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Artigos-->Alckmin: De inimigo a salvador -- 29/06/2010 - 08:41 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Revista Época



De inimigo a salvador



Isolado pelo grupo de Serra depois de perder a prefeitura de São Paulo em 2008, Geraldo Alckmin virou agora um aliado crucial para o candidato do PSDB à Presidência



Alberto Bombig







No final de março, poucos dias antes de deixar o cargo de governador de São Paulo para se lançar na disputa pela Presidência da República, o candidato do PSDB, José Serra, participou de uma reunião com seus aliados políticos mais próximos na casa de Andréa Matarazzo, o atual secretário da Cultura do Estado. A decisão de concorrer ao Palácio do Planalto, pela segunda vez, já havia sido tomada. Faltava a Serra, no entanto, definir quem seria o candidato dos tucanos a sua própria sucessão no Palácio dos Bandeirantes.



Alckmin, na semana passada. Ele recebeu ofertas para sair do PSDB. Resolveu ficar e tornou-se peça-chave para o partido



Após algumas rodadas de discussão, o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, deu uma bronca: “Não há mais tempo para indecisão. Como vamos resolver nossos problemas em outros Estados se não resolvemos nem em São Paulo, onde temos um nome na liderança absoluta das pesquisas e com reais chances de vencer?”. Guerra se referia ao ex-governador Geraldo Alckmin, que lidera – ainda hoje – com folga todas as pesquisas de intenção de voto para governador de São Paulo.



Há três meses, Serra também aparecia nas pesquisas para a eleição presidencial bem à frente da candidata do PT, Dilma Rousseff. Os tucanos e seus aliados trabalhavam com a possibilidade de Serra abrir em São Paulo, com ou sem a candidatura de Alckmin, uma vantagem sobre Dilma de até 4 milhões de votos (em um colégio de quase 30 milhões de eleitores). Esse otimismo era uma das razões que levavam o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e o então vice-governador, Alberto Goldman (PSDB), a trabalhar pela escolha de Aloysio Nunes Ferreira, o ex-secretário da Casa Civil paulista, como o candidato dos tucanos ao governo de São Paulo.



Na reunião na casa de Matarazzo, Kassab e Goldman argumentaram que a escolha de Alckmin poderia significar uma “ruptura” em relação à gestão de Serra no Estado. Disseram ainda que Serra seria capaz de eleger qualquer nome como sucessor, pois iria deixar o governo com índice de aprovação superior a 50%. Por trás da argumentação, pairava a mágoa em relação às eleições municipais de 2008, quando Alckmin se lançou candidato à prefeitura de São Paulo e enfrentou Kassab nas urnas, contra a vontade do grupo de Serra.







Saiba mais



Os ressentimentos não foram suficientes para derrubar a lógica das pesquisas – Aloysio exibia anêmicos 2% nos levantamentos. Depois do estrilo de Sérgio Guerra, Serra aproveitou o encontro e bateu o martelo: Alckmin seria o candidato. Na semana passada, com a divulgação da pesquisa CNI/Ibope, em que Dilma apareceu pela primeira vez à frente de Serra na corrida presidencial, a decisão se mostrou acertada. Na Região Sudeste, também pela primeira vez, Dilma está em situação de empate técnico com Serra – 36% a 35%, respectivamente. Nesse cenário, uma vitória do PSDB por uma larga margem de votos em São Paulo e o engajamento de Alckmin na campanha presidencial passaram a ser considerados cruciais para manter as esperanças de vitória de Serra e conter o avanço de Dilma.



“A participação do Geraldo será fundamental no embate contra Dilma e Lula. Ele tem um compromisso com o Serra”, diz o deputado estadual Sidney Beraldo (PSDB), escalado por Serra para ser a ligação entre as campanhas presidencial e estadual em São Paulo. Com Alckmin na linha de frente, Serra poderá ter mais liberdade e tempo para se concentrar nas regiões Norte e Nordeste, onde a força do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é grande.



