Artigo de Mário Barbosa Villas Boas, em 12/12/2009.
O ser humano parece gostar de pensar que vive na iminência de uma catástrofe. Pior: uma catástrofe que acontecerá em conseqüência de atos do próprio homem. Este gosto masoquista pela auto-imolação vem sendo explorado ao longo da história da humanidade por grupos que tendem a coagir de certos grupos humanos atos que não têm a menor sustentação. Não havendo argumentos lógicos para se extorquir os atos que os poderosos desejam, apelam para a auto-imolação que surpreendentemente tem gerado resultados positivos em vários momentos. Vejamos alguns exemplos recentes.
Nos anos 70 a catástrofe da vez era a guerra nuclear total entre EUA e URSS e conseqüente holocausto atômico capaz de destruir não apenas a humanidade, mas toda a vida no planeta. Na ocasião se dizia que cada um dos lados individualmente tinha um arsenal atômico capaz de destruir 50 vezes o planeta. Isso não parecia absurdo na ocasião. Mas para ilustrar o tamanho do absurdo dessa afirmativa, veja-se o seguinte diálogo fictício ocorrido durante a fictícia guerra entre as duas superpotências, que jamais ocorreu e jamais ocorrerá. O diálogo é entre o mandatário principal de uma das superpotências e seu ministro da guerra, ocorrido no decorrer de uma guerra nuclear total entre as duas.
Ministro – Sr. Presidente. Nosso ataque nuclear foi um sucesso! Conseguimos destruir o planeta inteiro, conforme o planejado.
Presidente – Excelente, Sr. Ministro. Vamos agora lançar outro ataque nuclear desta proporção.
Ministro – Mas Sr. Presidente, esta foi a 27ª vez que destruímos o planeta.
Presidente – Não importa. O inimigo já destruiu o planeta 29 vezes. Temos que mostrar nossa superioridade. Lance um novo ataque!
É inimaginável que esse absurdo tenha passado despercebido por tanto tempo. Provavelmente, o arsenal conjunto das duas superpotências jamais foi suficiente para destruir a humanidade – muito menos o planeta – uma única vez. No entanto o absurdo foi repetido insistentemente e inúmeras campanhas de mobilização fora feitas evocando este suposto fato, que hoje parece esquecido, embora os arsenais nucleares não tenham jamais diminuído.
No final dos anos 80 e início dos 90, com a queda da URSS e o fim da possibilidade da guerra acima descrita surgiu um novo vilão: o adelgamento da camada de ozônio. Essa camada, cuja existência e função fora descoberta poucas dezenas de anos antes, parecia estar-se tornando mais delgada e esse adelgamento seria fruto da atividade humana – notadamente a popularização do uso dos CFC`s. Houve intensa campanha para o fim do uso deste produto. Pouca gente se deu conta de que o principal uso deste produto era o chamado "gás de geladeira" um produto usado em refrigeradores e aparelhos condicionadores de ar para gerar uma temperatura baixa. Coincidentemente, o uso do chamado "gás freon" – um CFC – para este fim estava patenteado e a patente expirou justamente por ocasião da campanha. As detentoras da patente já haviam encaminhado pedidos de patente para outra tecnologia, só que mais cara. A única forma de coagir a população a usar a nova tecnologia – já patenteada – mais cara do que a anterior era explorar o sentimento de culpa. O golpe parece ter funcionado. Hoje, cerca de 25 anos depois, pouca gente se lembra desse grande vilão que, segundo a campanha da época, poderia exterminar toda a vida na Terra (parece familiar?). Provavelmente porque temos um novo vilão.
A bola da vez é o aquecimento global. Em nome deste fenômeno – capaz de gerar grandes catástrofes, afirmam os "cientistas" – se mobilizam massas de pessoas pelo planeta inteiro. Conferências internacionais são convocadas em várias partes do mundo com o intuito de – imaginem – criar freios ao crescimento da economia mundial. Mas só entre as nações pobres, por que as ricas se negam a fazê-lo. Vejamos alguns fatos sobre o aquecimento global que são cuidadosamente omitidos:
1) O início.
