Vou voltara à esquerda
Achava que essa definição havia perdido o sentido com a transformação do mundo, a queda do muro de Berlim, com a migração para um limbo indefinido de toda essa gente, tida antigamente como de esquerda. Restavam Cuba e Coréia do Norte.Cuba ainda era emoção, idealismo, vontade de dar certo; Coréia do Norte?...
Mas, aqui? Os galantes jovens revolucionários se transformaram em deputados, prefeitos, ministros. Na maioria deles há ainda aquela percepção de seriedade. Há a honra de terem sido cassados, exilados, alguns torturados.Geralmente são intelectuais, sabendo dar informações, com análises dialéticas, com profundos conhecimentos teóricos. Muitos deles são corretos, respeitáveis, mantendo vivo o idealismo da juventude, amadurecido agora pela prática da realidade e do dia a dia.
Mas os objetivos que almejavam não são mais discutidos.O objetivo da luta operária deixou de ser a revolução, passando a acomodar-se em estar na pequena burguesia, tão execrada antigamente.Para aqueles bem pobres ficou mais fácil institucionalizar o assistencialismo, tão perigoso e combatido, antigamente.
No poder vemos PCdoB aliado a Dornelles, Sarneys, Barbalhos, ao poder econômico, aos donos do capital.
Revolução Socialista? Nem em sonho!Hoje as contradições, tão necessárias e interessantes por fazer ferver o instinto ideológico ficou entre iguais; não existe mais.
Quem se diz de esquerda é apoiado por liberais; quem se diz honesto é apoiado por ladrões; quem se diz revolucionário se acomoda no assistencialismo.
Se, pelo menos, todos se unissem à procura da paz, aqui e no mundo! Mas, não. Não há muita diferença entre Chaves e Bush; entre Zé Dirceu, Golbery e Stalin. Lula? Onde ele estará nesse sonho?
E, pior, é que Fidel está morrendo.
Então dá vontade de começar tudo de novo e eu vou voltar à esquerda.
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