O “compromisso” a que Beraldo se refere começou a ser construído logo após a vitória de Kassab sobre Marta Suplicy (PT) e Alckmin na eleição para a prefeitura de São Paulo em 2008. A ala serrista do PSDB, totalmente alinhada com Kassab, tentava s aproveitar o momento para desterrar Alckmin para o segundo escalão da política paulista. Na ocasião, o grupo serrista definira que seus nomes para a sucessão de Serra eram Aloysio, Goldman e, em última opção, até Kassab. Isolado no PSDB, Alckmin foi sondado pelo PSB sobre uma troca de partido – que lhe garantiria uma candidatura ao governo paulista.







Aliados de Serra, como o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, não queriam a candidatura de Alckmin



Na antevéspera do Natal de 2008, no entanto, Serra convidou Alckmin para integrar seu governo como secretário. No final de janeiro de 2009, ambos estavam juntos no Palácio dos Bandeirantes no anúncio de Alckmin como secretário do Desenvolvimento de São Paulo. Nas negociações para a ida de Alckmin para o governo, Serra não colocou na mesa a possibilidade de Alckmin ser o candidato a sua sucessão. Mas quem o conhece entendeu que essa porta estava aberta. “A decisão mais importante do Geraldo foi ter tido a humildade de aceitar o convite do Serra e ter permanecido no partido e no governo”, diz o deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP), um dos principais aliados de Alckmin. Assim como seu colega de bancada, o deputado federal Edson Aparecido (PSDB-SP), Torres foi um dos que aconselharam o ex-governador a dizer sim ao convite de Serra.



Na Secretaria de Desenvolvimento, Alckmin comandou a expansão da rede de unidades do ensino técnico, uma das vitrines da gestão tucana em São Paulo, e se reaproximou de Serra. Como secretário, Alckmin desenvolveu também 13 meses de trabalho silencioso e intenso para a reconstrução de sua carreira política. Quando as primeiras pesquisas para a sucessão paulista começaram a ser divulgadas, a liderança folgada de Alckmin causou um impacto positivo no PSDB. Mas ele sabia que apenas a vantagem nas pesquisas não seria suficiente para garantir a candidatura ao governo paulista. Alckmin procurou aliados fora do partido, como o ex-governador Orestes Quércia (PMDB) e o ex-deputado federal Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB. “Eu ajudei a costurar a aliança nacional do PSDB com o PTB. O Serra terá o PTB na coligação, coisa que eu não terei”, diz Alckmin.



O desafio que agora se impõe deverá exigir mais do que isso e será de natureza diferente. Saem as costuras internas, entram os palanques e discursos. “Vamos correr o Estado para vencer o PT em todas as esferas”, diz o aliado Edson Aparecido. Aloizio Mercadante, o candidato de Dilma e do PT ao governo paulista, promete uma campanha dura contra as gestões em São Paulo dos tucanos, que se revezam no comando do Palácio dos Bandeirantes há quase 16 anos e quatro mandatos – dois deles com Alckmin à frente do governo. Eleito vice-governador em 1994, Alckmin assumiu o governo com a morte de Mário Covas, em 2001, e se reelegeu em 2002. Se vencer novamente, esticará a hegemonia política dos tucanos no Estado.



Na disputa paulista, Mercadante tentará atuar como trampolim de Dilma. Pela lógica da política, não convém aos líderes das pesquisas nos Estados se atracarem com os adversários em debates intermináveis sobre questões relativas ao âmbito nacional. Mas, por conta de seu “compromisso” com Serra e por se dizer um “especialista” em derrotar o PT em São Paulo – ganhou, no Estado, de José Genoino em 2002 e de Lula em 2006 (nos dois turnos da eleição presidencial que disputou) –, Alckmin afirma que não fugirá, a seu modo, de uma convocação. “Sempre fui um soldado do partido”, gosta de dizer.



Adepto da acupuntura e agora do método de ginástica Pilates, praticada semanalmente às 6h30, Alckmin, no entanto, não pretende mudar o estilo avesso aos ataques diretos que lhe rendeu no passado o apelido de Picolé de Chuchu: “Falar mal dos outros não leva a nada. O importante são as propostas”. Se a receita der certo, estará completa a sua volta por cima.





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