Chávez confia em "Deus bolivariano" para vencer crise de energia
CARACAS (Reuters) - O presidente venezuelano, Hugo Chávez, possui um plano para superar a grave crise de energia que ameaça a economia da Venezuela e pode prejudicar sua popularidade: racionamento, instalação acelerada de plantas térmicas e a ajuda de Deus. "Porque Deus é bolivariano", afirmou.
Em um evento com esportistas, o presidente socialista mostrou na terça-feira à noite sua fé de que as chuvas chegarão e será recuperado o nível das represas, de onde o país petroleiro obtém 70 por cento de sua energia elétrica, apesar dos maus presságios dos seus adversários.
"Os esquálidos (opositores) estão torcendo para que não chova. Mas vai chover mais, compadre, verás, porque Deus é bolivariano ... A natureza está conosco", afirmou.
Chávez utiliza a classificação "bolivariano" como selo político para identificar as obras de sua revolução socialista, inspirada nos ideais de Simón Bolívar, herói da independência latino-americana da dominação espanhola no século 19. Ele chegou a mudar o nome do país para República Bolivariana da Venezuela.
Até agora, o plano do governo foi insuficiente para reduzir a demanda energética, apesar das ameaças de cortes no fornecimento a comércios e indústrias que não reduzirem seu consumo. O racionamento afeta algumas regiões e dura até 14 horas por semana.
"Ofereço minhas desculpas a todas as populações que estão sofrendo o racionamento elétrico. Mas o que venho dizendo desde o início do ano, tinha que fazê-lo, é como quando mandam a gente fazer dieta, (neste caso) uma dieta elétrica", afirmou em uma cerimônia transmitida pela televisão estatal.
Além de afetar a economia venezuelana, que no ano passado caiu em profunda recessão, a crise elétrica está prejudicando a popularidade de Chávez meses antes de eleições legislativas, nas quais seus aliados poderiam perder a ampla maioria que possuem na Assembleia Nacional.
(Por Enrique Andrés Pretel)
***
Governo Chávez corta luz de quem não reduziu consumo
O governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez, suspenderá a partir da próxima segunda-feira, por 24 horas, o fornecimento de energia para 96 empresas e lojas que não reduziram seu consumo elétrico em 20%, como estabelecia um decreto firmado em fevereiro passado.
Apagão na Venezuela prejudica Roraima
Governo da Venezuela nega risco de desabastecimento de alimentos por causa do racionamento de energia
Chávez confia em "Deus bolivariano" para vencer crise de energia na Venezuela
Segundo o vice-presidente venezuelano, Elías Jaua, "96 altos consumidores" sofrerão a medida, por "não responderem favoravelmente à consulta" sobre os motivos da manutenção de seu nível de consumo.
"Se mantiverem o consumo elevado, sofrerão um corte maior", de 48 horas, no próximo mês, e quem persistir terá o fornecimento elétrico suspenso por tempo indefinido, até que "termine a emergência elétrica", possivelmente em maio.
Além das medidas de redução impostas aos "altos consumidores" industriais, o governo determinou uma queda de 10% no consumo doméstico de eletricidade, prevendo multas para os pequenos usuários que não cumprirem com a meta.
A Venezuela, um dos grandes produtores de petróleo do planeta, enfrenta uma severa crise elétrica, atribuída pelo governo à falta de chuvas e ao elevado consumo elétrico, mas segundo vários especialistas, o problema é resultado da falta de investimentos e da incompetência das autoridades