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Artigos-->Brasil bateu mais um recorde tributário -- 08/06/2010 - 11:52 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Revista Época



Pela transparência nos impostos



O Brasil bateu mais um recorde tributário. Isso mostra como é urgente revelar quanto pagamos ao Fisco em cada compra que fazemos



JOSÉ FUCS



Na lista dos países com a maior carga tributária do planeta, o Brasil é um eterno campeão. Em nenhum outro país emergente – uma categoria na qual se incluem China, Índia, México e Argentina – paga-se tanto imposto quanto aqui. Só em 2009 o total de impostos pagos no país alcançou R$ 1,1 trilhão, o equivalente a 35% do Produto Interno Bruto (PIB). Agora, em 2010, se as previsões se confirmarem, o Brasil deverá se superar mais uma vez e quebrar novamente o próprio recorde.



Na manhã do dia 2, o Impostômetro, uma ferramenta desenvolvida pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) que calcula em tempo real quanto os brasileiros pagam de impostos a cada ano, ultrapassou a marca dos R$ 500 bilhões. Neste ano, isso ocorreu 22 dias antes que em 2009. A previsão é que, até o fim de dezembro, o total de impostos chegue a R$ 1,24 trilhão, 13% a mais que no ano passado e quase o dobro do crescimento do PIB em 2010, estimado em cerca de 7%. “Esperamos que essa marca sirva para sensibilizar a população de que ela paga muito imposto”, afirma o vice-presidente da entidade, Guilherme Afif Domingos, ex-secretário do Trabalho do Estado de São Paulo.



Embora preocupe os empresários, afete a competitividade nacional e encareça os produtos para o consumidor, o peso excessivo dos impostos no país não parece incomodar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na semana passada, durante uma reunião da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), em Brasília, Lula voltou a defender com ênfase a alta carga tributária do país. “Tem gente que diz: ‘No meu país a carga tributária é de 9%, 10% (do PIB)’”, afirmou Lula. “Quem tem carga tributária de 10% não tem Estado. Os países que têm uma carga baixa não têm condições de fazer absolutamente nada de política social. Está cheio de exemplos aí para a gente ver: os Estados que têm as melhores políticas sociais têm a carga tributária mais elevada: os Estados Unidos, a Alemanha, a França, a Suécia e a Dinamarca.”



Não é bem assim. Nos Estados Unidos, ao contrário do que diz Lula, a carga tributária é de 28,3% do PIB, bem inferior à nossa. No Japão, omitido por Lula em seu discurso, a carga tributária também é muito menor que a brasileira. Há, ainda, outro grupo, composto de Inglaterra e Alemanha, que tem uma carga tributária semelhante à brasileira. Todos esses países conseguem garantir serviços públicos a seus cidadãos, como educação e saúde, com a mesma qualidade que países com cargas tributárias estratosféricas, como Dinamarca, Suécia e França.



"Quem tem carga tributária de 10% não tem Estado, não tem



condições de fazer absolutamente nada de política social"



LULA, durante a reunião da Cepal, em Brasília, na semana passada



Aqui, além de pagar caro para receber serviços sofríveis, o brasileiro ainda tem de gastar do próprio bolso para garantir uma escola particular de melhor qualidade para os filhos e um seguro-saúde razoável para ele mesmo e para a família. “É equivocada e descabida a manifestação do presidente Lula de que, para haver um Estado forte, o país precisa ter uma carga tributária elevada”, diz o diretor executivo da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), Antônio Carlos Borges.



Ao contrário do que diz Lula, a alta carga tributária tem pouco a ver com os programas sociais do governo. O Bolsa Família, o cartão de visita do governo Lula, consumirá, em 2010, cerca de R$ 13 bilhões, o equivalente a apenas 0,2% de tudo o que o governo federal deverá arrecadar no período. Apenas o pagamento dos juros da dívida pública consumiu R$ 169 bilhões em 2009, 13 vezes mais que o Bolsa Família. Neste ano, só o déficit da Previdência Social dos funcionários públicos – os que recebem as maiores aposentadorias oficiais – deverá chegar a R$ 32,4 bilhões, 2,5 vezes mais que o Bolsa Família. Isso faz parte do que Lula chama de “políticas sociais”.



O próprio deputado petista Antônio Palocci, ex-ministro da Fazenda, fez um alerta público na semana passada a respeito do crescimento excessivo dos gastos públicos. “Quando o governo entende que não pode fazer tudo e deixa de fazer algumas coisas em nome do equilíbrio de suas contas, transmite efeitos positivos ao conjunto da economia, sustentando a estabilidade e o crescimento, permitindo que, ao longo do tempo, a própria sociedade amplie suas escolhas e suas realizações”, afirmou Palocci, em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo.



Um passo importante para aumentar a consciência da população em relação aos impostos e cobrar mais dos governantes pelo que recebe em troca é discriminar na nota fiscal o valor que vai para o Fisco em cada compra, como acontece em outros países, como os Estados Unidos. Aqui, muita gente ainda pensa, principalmente nas camadas de menor instrução, que os altos preços são produto da ganância dos empresários. Se houvesse algo semelhante no Brasil, o consumidor saberia que paga impostos até sobre os itens básicos da alimentação. No arroz e no feijão, são 15,3%; na carne bovina, 17,5%; no café, 20%; e na manteiga, 36%.



