ENORMES CONJUNTOS HABITACIONAIS POPULARES NUNCA DERAM CERTO!
1. Desde os conjuntos habitacionais populares `getulianos`, aos que vieram depois com a mesma inspiração, nenhum deles nunca deu certo. Imagine agora um conjunto num `quadrado` de 350 metros de lado, com 170 prédios. Os problemas vão desde a complexidade de administrar grandes conjuntos habitacionais de moradores pobres, pela dificuldade de estabelecer um sistema de condomínio, a um efeito de desintegração urbana pela aglomeração, até a obstrução a convivência de pessoas de níveis sociais diferentes, o que seria aconselhável.
2. Aí estão os grandes conjuntos getulianos do ministério do trabalho e previdência, depois copiados inclusive pela Igreja, até a experiência dos anos 60 da Cidade de Deus e Vilas Kennedy e Aliança.
3. O ideal é a ocupação de vazios urbanos em pequenos conjuntos de poucos prédios, de 2 ou 3 andares para evitar elevador e com o sistema de condomínio, mais simples de ser implantado. O PAR, da CEF, tem feito isso com grande sucesso. Consegue-se elevar a qualidade de vida sem aglomeração e se usar equipamentos escolares, esportivos e culturais externos ao conjunto, estimulando a convivência de crianças e jovens de corte social distinto. A própria previsão de uma UPP parte da antecipação de uma situação que exigiria a presença ostensiva da polícia dentro desse enorme conjunto habitacional.
4. Com o valor informado de 200 milhões para 3.400 apartamentos, seriam, incluindo a infraestrutura de apoio, 59 mil reais por apartamento. Uma solução nova seria um sistema adaptado de carta de crédito (com custo da transferência e escritura), que exigiria um controle estrito, quanto ao valor e legalidade do imóvel, a escritura passada à mulher e uma equipe permanente para controle e autorização. Levando em conta o número de imóveis desocupados no Rio, a escolha pelo beneficiado do imóvel onde vai morar e sua localização, se poderia chegar a um resultado muito melhor e em curto prazo. Assim se evitaria a aglomeração, a desintegração do conjunto, se daria produtividade a infraestrutura urbana e social existente e se movimentaria o mercado imobiliário popular.
5. (Globo, 20) O prefeito do Rio, Eduardo Paes, apresentou nesta terça-feira o projeto de bairro planejado "Bairro Carioca", em Triagem, para abrigar 3.400 famílias desabrigadas pelas chuvas. No terreno de 124.771 metros quadrados, serão erguidos 170 prédios de cinco pavimentos cada. O novo bairro terá um investimento de R$ 200 milhões. Lá também funcionarão três escolas, duas creches e uma UPP. O empreendimento deve beneficiar 13 mil pessoas e será erguido no número 320 da Rua Bérgamo, próximo ao Viaduto Ana Néri.
"DIÁRIO DA NOITE" DE 25 DE MAIO DE 1942: FOGUEIRA DE QUASE 1 KM!
1. Este Ex-Blog resumiu a coluna de Cesar Maia (17), tratando da questão da remoção de favelas que citou num parágrafo: "Em 1942, realizou-se a primeira demolição com forte simbolismo, transformando em fogueira a favela do largo da Memória, no Leblon."
2. Este Ex-Blog recebeu vários e-mails pedindo que detalhasse mais. O prefeito Henrique Dodsworth (11 de novembro de 1937 a 3 de novembro de 1945), o segundo de período mais longo na cidade do Rio de Janeiro (falecido em 1975), desenvolveu a ideia dos Parques Proletários, projetados como condomínios onde seriam reassentados moradores de favelas, com serviços internos sociais, assistenciais, educacionais e administração da prefeitura.
3. A ideia era que esse reassentamento se desse próximo à favela onde moravam. A experiência se deu em três casos: Parques Proletário da Gávea, da Penha e do Caju. A primeira favela demolida e queimada simbolicamente era chamada de Favela do Largo da Memória e ocupava a base do pequeno morro no atual Largo da Memória na Bartolomeu Mitre, no Leblon, até toda a área onde está hoje o Batalhão da Polícia Militar.
4. O Parque Proletário da Gávea, para onde foram os moradores, ficava entre os atuais pilotis da PUC e o Planetário, na Marques de São Vicente. Recebeu também moradores de pequenas favelas da Marques de São Vicente, como favela 147, etc., e a favela Cidade Maravilhosa, onde está hoje o CR do Flamengo, uma cabeça da Favela da Praia do Pinto, removida depois pelo governador Negrão de Lima.
5. O projeto, com o correr dos anos, foi se perdendo. O interesse urbano e imobiliário na Marques de São Vicente eliminou o Parque Proletário da Gávea. O da Penha foi se favelizando, como se vê hoje, assim como o do Caju.
6. Anos depois, o ex-prefeito Henrique Dodsworth escrevia que o projeto era adequado, mas que sua sustentação posterior o levou a desintegração e continuou defendendo o modelo que implementou.
7. Todos os jornais cobriram com grandes matérias e fotos a queima da favela do Largo da Memória. Conheça parte da matéria do Diário da Noite de 25 de maio de 1942.
ATENÇÃO MORADORES DO LEBLON: ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA À VISTA!
1. Nada contra o anúncio da construção do Parque Bossa Nova. Mas a área do quartel da PM é uma Z-7, ou seja, área militar. Para fazer qualquer coisa distinta há que se aprovar por lei, e especificamente para a praça ou parque. Uma mudança de zoneamento por decreto abre caminho para finalizar a venda de uma grande faixa de terreno que vai da Bartolomeu Mitre à Visconde de Albuquerque. Esse "negócio" (reconhecer os herdeiros dos donos dos anos 1920...) foi suspenso em 2007/2008, quando a prefeitura informou da impossibilidade por decreto ou ato executivo.
2. (O Dia, 20) Batalhão do Leblon será demolido. Edital de concorrência para o Parque Bossa Nova, que ficará no lugar do 23º BPM, sai este mês. Durante as obras, que vão durar 18 meses, policiais ficarão em contêineres. A Secretaria Municipal de Urbanismo publicou ontem no Diário Oficial o pedido do estado para demolir a sede do 23º BPM (Leblon), que vai dar lugar ao Parque Bossa Nova. A divulgação é apenas do cumprimento de um trâmite, porque a Prefeitura do Rio já afirmou que vai autorizar as obras para pôr abaixo a unidade militar. A demolição deve ocorrer em breve.