1. Após as diversas eleições na América Latina, quando se esperava uma intensificação das tendências à esquerda -e chavistas- em função da crise internacional, a resultante foi muito diferente do esperado pelos bolivarianos. Venezuela, Equador e Bolívia, é verdade, ficaram onde estavam. A vitória da FMLN, em El Salvador, frustrou Chávez, pois Fulnes, o presidente eleito como independente apoiado pela FMLN, assumiu a diplomacia presidencial e não se acercou a Chávez, que por isso sequer foi a sua posse.
2. O caso de Honduras, depois de muita espuma, foi uma derrota contundente para Chávez, que com o lastro internacional, esperava reintegrar seu parceiro Zelaya. Brasil se incumbiu da tarefa suja. Mas o resultado foi a exclusão de Zelaya numa prisão domiciliar na embaixada do Brasil, eleições com participação ampliada e vitória do partido nacional, o mais à direita, em todos os níveis.
3. As eleições parlamentares intermediárias na Argentina derrotaram os Kirchner tanto na câmara como no senado, onde perdeu a maioria que detinha. No Uruguai houve continuidade de um governo que, entrando pela esquerda, se mostrou a grande surpresa do continente, com um posicionamento de centro, moderado em todas as instâncias. A expectativa de Lugo "chavizar" o Paraguai se esvaiu, seja pela tática correta adotada pela oposição de se concentrar em nível parlamentar, seja pela desmoralização pessoal do Bispo com seus filhos declarados e reconhecidos.
4. Finalmente, a grande surpresa veio do Chile com a vitória de Piñera -do partido renovação nacional, de centro-direita- com ampla vantagem no primeiro turno, apontando para uma vitória no próximo mês de janeiro.
5. Portanto, o vetor político resultante de 2009 em relação a 2008 mostra uma inflexão política na América Latina, descolando-se do risco chavista, reforçando a tendência democrática e que tende a ser reforçado em 2010.