A discriminação do valor pago em impostos pelo consumidor está prevista no Artigo 150 da Constituição. Até hoje, 22 anos depois da aprovação da Nova Carta em 1988, esse dispositivo não foi regulamentado. Um projeto de lei com esse objetivo, referendado por um abaixo-assinado com 1,5 milhão de assinaturas, foi entregue ao Congresso Nacional pela ACSP em 2006. Aprovado pelo Senado, está pronto para ser votado pela Câmara. Ele empacou, por falta de acordo entre as lideranças dos partidos. O governo trabalha contra sua aprovação por temer que a divulgação do valor pago em impostos acabe se voltando contra ele e a máquina arrecadatória da Receita. “O cidadão tem o direito de saber quanto paga de impostos”, afirma Afif.



De olho nas eleições, o presidente da Câmara, Michel Temer, candidato à Vice-Presidência na chapa governista da ministra Dilma Rousseff, afirma estar disposto a levar o projeto para votação pelo plenário, se as lideranças partidárias aceitarem. “É um meio de transparência”, diz Temer. A questão é saber até que ponto a afirmação de Temer é para valer ou mera retórica. Com a campanha presidencial nas ruas, a transparência e o programa dos candidatos para reduzir impostos deveriam ser um ponto essencial na hora de o cidadão decidir seu voto.







Vale a pena Obama ser “durão” na política externa?



Fareed Zakaria







Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras. Mas a imagem recente do primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, abraçando Mahmoud Ahmadinejad, do Irã, gerou milhares de comentários. Raramente uma fotografia irritou tanta gente. O alvo da maior parte das críticas, no entanto, foi um homem que nem sequer estava na foto. “O crédito por essa catástrofe é todo do governo Obama”, escreveu o The Wall Street Journal.



O colunista conservador Charles Krauthammer, do The Washington Post, foi menos contido. Para ele, “aquela foto – um desafiador e triunfante ‘toma esta, Tio Sam’ – é um veredicto acachapante sobre a política externa de Obama”. Diz Krauthammer: “Ela demonstra como potências em ascensão, aliadas tradicionais dos Estados Unidos, decidiram que não há nada a perder ao se alinhar a inimigos dos americanos e nada a ganhar ao se unir a um presidente dado a desculpas e apaziguamento”.



Essa é agora a linha de ataque estabelecida contra a política externa de Barack Obama. Ele é muito mole, e outros países estão se aproveitando dele. Primeiro, foram os russos, os chineses e os iranianos. Depois, brasileiros e turcos.



Isso reflete em parte um padrão familiar de crítica contra o presidente americano. Coisas ruins acontecem no mundo, e os americanos se viram para a Casa Branca: “Como você pôde deixar isso acontecer?”. Os críticos estão bravos, por exemplo, porque Obama não fez a Revolução Verde triunfar no Irã. Mas o regime tem uma repressão eficiente porque possui recursos, usando armas e dinheiro para se manter no poder. Também tem um apoio significativo entre os pobres, os velhos e os que estão nas áreas rurais. Não é um regime como o da Coreia do Norte, que sobrevive apenas por sua brutalidade. Os 118 países que compõem o bloco não alinhado aprovam rotineiramente soluções que apoiam Teerã na batalha sobre o programa nuclear. Um discurso mais belicoso de Obama não faria o regime ruir.







Não será sob ameaças dos EUA que o Brasil e a Turquia vão cooperar na questão nuclear do Irã



Os conservadores acreditam que Obama deva ser mais durão e mostrar a esses outros países que os EUA não estão brincando. Há só um problema: essa política já foi muito testada e falhou completamente. O governo de George W. Bush definiu sua política externa como agressiva. “É melhor ser temido do que amado”, costumava dizer Dick Cheney, o vice de Bush, citando Nicolau Maquiavel (1469-1527). O ex-secretário de Defesa Donald Rumsfeld escolheu uma fonte menos “cabeça”. Cita frequentemente uma frase atribuída ao gângster Al Capone (1899-1947): “Você vai mais longe com uma palavra amável e uma arma do que só com uma palavra amável”.



Nós esquecemos os resultados dessa política externa viril? Os aliados mais antigos dos EUA na Europa se viraram contra os americanos. A Turquia é um bom exemplo aos Estados Unidos de como não lidar com um aliado. O governo Bush tratou o país com uma mistura de mão pesada e arrogância, fazendo ameaças caso os turcos não permitissem que soldados americanos atacassem o Iraque a partir da Turquia. Aparentemente ignorando o fato de que esse país se tornara uma democracia próspera e que 95% da população se opunha à guerra contra o Iraque, Bush foi surpreendido quando o parlamento turco votou “não”.



Há uma tendência que os críticos de Obama não perceberam ainda. Países como a Turquia e o Brasil (e a China e a Índia) têm crescido economicamente nos últimos 20 anos. Em 1995, os países emergentes somavam um terço da economia global. Neste ano, responderão pela metade. São politicamente estáveis e cada vez mais decididos a desempenhar um papel maior no palco mundial. Sob essas circunstâncias, a ideia de que Obama só precisa usar mais o peso dos EUA é tola e perigosa. O Brasil e a Turquia não se tornarão mais cooperativos se Washington os ameaçar mais. A tarefa dos EUA é achar meios de fazer parcerias e convencê-los de que há um interesse comum por um mundo mais estável. E Al Capone não é exatamente um modelo de como fazer isso.





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