Após acordo, governo envia presos para cadeias perto de suas famílias
HAVANA. Alguns dos 200 presos políticos cubanos começaram a ser transferidos ontem para cadeias mais próximas às suas casas, num sinal de que o acordo negociado entre o governo e a Igreja Católica para melhorar as condições dos dissidentes na ilha está em funcionamento.
Segundo o porta-voz da Comissão de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), Elizardo Sanchez, agentes penitenciários entraram em contato com parentes de Felix Navarro para informar que ele seria levado do presídio de segurança máxima Canalera, em Ciego de Avila, a uma prisão em Matanzas. Outro prisioneiro, Diosdado Gonzalez também estava sendo transferido para Matanzas.
De acordo com o porta-voz, o cubano Antonio Díaz Sánchez também teria recebido autorização das autoridades parar ser transferido a Havana. Já Guillermo Fariñas, que permanece em greve de fome e sede desde o dia 25 de fevereiro exigindo a libertação dos presos, acrescentou mais um nome à lista, garantindo que Adolfo Fernández fosse levado para a capital.
As transferências acontecem dez dias após dirigentes da Igreja anunciarem um acordo que visa mudar os chamados "presos de consciência" para cadeias perto de suas casas, permitindo também acesso a tratamento médico para os que estão doentes. No último dia 20, Dionísio García, presidente da Conferência de Bispos Católicos de Cuba, reuniu-se com o presidente, Raúl Castro, e com o cardeal Jaime Ortega, líder da Igreja Católica na ilha, para intervir numa solução para os presos políticos.
Sete anos de protestos pela libertação de presos
A crise acerca dos dissidentes se agravou no dia 23 de fevereiro, quando o opositor Orlando Zapata morreu após um greve de fome de mais de dois meses. No mesmo dia de seu falecimento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitava Cuba e não atendeu ao pedido dos presos de mediar um acordo com Raúl Castro.
Familiares e ativistas protestam há anos pela transferência e libertação dos presos. Em outro episódio que chamou a atenção mundial, as Damas de Branco - grupo de esposas e mães de dissidentes - foram agredidas, em março, pela polícia cubana quando protestavam pelo sétimo aniversário da Primavera Negra - data em que seus maridos e filhos foram presos numa grande onda repressiva na ilha.
