Todos os dias um sabiá se posta na antena, no telhado da minha casa e canta. Às vezes ele canta só, um canto triste, com se chamasse sua parceira para acompanhá-lo no trinar da alvorada. Vai acordando as pessoas para apreciar as belezas da vida, a natureza respirando a ar, mesmo poluído, agradecer por mais uma noite, que se finge de quieta, e um dia disfarçado de felicidade. Outras vezes seu cantar é vibrante sua parceira responde da outra antena com uma voz de paixão, com certeza pela companhia do aconchego do ninho sobre a testemunha do luar.
É como se eles estivessem me chamando. Acorda poetisa o dia já rompeu as trevas, respira fundo, se espreguiça longamente para soltar as articulações. Olha a claridade com outro olhar, não o de ontem, mas o de hoje, com toda a intensidade, pois ele passa rápido e amanhã já é outro dia e nunca sabemos dos seus segredos. Faz um poema para mim, para que o dia siga encoberto de paz e os sonhos permaneçam de pé, a esperança não acabe ao dobrar a esquina.