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Artigos-->Cuba: Restam outros presos políticos -- 19/07/2010 - 10:58 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Globo - 19/7/2010



Restam outros presos políticos



Para líder das Damas de Branco, luta deve continuar mesmo após libertações de maridos do Grupo dos 75



ENTREVISTA



Laura Pollán



Aos 62 anos, Laura Pollán é a face mais visível das Damas de Branco, o grupo de mulheres de presos políticos que desde 2003 sai pelas ruas de Havana aos domingos, depois da missa na Igreja Santa Rita, pedindo a libertação dos maridos. Ela, no entanto, acredita que seu marido seja um dos últimos a serem soltos pelo acordo entre o governo cubano e a Igreja Católica: jornalista independente, Héctor Maseda Gutiérrez não deseja viajar para a Espanha. Laura reage com indignação sobre a hipótese de que o grupo possa acabar após o último integrante do Grupo dos 75, presos na Primavera Negra, ser libertado. “Dizer que as Damas de Branco se vistam de negro, de azul ou de qualquer outra cor é um disparate”, disse ao GLOBO, por telefone. “Restam outros presos políticos pacíficos que têm direito à liberdade e nós estamos dispostas a continuar nossa luta por eles.”







Cristina Azevedo



O GLOBO: Qual a sua expectativa atualmente? LAURA POLLÁN: Nós, as Damas de Branco, consideramos que nossos esforços, todos estes anos de luta e de muito amor, estão dando frutos. Meu marido ainda não foi consultado pela Igreja se deseja ir para a Espanha. Se mantiver a decisão de não ir, será o último a sair. A filha mais nova dele mora nos Estados Unidos. Ele diz que, se fosse para sair do país, seria para estar com ela. Ele já é um idoso, não quer ficar pulando de país em país.



Uma das Damas de Branco que foi para a Espanha disse que o movimento deveria se dispersar. O que a senhora acha? LAURA: Não sei de onde Oleivis (mulher de Pablo Pacheco) tirou isso. É um disparate! Dizer que as Damas de Branco se vistam de negro, de azul ou de qualquer outra cor é um disparate. Ela pode falar do que pretende fazer, mas não tem o direito de falar pelas demais.



Mesmo após a liberação dos 52 presos restantes do Grupo dos 75, as Damas vão continuar caminhando todos os domingos? LAURA: Sem dúvida.



Restam outros presos políticos pacíficos que têm direito à liberdade, e nós estamos dispostas a continuar por eles. As Damas prometeram caminhar enquanto houvesse um único preso político pacífico em Cuba.



Temos ao redor de 70 a 80 mulheres de apoio, e elas estão dispostas a continuar com as Damas. Há os que foram presos antes e depois desses 75.



Não somos políticas, somos mulheres defensoras dos direitos humanos e da família.



Como foram estes sete anos? LAURA: Foram muito duros, muito difíceis, porque na maioria éramos mulheres que nunca haviam participado de nada que não fosse nossa casa, nosso trabalho. Mas Deus foi nos iluminando o caminho. Somos pacíficas, nunca fizemos ou aprovamos qualquer sinal de violência. Tampouco tivemos ligação com algum grupo político.



Eu era professora, e a Segurança do Estado ia constantemente ao meu trabalho, até que decidi deixar o emprego para dedicar-me a isso. No início, só podia visitar o meu marido a cada dois meses. Hoje, é mensalmente. No início eram 270 quilômetros de distância.







Um castigo para as famílias.



Mas nunca deixei de ir vê-lo, onde quer que estivesse.



Quando seu marido foi preso, a senhora imaginava que ele ficaria tanto tempo na prisão? LAURA: Outros haviam sido condenados a dois, três anos.



Nunca imaginei que ele poderia ser condenado a 20. Saímos às ruas pedindo a liberdade de nossos familiares. Foi um movimento espontâneo. Já havia um grupo de mães de presos, e elas nos convidaram, e assim fomos nos formando pouco a pouco. Quando resolveram mudar de igreja devido à pressão do Estado, dissemos que permaneceríamos ali, porque Santa Rita é a santa das causas difíceis e mesmo impossíveis.



A repressão piorou depois da morte de Orlando Zapata? LAURA: Muito mais. Machucaramme o braço, nos cercavam na rua. Certa vez nos deixaram mais de sete horas de pé, sem nos mover, dando-nos golpes nos tímpanos. Nos ofendiam muito.



A libertação deve ser seguida de mais abertura? LAURA: É preciso esperar, porque, com um governo como esse, nunca se sabe. É um governo imprevisível.



Fidel Castro reapareceu em público agora. A senhora imagina por quê? LAURA: O fato de sair no mesmo dia em que os primeiros presos seguiram para a Espanha foi para dizer ao povo: “Estou aqui e continuo governando”.



Raúl não toma decisão de envergadura sem contar com ele. Ele continua sendo o primeiro secretário do Partido Comunista, que governa o país.



Tem esperanças? O que pretende fazer quando encontrar seu marido em liberdade? LAURA: Deus nos dá muita esperança para continuar. Tomara que eu possa vê-lo quando sair da prisão, porque as famílias estão se reencontrando no aeroporto. Como não vamos partir, não sei se o verei.





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