É interessante notar que quando se fala de aquecimento global, raramente alguém menciona a ocasião em que este fenômeno se iniciou. Quando teria sido o início deste fenômeno tão catastrófico? Na virada do século XXI? No século XX? No início da revolução industrial, final do século XVIII? Pergunte a qualquer cientista e se surpreenderá com a resposta: O aquecimento global iniciou-se há cerca de 100.000 anos, quando a humanidade mal ocupava uma pequena fração da África, sul da Ásia e Europa. Nesta ocasião, o planeta vivia a conhecida "era do gelo", período em que a maior parte da Europa estava coberta com uma camada permanente de gelo, tal como ocorre hoje no norte do Canadá, norte da Sibéria e da Noruega. Esses glaciares permanentes, hoje restritos a essas áreas relativamente pequenas, há 100.000 anos se estendiam até o sul do que hoje é a França, norte da atual Itália e ocupava praticamente a totalidade de alguns países da Europa de Leste, tal como Polônia, Bulgária, etc... A pergunta que não quer calar é: Porque a idade do gelo terminou e as geleiras, que na ocasião se estendiam por esta região tão vasta, recuaram até sua posição atual? Resposta: porque a Terra entrou num processo de aquecimento global. Quando? Há 100.000 anos, no auge da era do gelo. Não foi por outro motivo que ela terminou.
2) Outras ocorrências
Será esse processo de aquecimento global algo tão raro e inusitado a ponto de podermos culpar a humanidade por ele? Estudos geológicos mostram que não. Nos últimos 600.000 anos o planeta passou por 6 períodos de glaciação e 6 períodos de degelo, em ciclos regulares de aproximadamente 100.000 anos de duração. Será que devemos ficar surpresos de estar vivendo um ciclo de degelo que se iniciou há 100.000 anos e é em tudo equivalente a outros 5 ciclos de degelo já perfeitamente identificados e estudados por geólogos do mundo inteiro?
3) Gases do efeito estufa
Os cientistas culpam os gases do chamado "efeito estufa" pelo aquecimento global. Entre eles, o principal seria o gás carbônico, gerado principalmente pela queima de combustíveis fósseis. Esta informação é apresentada de forma maliciosamente distorcida.
Fora dos meios acadêmicos pouca gente comenta, mas o principal gás do efeito estufa é o vapor d`água. Seu efeito para absorver e reter a radiação infravermelha emitida pelo solo – efeito estufa – é muito mais pronunciado do que o efeito – de fato existente – do gás carbônico neste mesmo sentido. Será que podemos – ou devemos – controlar a emissão de vapor d`água para a atmosfera?
4) Fonte dos gases do efeito estufa
Os cientistas gostam de culpar a queima do petróleo pelo aumento da quantidade de gás carbônico na atmosfera e esta quantidade pelo aumento da temperatura. Embora estudos consistentes parecem apontar uma relação entre a quantidade de carbono na atmosfera e a temperatura média do planeta, não existe uma prova definitiva se é a quantidade de carbono na atmosfera que causa o aquecimento ou se é o aquecimento que provoca o aumento na quantidade de carbono.
O dióxido de carbono é gerado em várias formas e por diversos processos em todo o planeta. Embora o consumo de combustíveis fósseis seja indiscutivelmente uma delas, não há um estudo conclusivo acerca de que fração do carbono presente na atmosfera pode ser atribuído a este processo específico e que fração possa ser atribuída às diversas outras fontes. Mas há uma pista.
Em 1991 a humanidade testemunhou o que pode ter sido a mais violenta erupção vulcânica de toda a história da humanidade, segundo alguns cientistas. O vulcão Pinatubo, nas Filipinas, entrou em erupção provocando uma destruição a seu redor com uma violência que raramente se vê. Uma região num raio de mais de 100 km do local da erupção teve que ser evacuado às pressas e, segundo os cientistas, poeira vulcânica lançada por esta erupção em especial foi dispersa por todos os continentes do planeta. Por ocasião da erupção e nos dias que se seguiram, várias reportagens foram feitas sobre o fenômeno. Uma em especial foi convenientemente esquecida pelos catastrofistas de hoje: aquela erupção, somente em sua fase mais violenta – que durou cerca de um mês – lançou na atmosfera terrestre mais carbono do que toda a humanidade junta desde a revolução industrial. Os 12 meses seguintes a este lançamento tão espetacular de carbono na atmosfera do planeta foram mais frios dos que os 12 meses anteriores a ele.
Não é objetivo deste artigo discutir aspectos técnicos do caso. O objetivo é lançar no leitor as seguintes perguntas:
1. Será verdadeiro tudo o que a grande mídia fala sobre o aquecimento global?
2. Mesmo sendo verdade, porque ela omite fatos importantes como os citados neste artigo – que o aquecimento global começou na idade do gelo e que uma única erupção vulcânica pode lançar na atmosfera mais carbono do que o contido em todo o petróleo que a humanidade já queimou?
3. Será que a atividade humana tem verdadeiramente um impacto sensível no processo de aquecimento global, já que ele é tão antigo?
4. Ainda que exista uma contribuição significativa da atividade humana neste processo, será que efetivamente há algo que possamos fazer agora para detê-lo ou revertê-lo?
Você, leitor, é o juiz desta questão. Peço apenas que não se engaje numa campanha em defesa do planeta sem conhecer todos os aspectos da questão.