. Para o lulo-petismo, passou a existir o perigo de a “República dos sindicalistas” fugir do controle e utilizar contra membros do governo as mesmas armas com as quais o neo-peleguismo denigre e calunia a oposição.
Ou seja, nem mesmo os petistas estão livres de serem vítimas de práticas criminosas que se assemelham em muito ao que fazia o sindicalismo de Chicago nos anos trinta, ou o de Nova York no final do século dezenove.
Para a democracia, isto é o um grande risco. É como alertou Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB:
“Se eles fazem contra eles, imaginem o que podem fazer contra nós. Realmente, estamos diante do imponderável. Damos razão à nota do PPS, segundo a qual os métodos próprios da Cosa Nostra do governo constituem algo de estarrecer”.