O Vaticano divulgou que a aproximação do Papa Pio XII da santificação não é um ato hostil contra os judeus, mesmo que o pontífice ter sido criticado por não ter protestar forte o suficiente contra o Holocausto. O Vaticano emitiu uma declaração para que o movimento não devesse ser um obstáculo para o diálogo entre os judeus e a Igreja católica, e insistindo que o Papa Bento XVI tem sentimentos de "grande amizade e respeito" para com os judeus.
Rabino-chefe Ashkenazi de Israel com o Papa
A declaração procura abrandar a afronta que atingiu muitos grupos judaicos depois que Bento assinou um decreto sobre as virtudes de Pio. O decreto significa que Pio pode ser beatificado – e é o primeiro passo importante em direção a sua santificação – e uma vez que um milagre atribuído a sua intercessão for reconhecido. O Vaticano reafirmou que Pio tinha "atenção e preocupação" com o destino dos judeus, dizendo que isto era bem estabelecido e reconhecido mesmo por muitos judeus. Também disseram que o processo para a beatificação não tinha a intenção nem a pretensão de limitar a discussão histórica em relação ao pontífice, pois o decreto trata da fé e das virtudes cristãs de Pio.
O papa assinou o decreto em conjunto com um decreto semelhante reconhecendo as virtudes do seu predecessor imediato, João Paulo II. Isto leva a acreditar que os dois casos terão andamento juntos - o que causou ainda um maior clamor, pois João Paulo era admirado por muitos judeus. A declaração menciona não haver nenhuma razão para se acreditar que qualquer possível beatificação aconteceria ao mesmo tempo.
Alguns judeus e historiadores discutem se Pio deveria ter feito mais para prevenir a morte de 6 milhões de judeus nas mãos dos nazistas e seus colaboradores durante Segunda Guerra Mundial. O Vaticano insiste que Pio utilizou a diplomacia silenciosa na tentativa de salvar judeus e que palavras mais fortes poderiam ter resultado em mais mortes.
O futuro Papa Pio XII com Adolph Hitler nos anos 30.
Pio, um diplomata do Vaticano na Alemanha e o Secretário de Relações Exteriores do Vaticano antes de se eleger Papa, denunciou, porém em termos gerais o extermínio de pessoas com base na raça e abriu a Cidade do Vaticano para refugiados, inclusive judeus, depois que Hitler ocupou Roma em 1943. Porém não proferiu protestos nem acusações públicas sobre as deportações de judeus, e alguns historiadores afirmam que ele prezava mais as relações bilaterais com a Alemanha nazista, e lá os direitos da Igreja católica aí, do que salvar as vidas de judeus.
Obs.: Leia Lenda Negra contra Pio XII em http://www.webartigos.com/articles/10047/1/lenda-negra-contra-pio-xii/pagina1.html (F. Maier).